Partidos políticos defendem um Mercado do Peixe mais dinâmico e polivalente

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Gazeta das Caldas - Mercado do Peixe

A necessidade de intervenção no Mercado é defendida por todos, tanto ao nível infraestrutural, com uma reabilitação, como da promoção e diversificação da oferta que disponibiliza, aliando a vertente gastronómica à turística

Os representantes dos vários partidos políticos caldenses ouvidos pela Gazeta das Caldas são unânimes no que respeita à qualidade do pescado comercializado no Mercado do Peixe. Mas também reconhecem que este está ultrapassado quanto à sua organização e defendem a sua reabilitação e transformação num espaço mais atrativo e polivalente e que, também aberto ao domingo, possa ser local de atração para os turistas que visitam a cidade.
Consideram que não é necessária uma área tão grande dedicada exclusivamente à venda de peixe e, entre as sugestões, estão a criação de espaços gastronómicos e de lazer complementares, utilizando os seus produtos como matéria-prima, ou então a venda de frutas e legumes,
Há críticas ao desinvestimento que o município tem vindo a fazer ao longo de anos, nomeadamente ao nível dos equipamentos de apoio e reclamam uma intervenção, para tornar o espaço com as condições necessárias para o trabalho dos vendedores.
Também a articulação entre este mercado e a Praça da Fruta é defendida por vários responsáveis partidários, como forma de concorrer com as grandes superfícies, assim como um melhor aproveitamento do espaço, com a disponibilização de algumas lojas que possam funcionar além do período do mercado.
A promoção da gastronomia local e dos produtos endógenos são outras das mais valias destacadas pelo funcionamento do mercado.
Gazeta das Caldas pediu o comentário sobre o Mercado do Peixe a todas as forças partidárias caldenses, mas não obteve resposta por parte das concelhias do PSD e do PCP até ao fecho da edição, ■
1. Justifica-se o Mercado do Peixe nos moldes em que está?
2. O que fazer para o tornar mais atrativo?
Sofia Cardoso
presidente concelhia CDS-PP
1. Para o CDS os Mercados Locais são actividades importantes. Incentivam o consumo de produtos locais, fortalecem a economia, fazendo circular os recursos financeiros dentro da comunidade.
A manutenção do funcionamento do Mercado do Peixe, será sempre preferível. A proximidade das Caldas à Lagoa de Óbidos e importantes centros piscatórios como Peniche e Nazaré tornam o mercado um ponto de atração para as pessoas da região e turistas e fortalecem os laços da comunidade. Do ponto de vista ambiental, há vantagens pela redução da pegada de carbono e diminuição do impacto ambiental, pelo reduzido uso de embalagens e curta distância entre o produtor e o ponto de venda.
2. O CDS sugere a execução do plano de dinamização do Mercado do Peixe que vem do executivo anterior. Sempre se recupera alguma dinâmica e atractividade. Mas, actuar também, na melhoria dos acessos ao edifício, que actualmente não dispõe de elevador público. Melhoria das condições de trabalho para os vendedores. Intervir nas áreas disponíveis para acolher outros negócios complementares, como a restauração. Criar um corredor de ligação entre o Mercado do Peixe e a Praça da Fruta, uma rota que vise a dinamização de eventos, a promoção da gastronomia local e dos produtos endógenos. O Mercado do Peixe é património da cidade e como tal merece ser pensado para perpetuar os hábitos e costumes das Caldas da Rainha. ■
Pedro Seixas
presidente concelhia PS
1. Não, não se justifica manter o Mercado do Peixe nos moldes em que está actualmente! Todos sabemos que está em coma profundo. Dos cinco mercados das Caldas, o do Peixe é aquele que se encontra num estado mais comatoso. Para inverter o actual estado de inércia política relativamente ao seu futuro, é urgente a concepção e implementação de um projecto ambicioso que contribua para a atratividade e o reforço da centralidade territorial da cidade e concelho das Caldas da Rainha. Passados 14 anos desde o último projecto falhado do executivo PSD para a sua requalificação, o PS/Caldas reclama a urgência de uma nova abordagem política para o desejável futuro do Mercado do Peixe, que deverá ser um espaço vivo, dinâmico e polivalente. Em 2020/09/28 o PS/Caldas apresentou à Câmara uma proposta de criação e implementação do “Plano Estratégico dos Mercados das Caldas da Rainha”, com ideias diversificadas para a dinamização dos seus 5 mercados. As Caldas da Rainha devem encarar os seus mercados como um recurso cultural, isto é, como espaços que reivindicam a gastronomia e o estilo de vida local como experiência turística. O actual edifício do Mercado do Peixe tem condições urbanísticas e arquitectónicas para crescer em área útil, acolhendo espaços gastronómicos e de lazer complementares, utilizando os seus produtos do Mar como matéria-prima de elevada qualidade, não só para os caldenses como também para os visitantes.
O turismo gastronómico adquire uma grande relevância. O Mercado do Peixe, tal como a Praça da Fruta, com a qual está intimamente ligado, têm condições para se posicionarem como espaços culturais e turísticos de grande atratividade para a nossa cidade e concelho. ■
Ricardo Lemos
coordenador núcleo territorial da IL
1. Nos moldes actuais e apesar da qualidade dos produtos que ali se encontram, este mercado é pouco competitivo, dada a sua localização e até devido ao desinvestimento que o município tem vindo a fazer ao longo de anos nomeadamente ao nível dos equipamentos de apoio, alguns dos quais não funcionam há vários anos.
