O Montebelo Bordallo Pinheiro – como se designa o hotel de cinco estrelas a construir pela Visabeira nas Caldas da Rainha – terá um edifício a ligar o Céu de Vidro (antigo Casino) aos Pavilhões do Parque.
Com um investimento previsto de 14,4 milhões de euros, o projecto prevê uma capacidade de 214 camas, piscinas exterior e interior (com espaço para tratamento com águas termais), restaurante, salas para realização de eventos e galeria e atelier de cerâmica.
O primeiro hotel de cinco estrelas a ser criado nas Caldas vai ligar a antiga Casa da Cultura aos Pavilhões do Parque. A entrada para o Montebelo Bordallo Pinheiro Hotel deverá ser feita pelo Céu de Vidro no Largo Rainha D. Leonor e haverá uma passagem para o outro edifício, onde se situa a maioria dos alojamentos e serviços.
Do Céu de Vidro será possível aceder às zonas de estar e refeição, entre elas o restaurante e salão de eventos, que funcionarão na área de ampliação do edifício existente do antigo Casino, que também aumentará a volumetria. De acordo com a descrição do projecto, a que a Gazeta das Caldas teve acesso, serão criados três pisos de cave, dois deles para estacionamento subterrâneo e um para zonas técnicas e de serviço. O acesso a esses pisos será feito pela fachada lateral, na Rua de Camões.
O documento destaca que as áreas de circulação serão iluminadas pelo “Céu de Vidro” (devendo ser construído um lanternim na cobertura) e que estas darão acesso a 12 quartos e uma suíte. Este edifício terá ainda, no piso abaixo, mais quatro unidades de alojamento.
Já o edifício dos Pavilhões do Parque manterá a volumetria original, com excepção do rés-do-chão onde será criada uma ligação das duas alas norte para a colocação de uma piscina interior.
De acordo com o projecto, será dado relevo à água termal, com a construção de piscinas e spa, que ocuparão uma área bruta de 692 metros quadrados.
Ainda no rés-do-chão haverá salas de reuniões e 10 unidades de alojamento.
Ao todo, os pavilhões serão divididos em cinco pisos, maioritariamente com quartos. Nas águas furtadas serão construídas cinco suítes no topo de cada braço do edifício. Duas delas funcionarão como apartamentos de duas assoalhadas. Os elevadores serão panorâmicos.
No edifício de apoio aos pavilhões será criada uma galeria de arte dedicada à cerâmica e num outro, contíguo às estufas, funcionará um atelier de cerâmica e pintura, ambos com ligação à fábrica e ao museu da própria fábrica Bordalo Pinheiro (que também pertence à Visabeira), nomeadamente com o projecto de residências artísticas internacionais.
De acordo com o documento, estes dois núcleos permitem ao hóspede ter uma experiência de turismo cultural e industrial, com uma “abordagem directa à manufactura, nomeadamente à arte cerâmica nas componentes de modelagem e pintura”.
Em declarações à Gazeta das Caldas, Nuno Barra, administrador da Visabeira, revela que a experiência adquirida em outros empreendimentos mostra que “a aposta no cruzamento de experiências é fundamental para o sucesso dos projectos”, pelo que nesta unidade hoteleira vão permitir ao turista ter programas de formação de desenho ou pintura ou, simplesmente, conhecer em detalhe a obra de Bordallo. Além do turista convencional o hotel proporcionará a estadia a profissionais e amantes da arte que ali queiram desenvolver peças próprias sem carácter comercial.
O hotel será também um centro de criação, providenciando o alojamento de “artistas consagrados de todo o mundo, que se deslocarão às Caldas da Rainha para integrarem projectos artísticos contemporâneos desenvolvidos pela Fábrica Bordallo Pinheiro”, refere.
O responsável explica ainda que a aposta na construção de um hotel “com características inovadoras, ligando a hotelaria e a cerâmica”, tem vindo a constituir um modelo de sucesso no Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel. E é este exemplo que pretendem transpor, com as devidas adaptações, para o projecto Montebelo Bordallo Pinheiro Caldas da Rainha Hotel. “Proporcionar ao hóspede uma experiência que lhe permita um conhecimento da obra de Bordallo Pinheiro, podendo, ao mesmo tempo, complementar a sua estadia com actividades ligadas ao trabalho da cerâmica, visitas ao Museu e à Fabrica Bordallo Pinheiro”, concretiza.
O projecto da Visabeira foi o único apresentado à Câmara das Caldas no concurso público internacional destinado a concessionar os Pavilhões do Parque para uma unidade hoteleira.
O júri do concurso já deu um parecer positivo a este projecto, faltando agora a decisão política do executivo camarário.
Investimento será recuperado ao fim de 16 anos
O estudo de viabilidade da Visabeira para o hotel caldense prevê que o investimento de 14,4 milhões de euros seja recuperado ao fim de 16 anos. O financiamento será feito com recurso a capitais próprios, empréstimos bancários e também fundos comunitários, estes últimos na ordem dos quatro milhões de euros.
Considera-se ainda um reinvestimento de cerca de 600 mil euros para obras de manutenção a realizar a cada 10 anos, nomeadamente a pintura do hotel e a substituição de alguns equipamentos.
A análise de mercado conclui que os operadores deverão olhar para o novo Hotel Montebelo como um “parceiro captador de clientes e turistas em nichos de mercado com elevado poder de compra, que neste momento ainda não tinham oferta na cidade”, lê-se no documento. Por outro lado, consideram que estes clientes também irão beneficiar outros agentes económicos, ao fazerem compras na cidade.
A nova unidade quer também diferenciar-se de outras similares na região, que têm o seu foco no sol, praias e golfe. Pretende, para isso, centrar a sua actividade no acervo patrimonial, histórico, cultural e paisagístico das Caldas e focar-se na cerâmica e na água mineral termal natural.
Ainda de acordo com a análise de mercado feita, os promotores entendem que o preço médio dos alojamentos no primeiro ano deverá rondar os 125 euros. Consideram uma taxa de ocupação global de 45% no ano de abertura, que deverá subir até aos 59% com a fidelização dos clientes e o reconhecimento do hotel.
Nuno Barra especifica que o ano cruzeiro previsto para uma unidade desta imponência será cerca de três a quatro anos após a abertura, “permitindo a captação de clientes mas essencialmente a fidelização dos mesmos”.
De acordo com o estudo de viabilidade da empresa, as obras deverão ter o seu início no primeiro semestre de 2018, dependendo da data da assinatura do contrato de concessão. Deverão estar terminadas em finais de Julho de 2020, permitindo que o hotel abra portas em Outubro desse ano.
A exploração do hotel irá permitir a criação de 65 postos de trabalho directos, juntamente com contratações temporárias para a realização de eventos e durante a época alta.
O grupo Visabeira possui a cadeia Montebelo Hotels & Resorts em Portugal e Moçambique, tendo neste último seis unidades hoteleiras. Em Portugal é detentor do Montebelo Viseu Hotel & Spa, Montebelo Aguieira Lake resort & Spa, Casa da Insua (Penalva do Castelo), Hotel Palácio dos Melos (Viseu) e Hotel Principe Perfeito (Viseu). Em Ílhavo a empresa possui o Montebelo Vista Alegre, que funciona segundo o mesmo conceito proposto para as Caldas da Rainha, com a Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre bem como o conjunto monumental de turismo industrial que ali existe.F.F.