Iniciativa juntou quase duas dezenas de pessoas na Casa Museu Jaime Umbelino e já tem novas sessões marcadas
No passado dia 4 de agosto, Mário Gaspar Filipe esteve na Casa Museu Jaime Umbelino a partilhar as suas memórias na tertúlia “A Foz de Outros Tempos”.
Na iniciativa, o fozense lembrou os vareiros que iam às Caldas a pé vender o peixe, assim como os mariscadores. Recordou ainda a recolha do limo, as caçadas e as regatas.
Numa conversa com cerca de duas dezenas de pessoas, o engenheiro mecânico salientou a importância de Grandella para o desenvolvimento da vila e os trabalhos de reabertura da “aberta” da Lagoa de Óbidos.
“Quando havia um incêndio toda a gente agarrava num balde dae água para ajudar e quando alguém adoecia havia uma subscrição para comprar alimentação e medicamentos”
Mário Gaspar Filipe
“Toda a gente trabalhava na reabertura”, disse, fazendo notar que o fecho implicava a paragem de todas as atividades. “Era aberta à pá e os bois carregavam a areia”, partilhou, esclarecendo que o processo “demorava dias”.
Apesar de descrever a existência de muita pobreza na Foz do Arelho daqueles tempos, destaca a união e o companheirismo entre os habitantes.
“Quando aparecia um incêndio toda a gente ia buscar um balde com água ao seu poço para ajudar a apagar”, contou Mário Gaspar Filipe. Por outro lado, “quando alguém adoecia, havia uma subscrição na vila, para comprar alimentação e medicamentos”, relembrou o antigo morador.
Ao nível da rega também se estabeleceu na Foz do Arelho um interessante acordo de cooperação, o que permitia distinguir a localidade de outras. “As pessoas regavam à vez e existiam três zonas definidas”, explicou, contando que chegaram pontualmente a existir alguns desentendimentos relativos à gestão da água. “Nada de muito grave”, ressalvou.
A nível agrícola, as vindimas e a matança do porco eram também momentos importantes.
O fozense não deixou também de falar do carnaval, da fogueira no Natal e das festas da aldeia, assim como do cinema. Inicialmente, filmes mudos, mas “relatados”, projetados junto ao coreto, numa máquina movida à mão..
Mário Gaspar Filipe nasceu na Foz do Arelho, de onde saiu aos 18 anos quando foi para Lisboa estudar. Atualmente reside no Porto, mas tem casa na vila, onde vem com frequência.
Esta tertúlia foi organizada pela candidatura do movimento Vamos Mudar naquela freguesia e segue com nova sessão este sábado, dia 11 de agosto, com início previsto para as 18h30. ■