PCP alertou para impacto social causado pela covid-19

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O PCP ia falar com os trabalhadores da Promol, mas acabou por se deslocar à fábrica Bordalo Pinheiro, também na zona industrial | D.R.

O PCP alertou, no passado dia 21 de Maio, para as consequências sociais da paragem económica e os atropelos aos direitos laborais. Em Peniche, os comunistas visitaram a ESIP e nas Caldas da Rainha tinham planeado visitar a Promol, mas, dado que esta empresa não estava a laborar, deslocaram-se novamente à fábrica Bordalo Pinheiro

 

“Um grande problema com que estamos confrontados é que, infelizmente, como a realidade está a demonstrar, não estamos todos no mesmo barco”, alertou Ângelo Alves, do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP), nas Caldas, no dia 21 de Maio, no final de uma visita a várias fábricas do distrito. O dirigente fez notar que existem dezenas de milhares de novos desempregados.
“Podemos estar muito proximamente no meio milhão de desempregados que já conhecemos durante a anterior crise e a esses acresce a dura realidade de cerca de um milhão de trabalhadores que neste momento está em lay-off e não recebe os salários por inteiro, mas cujas despesas não foram cortadas em 30%”, completou, afirmando que “há um conjunto de direitos que estão a ser atacados neste momento, à boleia do combate ao vírus”.
Em relação às empresas visitadas, Ângelo Alves disse que encontraram “situações muito diferentes”. No caso da ESIP (Peniche) “durante o estado de emergência aumentou a sua produção, porque a Thai Union teve que fechar outras fábricas fora do país e transferiu produção para Peniche, pelo que tiveram de contratar novos trabalhadores”. Segundo Ângelo Alves, o grande problema ali são as condições de trabalho, estando mesmo “a circular um abaixo-assinado”.
Nas Caldas, os comunistas tinham pensado falar com os trabalhadores da Promol. “Tínhamos informação de que estava a laborar, mas está em lay-off e aparentemente parada”, constatou.
Assim, a comitiva acabou por se deslocar novamente à Bordalo Pinheiro. Nesta fábrica tiveram “informações de trabalhadores sobre a imposição de férias”, que depois a administração “veio negar”. “Mas mantemos a afirmação de que o mecanismo de férias foi feito num quadro de ausência de diálogo com as estruturas representativas dos trabalhadores e, mesmo que a maioria dos trabalhadores tenha aceite, não quer dizer que não tenha sido imposta”, afirmou. “Tínhamos informação de que a Bordalo Pinheiro, que pertence ao grupo Visabeira e que tem tido lucros crescentes, iria entrar em lay-off e denunciámos isso”, lembrou, fazendo notar que “neste momento estão em lay-off parcial, mantendo assim uma parte considerável dos trabalhadores”.
“Na região Oeste estamos a falar de muitos milhares de trabalhadores afectados pelo lay-off e pelos inerentes cortes salariais”, alertou, considerando que muitas das firmas “não tinham necessidade de o fazer”.