O Carnaval deste ano já mexe nas Caldas. Os reis já foram escolhidos, mas continuam em segredo. As associações já trabalham nos carros e fatos

0
940
O Rancho Folclórico e Etnográfico “Ceifeiras da Fanadia” tem preparado o seu carro na Expoeste
- publicidade -

Um pouco por todo o concelho há centenas de pessoas envolvidas na preparação dos carros alegóricos e fatos para o Carnaval deste ano nas Caldas. Está prevista a realização de três corsos (um noturno) e haverá bailes em diferentes locais

O Carnaval já mexe nas Caldas e na região. Um pouco por todo o concelho há já centenas de pessoas, voluntárias, a trabalhar na preparação do que serão os fatos e os carros alegóricos para os desfiles de Carnaval na Avenida 1º de maio.
Na freguesia de Alvorninha, por exemplo, há cinco coletividades a participar. Nos Chãos preparam-se atualmente as muralhas de um castelo onde António Costa estará a manipular as suas marionetas. Este ano a associação bateu o recorde de inscritos, com 110 pessoas preparadas para desfilarem de “marionetas do governo”.
Já em Vilanova, na Associação Cultural e Recreativa “Os Vilanovenses”, também já se trabalha na preparação do desfile de, no mínimo, 70 pessoas. Mais de uma dezena de voluntários estão atualmente envolvidos na confeção dos fatos e do carro alegórico. O tema é… “Saneamento”, com alguma crítica, mas o objetivo de divertir.
Na Ramalhosa, na Associação Natural Desenvolvimento Área Ramalhosa, conhecida como ANDAR, a azáfama é grande na noite de segunda-feira. No salão da coletividade há duas máquinas de costura, mesas com tecidos em cima, pessoas a trabalhar…
Há quem meça e corte o grande tecido preto e amarelo que será transformado nos “pijamas” da prisão dos irmãos Dalton, da série Lucky Luke, há quem trate de o cozer, quem limpe e quem procure criar melhores condições de trabalho, mas também há quem apenas faça companhia e ajude a criar bom ambiente.
Numa das máquinas de costura encontramos Helena Couto, que desde que a associação participa no Carnaval tem feito parte da equipa que produz os fatos. “O primeiro ano eram as capoeiras e fizemos fatos de galinhas, mas eu ainda me lembro de todos”, refere, enunciando uma lista onde encontramos, por exemplo, as Padeiras de Aljubarrota, as Havaianas, a Arca de Noé ou o Parque das Caldas. “O que mais gostei de fazer foi o da passagem da Rainha pelas Caldas”, conta. “E o mais difícil foi o do Dino, dos Flinstones, mas os dos animais também não foi fácil”, complementa.
A costura não era uma novidade para si. Costureira doméstica que virou costureira industrial, Helena já sabia fazer. Mas há uma curiosidade: é que nem gostava do Carnaval. “Eu não gostava do Carnaval e no primeiro ano até torci o nariz, mas vi que todos gostaram e eu própria também comecei a gostar”, contou.
Apesar de começarem a trabalhar cedo no ano (logo após a passagem de ano), este é um trabalho que fazem de forma voluntária e fora do horário laboral. Encontram-se, à noite, logo a seguir ao jantar, para trabalhar. Mas mesmo assim, “muitas vezes é até à última, por vezes até no próprio dia”, frisa.
Na outra máquina de costura encontramos a presidente da associação, Cristina Morais, que nos conta que a preparação do Carnaval envolve cerca de 15 pessoas, mas para desfilar já vão com 90 inscritos. Para a preparação “somos sempre os mesmos e cada vez menos”, lamenta, notando que se torna “cada vez mais difícil” dar resposta a este desafio. Também ela costureira industrial, conta que este ano sentiram algumas dificuldades de logística, por exemplo, com a falta de tecidos, que obrigou a parar os trabalhos.
“Nós fazemos diferentes tamanhos e pedimos às pessoas, quando se inscrevem para o desfile, que nos indiquem o tamanho que vestem, depois, se for preciso, é levar à máquina e ajustar”, explica.
Mas nem só na associação se prepara a folia. Numa garagem ali próxima encontramos Luís Penas a envernizar a carruagem de transporte de presos da série. Este professor de artes gráficas tem participado há vários anos no Carnaval, sempre nas pinturas dos carros. “A pintura é o meu hobbie, não tenho formação nessa área”, nota. “Construímos sempre o carro de raiz”, explica. Este ano aproveitaram um carro que já tinham feito, a charrete da Rainha, para a qual até foram ao Museu dos Coches buscar inspiração (porque isto do Carnaval é tudo brincadeira, mas aqui leva-se muito a sério!) e adaptaram com dois eixos e rodas de uma antiga carroça e construíram o resto. “Essa charrete deu muito trabalho, porque gostamos de reproduzir, o mais fielmente possível, o tema a retratar”, refere, notando que no caso da Ramalhosa olham para o Carnaval como uma diversão e não tanto como um momento de sátira política. “Não vamos tanto pelas críticas, o Carnaval é mais para brincar e para nos divertirmos”, salienta.