Reitero a opinião de que as Caldas da Rainha carecem urgentemente de um mercado municipal integrado e moderno que permita à população e a quem nos visita, ter acesso a produtos de elevada qualidade (hortícolas, fruta, peixe, carne) a preços competitivos e com condições de acesso e horários semelhantes aos hipermercados.
Quando falamos no Mercado do Peixe e na Praça da Fruta, precisamos atentar ao facto de que a cidade das Caldas é recordista no número de grandes superfícies comerciais por habitante e esse mesmo facto obriga a uma visão menos romantizada e mais pragmática da realidade. Se não existirem condições que equilibrem o mercado concorrencial, o futuro destes mercados será o do desaparecimento, com claro prejuízo para produtores, comerciantes e consumidores. À semelhança do que acontece com a Praça da Fruta, o Mercado do Peixe nas Caldas da Rainha tem que ver repensado o seu funcionamento. ■
Luís Patacho
vereador independente Câmara
1. Nestes moldes, não. O Mercado está desajustado no que respeita ao espaço e ultrapassado quanto à sua organização.
2. O local é bom, por ser central e próximo da Praça da Fruta, permitindo uma fácil deslocação das pessoas entre os dois mercados e uma desejável articulação entre estes, que só os pode potenciar. Porém, o seu formato está ultrapassado, não sendo minimamente atrativo nos dias de hoje.
Para voltar a ser dinâmico e apelativo será necessário requalificar o seu espaço, humanizando-o e tornando-o mais eclético. Atualmente não se justifica uma área tão grande dedicada exclusivamente à venda de peixe. O edifício pode e deve acomodar, de forma harmoniosa, outras atividades além das bancas do peixe, como a venda de produtos tradicionais endógenos, incluindo artesanato, restauração e atividades artísticas, com alargamento do seu horário de funcionamento. Será esta multiplicidade de oferta, conjugada e articulada com a dinâmica da Praça da Fruta ali tão perto que voltará a dar vida e uma nova centralidade a esse espaço.
De resto, parece-me muito redutor olhar isoladamente para cada um dos nossos mercados concelhios, quando eles comunicam entre si e, por isso, devem merecer uma abordagem integrada e articulada. É essa visão estratégica holística que preconizo. ■
Carlos Ubaldo 
coordenação concelhia BE
1. A importância de mercados como o do Peixe vai além da simples oferta de produtos de qualidade. Desempenham um papel crucial na dinamização das economias locais, proporcionando benefícios tanto para os consumidores quanto para a comunidade. Não ignoramos que o Mercado do Peixe permite oportunidades de emprego local, criando uma dinâmica que ajuda a manter ativa a economia local.
Sendo conhecida a concorrência dos supermercados, o desafio que se coloca pode ser complexo para os mercados tradicionais. Assim, para modernizar o Mercado, seria necessário integrá-lo com outros, como de frutas e legumes. Será muito importante uma proposta que aprofunde a colaboração e integração de diferentes setores, como a peixaria, frutaria e hortifruticultura, numa área comum ou a dinamização de ações colaborativas, proporcionando uma oferta diversificada num só local.
Será fundamental a auscultação, dos comerciantes mas também um debate alargado à comunidade. Tal, não nos impede de considerar algumas propostas: necessidade reestruturação ou até uma deslocação física. Investir na renovação e modernização da infraestrutura, garantindo que o local seja limpo, seguro, e com uma apresentação atraente dos produtos. Desenvolver atividades especiais, degustações, e outras experiências que atraiam os consumidores, proporcionando um ambiente mais dinâmico. Promover a sustentabilidade, com a adoção de práticas sustentáveis, como o uso responsável de embalagens, a promoção de produtos locais e a ênfase em práticas de pesca sustentáveis. Para finalizar, pode a autarquia fazer um trabalho de promoção e conscientização sobre a importância da compra local e valorização da produção regional.■
Edmundo Carvalho
presidente concelhia Chega
1. Sou lá cliente e encontro uma maior variedade e qualidade de peixe, além de um melhor serviço, do que nos hipermercados. Os preços são semelhantes, sobretudo no peixe de mar. Mas reconheço que se nada for feito, há o risco de encerrar por falta de rentabilidade para os vendedores.
Para ser mais atrativo deverá ter uma diversidade de oferta. Num espaço tão grande, terão de existir outros produtos à venda como os mariscos, bacalhau, talho, pão, enchidos e queijos, doces e produtos regionais, frutos secos, vinhos, etc.
Os vendedores terão de ter um serviço de excelência. O corte do peixe e embalagem em vácuo à medida do cliente, é um exemplo do que poderá ser feito. A aposta tem de ser numa estratégia de diferenciação. Há quem não se importe de pagar um pouco mais, mas quer ter maior qualidade no atendimento e no produto.
Face à planta e dimensão do edifício, a construção de um mezanino permitiria um maior aproveitamento da área disponível. Nesse piso intermédio funcionariam a cafetaria, a restauração e algumas lojas de produtos que atrás enunciei. O importante seria trazer mais gente ao Mercado do Peixe e mudar hábitos de compra.
O horário seria revisto de modo a que a cafetaria, a restauração e algumas lojas pudessem funcionar para além do mercado. Poderiam haver eventos lúdicos e gastronómicos e seria mais um espaço aberto ao público, como ponto encontro e de lazer.
Pela sua localização, deveria abrir ao domingo e ser um local de atração para os visitantes que invadem a nossa cidade ao domingo e assim dinamizar o comércio local. ■