Quiosque da Teresa encerrou após 35 anos

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Teresa Bernardo nos tempos áureos com muitas publicações à venda no seu quiosque

No início do mês, fechou o quiosque da Avenida, gerido há 35 anos por Teresa Bernardo. Crise nas vendas de jornais e revistas ditou o fim do negócio

Teresa Bernardo vive nas Caldas há 37 anos e há 35 que tinha o Quiosque do Borlão, na Avenida 1º de Maio nº 10, próximo do local onde a sua sogra chegou a ter um outro quiosque ao lado do supermercado Spar. “Ela lá me convenceu a ficar com este, que ia ser trespassado”, contou a empresária que decidiu fechar portas no dia 11 de abril.
“De ano para ano vende-se cada vez menos”, salientou a empresária que diz que estava ser incomportável pois mal conseguia tirar o seu ordenado.
“As vendas, além de poucas, oferecem margens muito pequenas”, referiu a empresária que abriu a 1 de abril de 1986. Houve anos bons e chegava a fazer vendas de 400 euros por dia (raspadinhas, jornais, revistas, tabaco, isqueiros).
Há 35 anos quando abriu este espaço teve bons anos de vendas pois “cheguei a fazer caixas de 800 e até mil euros”, contou a empresária, de 57 anos, que assistiu ao desenvolvimento desta área, ao aparecimento de muitas edições, de muitas revistas temáticas.
“Sinto angústia e alguma tristeza pois nunca pensei em fechar o quiosque desta forma”, referiu a responsável que achava que conseguia chegar com o seu negócio próprio até à idade da reforma. E não está nada otimista no que diz respeito aos jornais e revistas pois vivem uma crise que se vem adensando.
“As pessoas deixaram de comprar….”, concluiu, dando a conhecer que antes vendia jornais nacionais (quatro a cinco por dia) e agora é “apenas um e de vez em quando”.
Quanto aos desportivos, vende uma ou duas A Bola e o Record, dois ou três.
Ainda acresce o facto que vendia jornais e revistas a clientes específicos que faleceram e, como tal, em vez de as vender passou a devolvê-los.
”As novas gerações já não têm hábitos de leitura, preferem ter acesso à informação on-line”, comentou a empresária que para se manter teria que vender o dobro dos produtos. A pandemia trouxe uma grande diminuição nas vendas mas desde janeiro deste ano, “a situação ainda piorou mais”.
E até diminuíram as vendas nos jogos da sorte como as raspadinhas. Também as distribuidoras impuseram novos portes aos vendedores que são diários e portanto “deixei de ter lucro…”. Com o quiosque, conseguiu criar as suas três filhas e ajudar a que todas se formassem.
Agradece muito aos clientes que foram fiéis ao seu quiosque, durante várias décadas. ■

A empresária encara o futuro com otimismo, algo que não tem perante o setor da venda de jornais e revistas