Os flamingos que estão de visita à Lagoa de Óbidos

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A Lagoa é um local de repouso e alimentação desta espécie durante a sua rota migratória
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Quem visita a Lagoa de Óbidos é, muitas vezes, agradavelmente surpreendido pela presença de flamingos na água. A beleza da espécie é também um atrativo para os fotógrafos, que chegam a estar, pacientemente, horas à espera de captar a melhor imagem destas aves que integram a rica fauna deste ecossistema.
De acordo com Helder Cardoso, o ornitólogo responsável pelas contagens de aves aquáticas do projeto BioLagoa de Óbidos, nos últimos 10-15 anos tem sido cada vez mais frequente a presença de flamingos na Lagoa de Óbidos. “Atualmente, podemos observar flamingos durante todo o ano na Lagoa, já que muitos indivíduos, jovens e não reprodutores, ficam pela Lagoa em alimentação no primeiro ano de vida”, explica à Gazeta das Caldas.
Estas aves podem ser observadas durante todo o ano, mas no inverno os números “parecem aumentar”. Geralmente existem flamingos em alimentação na Foz do rio Real, Braço da Barrosa, Braço do Bom Sucesso, ocasionalmente também em frente à Lapinha, explica Helder Cardoso.
O projeto BioLagoa de Óbidos, que arrancou em finais de 2021 e terá uma duração de três anos, tem permitido monitorizar os números mensalmente e, até ao momento, Fevereiro foi o mês com mais indivíduos contados, num total de 333 flamingos na Lagoa.
De acordo com o ornitólogo, estas aves reproduzem-se principalmente ao longo da bacia do mediterrâneo e, após a reprodução, dispersam até outros locais do sul da Europa, como é o caso da costa portuguesa. A Lagoa assume um papel importante como local de repouso e alimentação, principalmente durante o Inverno, salienta. “Aparentemente, a Lagoa poderá servir também como ponto de paragem de flamingos que se desloquem ao longo da costa portuguesa, vindos, por exemplo, de zonas como a Figueira da Foz ou a Ria de Aveiro”, concretiza.
Há registos mais antigos da presença desta espécie na Lagoa, contudo “era muito menos abundante em Portugal nessa altura”, refere Helder Cardoso para quem é difícil relacionar o aumento da população de flamingos com as alterações climáticas, pois não existem dados suficientes para correlacionar as duas coisas. “Houve um aumento da população nas áreas de reprodução, o que faz com que haja mais aves a dispersar”, explica, aventando ainda que, “zonas que sequem durante a Primavera e Verão na zona do Mediterrâneo, possam forçar os flamingos a deslocarem-se para outras áreas”.
O ornitólogo Helder Cardoso irá dinamizar uma atividade de observação de aves aquáticas, a 29 de outubro durante a manhã que, poderá incluir os “famosos” flamingos”. Os mais curiosos poderão também aceder ao site da BioLagoa e encontrar informações sobre os pontos de contagem, os resultados das contagens gerais e das contagens referentes a cada espécie de ave aquática presente na Lagoa de Óbidos, entre outras informações relativas a este projeto.

Mais de 100 na Poça da Ferraria
O fotógrafo amador Carlos Ribeiro é um exemplo da persistência necessária para se conseguir uma boa imagem, investindo inúmeras horas junto às margens da Lagoa. No passado domingo, 7 de agosto, pelas 11h30, conta que foi avistado, junto à Poça da Ferraria, um grupo de cerca de 125 flamingos adultos de pelagem branca. Frequentador do local, o obidense há muito que observa esta espécie de ave, que normalmente encontra nesta época do ano no braço da Barrosa, no entanto, foi uma “novidade” encontrar um grupo tão grande de indivíduos noutra zona, a qual é o habitat de patos e garças reais que na área nidificam.
Na região, ao longo dos anos tem crescido o interesse pela observação das espécies avícolas, por parte de observadores de aves e fotógrafos. Para os bird watchers interessados, o Braço da Ferraria, “para além de ser um espaço de grande beleza natural e fotogénico por natureza, proporciona a proximidade às aves com relativa facilidade”, partilha o obidense.
Para os visitantes que não conhecem a zona, chega-se ao local tendo como referência o restaurante Covão dos Musaranhos. Depois, basta seguir a estrada e de seguida o trilho pedestre. “O grupo avistado encontrava-se junto à ponte de madeira”, especifica o obidense que, por várias vezes, já terá avistado esta espécie num lago, em pleno Sahara. ■

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