
A tradicional cerimónia de homenagem à Rainha D. Leonor no dia 15 de Maio ficou marcada este ano pelo reconhecimento da Rainha como patrona da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica. Contou também com a presença do ministro adjunto, Eduardo Cabrita, que destacou a transferência do Hospital Termal para o poder local como um bom exemplo de descentralização de competências, admitindo que sem a intervenção da autarquia este equipamento poderia correr o risco de nunca mais abrir as portas.
Tinta Ferreira aproveitou a ocasião para fazer a proposta que os tratamentos termais sejam comparticipados pela ADSE e pelo Serviço Nacional de Saúde, mas o ministro não quis adiantar qual é o ponto de situação do termalismo no debate do orçamento para 2018.

“Vossa Majestade trago uma embaixada de gente ligada à ciência médica das águas que lhe quer prestar um tributo especial. Os ecos dos milagres destas águas e a fama da vossa cidade já se espalhou pelo mundo e vinha pedir a vossa excelência que aceite ser patrona da nossa sociedade”. Foi assim que Pedro Cantista, presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica se dirigiu à Rainha D. Leonor numa cerimónia que contou com a figura da rainha em “carne e osso”. A Sua Majestade foi entregue um colar com a medalha da sociedade como símbolo deste reconhecimento.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, salientou que Caldas da Rainha é dos poucos concelhos que sabe o dia em que nasceu: o dia em que a Rainha D. Leonor mandou edificar o Hospital Termal. Por isso mesmo, “vamos continuar a desenvolver todos os esforços para reabrir o Hospital, para que os Pavilhões possam vir a ser um hotel termal e para que o Parque e a Mata sejam espaços por excelência para cuidar do espírito dos seus utentes”.
Eduardo Cabrita, ministro adjunto, elogiou o facto das celebrações do 15 de Maio incluírem não apenas uma homenagem ao passado histórico das Caldas, mas também uma visão de futuro daquela que será a nova fase do Hospital Termal, cuja reabertura está prevista para este ano.
“A área termal passou por tempos de menor brilho, até alguma decadência, pois era associada a um conceito de turismo antiquado, mas cada vez mais o termalismo surge, não só ligado à saúde como ao bem-estar e a estilos de vida saudáveis, o que veio transformar as mentalidades”, acrescentou o governante.
Embora Tinta Ferreira tenha aproveitado a visita de Eduardo Cabrita para propor que os tratamentos termais sejam comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde – isto tendo em conta que o próprio Hospital foi mandado construir com o propósito de proporcionar tratamentos às pessoas que tinham poucos meios – o ministro foi cauteloso e não adiantou qual é a posição do governo sobre esta matéria.
Disse apenas que “estamos atentos ao termalismo e ao papel que desempenha na saúde e no turismo, pelo que num quadro orçamental complexo encontraremos as soluções adequadas”, salientando que não haverá notícias antecipadas sobre o orçamento antes de 15 de Outubro. Já Tinta Ferreira adiantou que os beneficiários da ADSE têm direito a comparticipação.
BOM EXEMPLO DE DESCENTRALIZAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Desde Dezembro de 2015 que a autarquia é responsável pela gestão do património termal, pelo menos durante os próximos 70 anos. “O Estado teve a percepção que não tinha vocação para manter o Hospital e o município a noção de que na área da saúde não tinha vocação para desenvolver a sua actividade termal, por isso esta será desenvolvida por uma IPSS, o Montepio Rainha D. Leonor”, afirmou Tinta Ferreira, acrescentando que as obras que estão a decorrer no Hospital vão permitir uma abertura faseada daquele equipamento.
Na opinião de Eduardo Cabrita, o Hospital Termal e os Pavilhões do Parque são bons exemplos da estratégia de descentralização de competências do governo para as autarquias. “No que respeita a património público devoluto, são as autoridades locais as que têm as melhores condições para os fazer renascer e atribuir-lhes novas funções”, acrescentou o ministro, que salientou que a descentralização de competências é uma das principais reformas deste governo.
Na cerimónia de homenagem à Rainha D. Leonor participaram centenas de pessoas, autoridades e associações locais que assistiram às celebrações na rotunda da Rainha e no largo do Hospital Termal.
Auto de S. Martinho simboliza a função social do Termal

À chegada do Largo da Copa estava montado o cenário para o Auto de São Martinho, peça encenada pelo Teatro da Rainha e integrada nas Festas da Cidade deste ano. Há mais de 500 anos, esta obra de Gil Vicente foi encomendada pela Rainha D. Leonor e apresentada na Igreja Nª Sra. do Pópulo.
A figura do “pobre chagado” representa precisamente todos os doentes sem meios para pagar os tratamentos com as águas sulfurosas, enquanto São Martinho – que partilha metade da sua capa com o pobre – simboliza a função social solidária do Hospital Termal.
“Se a capa aconchega e agasalha, defende o pobre do frio e num plano simbólico estabelece a solidariedade como um desígnio, as águas curativas também trariam melhor vida aos que não a tinham”, explicou o encenador Fernando Mora Ramos.
O Auto de São Martinho foi representado por Carlos Borges e José Ricardo Nunes e contou ainda com a participação do Coro Infantil do Conservatório das Caldas, da Banda Comércio e Indústria e com António Xavier na interpretação de músicas tradicionais portuguesas com flautas e gaitas de foles.