O mercado medieval fecha as portas no próximo domingo, depois de 13 dias de muita animação, gastronomia variada e comerciantes e artesãos a mostrar o seu labor.
Este fim-de-semana será reforçado o programa de animação com mais três grupos, entre os quais o Sufi (dança tradicional egípcia), que teve grande sucesso em 2009.
A organização do mercado está a investir bastante para que os últimos dias do Mercado atraiam bastante gente, contando com as previsões atmosféricas que dão sol mas não muito calor na região Oeste.
Gazeta das Caldas acompanhou a visita de Beatriz Cunha, de sete anos, uma visitante assídua, e participativa, do evento, que não descura o traje a rigor. “Todos os anos a minha mãe compra-me um vestido de princesa no Carnaval, que depois volto a usar para ir ao Medieval”, conta.
Apaixonada pelos contos de fadas e pelas princesas que o povoam, Beatriz Cunha vive no Mercado Medieval de Óbidos a sua própria história. O vestido comprido de veludo e a coroa na cabeça, com que parte trajada logo de casa – nas Caldas da Rainha -, não deixa ninguém indiferente quando chega à vila. Entre os elogios e os pedidos para tirar uma fotografia, a pequena “princesa” vai desfilando pela rua engalanada e cheia de produtos “mascarados” de outros tempos, em direcção à cerca que abre as portas ao passado.
Visitante assídua desta festa – praticamente desde que nasceu – Beatriz já tem amigos entre os figurantes. Aos dois anos subiu pela primeira vez ao palco e dançou juntamente com uma bailarina de dança do ventre, a Rita, de quem viria a ficar amiga. Todos os anos o encontro é inevitável e não falta uma dança conjunta.
Este ano a Rita não compareceu ao evento e, talvez por isso, foi a edição que a Beatriz menos apreciou. Ao invés de subir ao palco, colocado no auditório da cerca, a menina apenas bateu palmas a acompanhar um grupo de trovadores que entretinha os comensais. A graça dos actores da Associação Pé na Lua, que interpretaram o Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente, arrancaram-lhe fortes risadas.
Atenta às novidades, não deixou de visitar o recinto dos artesãos, muitos deles a trabalhar ao vivo e espreitar o interior de um moinho que este ano está cenografado na encosta da cerca e serve de arrumo ao oleiro que ali executa na roda as suas peças cerâmicas.
A área reservada às brincadeiras foram paragem obrigatória da “princesa”, que, apesar de achar que este ano havia menos actividades, andou de baloiço e experimentou a andar de andas. Mas foi a espada de um amigo dos pais – que ali faz de figurante – que mais a fascinou.
As actividades abriram-lhe o apetite e a escolha recaiu num “vistoso” salame de chocolate. À primeira trinca Beatriz constatou que as bolachas também deviam ser do período medieval tal a secura do bolo, que ficou praticamente intacto.
Para compor o estômago valeu-lhe o repasto medieval. Jantou, como é tradicional, sem talheres, porco no espeto servido numa tábua, acompanhado por uma coca-cola “medieval”.
Antes de regressar aos tempos “modernos”, Beatriz ainda teve tempo para fazer na mão uma tatuagem com henna (tatuagens temporárias e ligadas a tradições milenares na Índia e no mundo árabe), para durante a semana recordar mais este “mergulho na história”.
“Onde está o mendigo Basílio para lhe dar uma moeda”, perguntava aos pais no final da visita, estranhando não ver o figurante que já é uma imagem de marca daquele evento.
No próximo fim-de-semana a aventura repete-se e já com destino marcado. Contudo é anunciado um reforço da animação, com a vinda de mais grupos e especialmente de um de dança tradicional egípcia (dança Sufi em que rodam incessantemente envergando saias tradicionais).
Indiferente aos torneios e às ceias medievais, que parecem cativar mais os adultos, a pequena “princesa” quer explorar a Torre Mágica, uma novidade desta edição destinada exclusivamente aos mais novos. No interior da Torre Albarrã, dentro da cerca, desenvolve-se um atelier de construção de adornos para os mais pequenos cobrirem a cabeça e um teatro de fantoches, com a recriação da lenda da conquista do castelo.