A carruagem de transporte de presos será depois puxada por um trator “escondido” sob dois cavalos, feitos em esferovite e espuma.
Vítor Morais é um dos que trabalha na construção dos carros. “É tudo feito por nós e tudo em madeira, menos as rodas, que são de ferro e que foram compradas”, frisa. Na preparação deste ano não foi necessária uma viagem física, antes uma pesquisa virtual, em imagens e vídeos, para definir o que fazer. “Fazemos as coisas com gosto e divertimo-nos, pelo que nada é difícil”, afirma Vítor Morais, com a sua boa disposição. Ao longo dos anos tem participado quase sempre no Carnaval. “A primeira vez que participei foi a construir as capoeiras das galinhas e fizemos umas bolas de esferovite, que eram os ovos e com as quais as crianças brincavam”, lembra, deixando uma mensagem aos mais novos: “que se juntem e que não desistam disto, porque cada vez há menos pessoas dispostas a ajudar”.
Da freguesia de Alvorninha participam ainda a Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia e a Banda da Sociedade Filarmónica.
No Campo, que tem uma grande tradição de brincar ao Carnaval, este ano a União de Beneficiência junta-se à Associação Cultural e e Recreativa e têm os fatos quase prontos, estando a trabalhar nos carros. No Coto, na ARECO também já se trabalha. Mas um pouco por todo o concelho há pessoas a preparar o Carnaval. No domingo, por exemplo, vimos passar pelas ruas das Caldas uma carrinha já meio decorada, um projeto em andamento do que será um carro alegórico. Era do Rancho Folclórico e Etnográfico “Ceifeiras da Fanadia” e vai apresentar um planeta Terra numa maca a receber cuidados médicos, num alerta para a poluição e as alterações climáticas. Mais de meia centena deverá desfilar vestido de folha de árvore, atrás desse planeta, doente, a receber água e oxigénio.
Este ano o Carnaval das Caldas, que é conhecido por ser trapalhão, mas também vincado pela crítica política e social, terá 20 carros, a que se juntam um grupo de dança, um de bombos, um de gaiteiros e ainda duas bandas filarmónicas.
A folia arranca na manhã do dia 3 de fevereiro, com a apresentação dos reis do Carnaval das Caldas. Trata-se do primeiro grande momento, que se realiza pelas ruas da cidade e termina no topo da Praça da Fruta. Uma das novidades será a identidade dos próprios reis, que já foram escolhidos, numa votação na qual a Gazeta das Caldas fez parte do júri, mas que se mantém, até ao dia 3, em segredo. Prometida está uma interpretação mais moderna das personagens que anualmente são os reis do Carnaval das Caldas. Zé Povinho e Maria da Paciência terão o seu figurino tradicional, mas com umas cores mais modernas e carnavalescas. Na manhã do dia seguinte, domingo, os reis do Carnaval das Caldas vão desfilar ao… Mercado de Santana, em Alvorninha, a partir das 11h00. As festas propriamente ditas começam no sábado, 10 de fevereiro, com um corso noturno na Avenida 1º de maio (com início previsto para as 21h00). Neste dia haverá ainda um baile de Carnaval, no Céu de Vidro do Parque D. Carlos I, tal como tem ocorrido nos últimos anos. Segue-se, no domingo, o corso a partir das 15h00. Para a noite de segunda-feira está previsto novo baile do Casino e na terça-feira de Carnaval há desfile a partir das 15h00.
O Enterro do Entrudo, que encerra as comemorações, ocorre na quarta-feira, dia 14 de fevereiro (este ano coincide com o Dia de São Valentim), com uma rota ligeiramente diferente que termina com a cremação do Entrudo no local da futura sede da associação. Esta última é uma atividade organizada pela Associação Cultural Desportiva e Recreativa do Monte Olivett, que também organiza bailes de Carnaval na zona industrial nos dias 9, 10 e 12 de fevereiro (entradas a 3 euros).
Para o desfile, no Monte Olivett estão a preparar a participação de mais de 60 pessoas, que serão os “Bobos da Corte”.
Também no Nadadouro, como manda a tradição, haverá bailes entre os dias 9 e 12 de fevereiro. Está prevista a realização de concurso de máscaras nos dias 10 e 12, bem como atuação de dj’s, bailarinas e mc’s). Os bailes serão animados pela Banda Linha d’Água e na sexta-feira e domingo (9 e 11 de fevereiro) as entradas são livres. ■
- publicidade -