O Rotary Club das Caldas da Rainha voltou a distinguir o mérito profissional e de carreira numa cerimónia que contou com mais de 100 participantes
Um educador inovador, autor influente, comentador perspicaz e vencedor de prémios e reconhecimentos. Este o legado duradoiro do professor Rui Correia, apresentado pelos rotários caldenses que, na noite de 23 de fevereiro, o distinguiram como profissional do ano. Perante uma sala repleta, Rui Correia partilhou que nunca se recorda de dizer “quando for grande, vou ser professor” nem percebeu desde cedo que queria seguir esta carreira. O homenageado lembrou a infância e juventude, bem como os pais, sempre “firmes e constantes”, mas que lhe deixaram “rédea livre para ser o que quer que quisesse ser”. Na escola “tinha genuíno prazer no acto de aprender”, ou melhor, de pensar. E não era apenas ele, “pensar era um gozo tremendo para um certo grupo de amigos que habitava a minha vida e a minha rua”, lembrou, partilhando que continua a “sentir” estes anos e considerações quando, todos os dias, se vê frente às suas turmas. “Sinto-os como pessoas e o seu lado de alunos interessa-me bastante menos”, disse o professor, que melindra-se com a palavra excelência e exige-lhes que “entendam a regalia e o sacrifício que é o acto de estudar”.
O vencedor do Global Teacher Prize Portugal em 2019 chega ao miúdos não “por estratégia ou didactismo” mas porque nunca se esqueceu de ser um adolescente, partilhou, acrescentando que ter essa memória é o que mais o ajuda na sua carreira. Grato, aceitou a distinção em nome de todos os colegas professores, “por ser importante perceber o que são e como importam as muitas vidas, mais do que sete, de um professor”. Reconheceu que o que têm “pela frente exige a delicadeza, persistência, exigência, humor e sensibilidade” e deixou um conselho: “cuidemos bem uns dos outros, que é para isso que cá estamos. Para nada mais”.
Entre os amigos, o diretor do Agrupamento de Escolas Raul Proença, João Silva, destacou a humildade que coloca nos seus actos e que o torna diferente. “Sempre que faz uma conquista gosta de a partilhar com os outros”, disse, ao mesmo tempo que destacou a sua “generosidade” em corresponder a tudo quanto lhe é pedido. Para o amigo da juventude, Nuno Costa, se houvesse uma palavra para definir Rui Correia seria “desassossegador”.
Mérito de carreira
Filho de um construtor civil e de uma vendedora de peixe, António Júlio nasceu na Guarda em 1950 e veio para as Caldas cinco anos mais tarde. Depois da tropa trabalhou na empresa do pai e depois em Coruche, estabelecendo-se, posteriormente, por conta própria num negócio que abriu, mas que o obrigou a “vender todos os ativos para pagar aos fornecedores”. Também nessa altura concorreu a um anúncio, na Gazeta das Caldas, candidatando-se a uma vaga de vendedor da Lamborghini. A partir daí passou também a ser vendedor de automóveis da Mitsubishi. Em 1987 fez uma oferta de compra à empresa onde trabalhava (e que estava em dificuldades) adquirindo-a e transformando-a num grande grupo, composto por 15 empresas e que emprega 500 pessoas. São, aliás, os colaboradores a “base real do grupo Auto-Júlio”, referiu o empresário, lembrando que são “uma das maiores empresas do distrito de Leiria, mas à base de muito suor e lágrimas”. O empreendedor, que começou do zero, espera não ficar por aqui, partilhando que têm “perspetivas de ir mais longe e, se calhar, este ano ainda”. Presente na cerimónia, o amigo João Duarte destacou a persistência e criatividade do empresário, enquanto que o ex-presidente de Câmara, Tinta Ferreira, realçou a “retidão” do empresário e a sua capacidade de fazer coisas.
De acordo com o vice-presidente da Câmara, Joaquim Beato, que já foi professor e também empresário, “é a capacidade de querermos ser melhor que nos transforma”, destacando a coragem dos homenageados.
No dia em que o Rotary Internacional celebrou 119 anos, Cristina Teotónio, governadora assistente do distrito de 1960, elencou a área da paz e da resolução de conflitos como a mais importante.
Também presente, João Sá Nogueira, deu nota pública do trabalho que o Núcleo Rotário de Desenvolvimento Comunitário tem feito e partilhou que a próxima atividade, a 6 de abril, marca o arranque da iniciativa Caldas a pé.
A presidente do clube caldense, Hélia Silva, caracterizou o professor Rui Correia como um “homem sensível, inovador, criativo e que trabalha com muito amor”, e do empresário António Júlio enalteceu a coragem, resistência, foco e inovação.
A cerimónia de atribuição de mérito profissional e de carreira contou com a participação dos alunos do Conservatório das Caldas da Rainha, com várias atuações. ■