Quinta das Janelas será transformada em hotel de luxo

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A quinta compreende uma propriedade de 80 hectares, com imóveis, terrenos agrícolas e a cidade romana de Eburobrittium
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Propriedade de 80 hectares foi adquirida por um grupo de investimento russo, com outros projetos na região

A emblemática quinta, datada do século XVI e que era propriedade da Associação Nacional de Farmácias, foi vendida ao grupo Albatroz, de investidores russos, que ali pretende criar um hotel de cinco estrelas, com 60 a 70 quartos, e explorar as águas termais. “Vamos também plantar vinha em redor da quinta, o objetivo é produzir uma quantidade limitada, para o consumo interno dentro do grupo hoteleiro e para o enoturismo”, explicou o proprietário da quinta, Konstantin Ranchinskiy, que é também o administrador do Royal Óbidos Golf Resort. Para além deste empreendimento no Bom Sucesso, o grupo Albatroz é detentor de um hotel em Cascais (com o mesmo nome) e está a desenvolver outros investimentos imobiliários no país.
“Eu soube da existência desta quinta há quase um ano, vim espreitar e, para além de ficar encantado, fiquei com a sensação de que o lugar tinha muito potencial para recuperação e desenvolvimento”, partilhou o investidor, acrescentando que já foi entregue na Câmara de Óbidos o pedido de informação prévia para a recuperação e transformação do imóvel. Trata-se de um investimento que irá ultrapassar os 20 milhões de euros e que Konstantin Ranchinskiy espera ver concretizado dentro de dois a três anos. Relativamente ao valor da aquisição da propriedade à Associação Nacional de Farmácias, o investidor disse não poder divulgar por “questões contratuais”.
Em Portugal desde 2016, Konstantin Ranchinskiy escolheu esta região porque é perto de Lisboa, não está tão saturada como a capital e tem um valor turístico e cultural “muito apelativo”. “Mesmo quando não morava em Portugal, Óbidos era uma terra fantástica para passar o fim de semana”, recordou aos jornalistas, à margem da apresentação do Festival de Ópera, que irá este ano realizar-se na Quinta das Janelas.

Aproveitamento das águas termais
Também nesta propriedade havia uma “nascente de águas sulfurosas (antigamente denominadas Caldas das Gaeyras), as quais são aproveitadas numa casa simples, coberta com uma abóbada, tendo no seu interior um tanque”, refere a Junta de Freguesia das Gaeiras no seu sítio na internet. O uso terapêutico destas águas foi ao longo do século XX de uso popular, nomeadamente para as pessoas da região e os operários da fábrica de gesso da quinta. Há vários anos que a Câmara de Óbidos é detentora da concessão do aquífero que existe naquela propriedade e já possui uma reunião marcada com o investidor. De acordo com o presidente da Câmara, Filipe Daniel, a concessão permanecerá para a autarquia, que poderá celebrar um protocolo para disponibilizar “parte ou a totalidade do fluxo das águas termais para este projeto ou outros que venham a existir”. Atualmente não existe mais nenhuma demonstração de interesse na exploração daquela água mineral, mas Filipe Daniel recorda que a autarquia possui um terreno nas proximidades, que permite a construção de equipamentos. Considera que o mais importante é que o património da Quinta das Janelas, em elevado estado de degradação, possa ser cuidado e alvo de um investimento ligado ao alojamento turístico, termalismo e agricultura.
Também a cidade romana de Eburobrittium faz parte da propriedade, de cerca de 80 hectares. Neste caso, “é vontade de ambas as partes, a câmara poder explorar a cidade romana e toda a questão que envolve a arqueologia, valorizando o interesse e a fixação das pessoas durante mais tempo no nosso território”, explicou Filipe Daniel.
A Quinta das Janelas fica situada em Vale das Flores, próximo do Convento de S. Miguel, nas Gaeiras. Inclui um palacete do século XVI, um conjunto de lagares, adegas, um picadeiro e chafariz e uma capela. ■

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