O concerto do 14 de Maio contou com um mar de gente a assistir às actuações caldenses, num ano em que o município decidiu cortar nas “festas e foguetes” para poder dar cabazes às famílias carenciadas. Tudo isto passados 20 anos do primeiro concerto do 14 de Maio, na Praça 25 de Abril, numa altura em que se inaugurava os novos Paços do Concelho e se ouviam as canções de Rui Veloso.
Há farturas, churros, balões prateados e várias barraquinhas de cerveja que dão um novo ar à Praça 25 de Abril e a parte da Avenida 1º de Maio. Há também pequenos objectos florescentes que voam e que alegram a pequenada. É o habitual ambiente do concerto do 14 de Maio, este ano com a actuação de vários grupos, mas com uma aposta clara na prata da casa.
Junto aos Paços do Concelho só se vê um mar de gente. “Talvez umas 10 mil pessoas….”, diz à Gazeta das Caldas, o presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, antes de subir ao palco para o seu habitual discurso que desta vez teve como mote a solidariedade.
“As Festas da Cidade não podem ser só música e foguetes! Temos que nos lembrar das pessoas que estão em situação mais difícil nesta altura. Fazemos este ano e espero que se repita para sempre porque somos uma cidade de solidariedade desde que a Rainha D. Leonor nos fundou”. E por causa da ajuda a quem mais precisa, Fernando Costa apostou em artistas caldenses num espectáculo não terá custado mais do que 10 mil euros (6,5 mil euros nas actuações e 4 mil euros em fogo de artifício).
O presidente da Câmara disse ainda que o primeiro concerto na praça 25 de Abril decorreu há 20 anos com Rui Veloso, no dia em que foi inaugurado o novo edifício dos Paços do Concelho. Os anteriores tiveram lugar na Praça da Fruta.
Duas décadas passaram e agora o mesmo edil – que antes já tinha autorizado outras actuações na Praça da Fruta – usa trunfos entre a prata da casa pois diz que estrelas maiores fariam gastar mais dinheiro que nos tempos que se vivem tiveram outro fim. “Demos cabazes para ajudar cerca de 300 famílias carenciadas e espero que daqui a vários anos, a solidariedade continue”, disse Fernando Costa.
O edil discursou, como é hábito, perante as milhares de pessoas que estiveram durante o serão a ver desfilar artistas portugueses, quase todos caldenses, à excepção do grupo Costa Verde que trouxe covers e música de dança aos presentes e teve alguns momentos altos como a ida de dois cantores do grupo para o meio da multidão.
Prata da casa brilhou em noite longa de actuações
A banda caldense Plant abriu as hostilidades e deu a conhecer sete dos seus temas, interpretados em inglês. Os Plant ganharam o direito de actuar no 15 de Maio por sorteio, entre outros nomes das bandas locais.
Os seus elementos não podiam estar mais contentes. João Pereira (baixista e guitarrista) João Fernandes (guitarrista), Luís Arrabaça (baterista), Alexandre Gomes (vocalista e baixista) contam que houve até algum nervoso miudinho antes de entrarem em palco. “Correu tudo muito bem, estava muita gente e gostámos muito de nos estrearmos no 15 de Maio. Foi muito especial”, contaram no fim do concerto.
O grupo actuará no sábado, 26 de Maio, no Xadrez e marcará presença na Semana Académica de Évora, a 6 de Junho.
Seguiu-se a actuação de DJ KoKab (Sérgio Silva), de 31 anos, que trouxe música electrónica à festa, recorrendo um reactable (sintetizador computorizado). Este equipamento é constituído por pequenos cubos luminosos que permitem gravação de música e que permite a apresentação das propostas sonoras em tempo real.
Este músico começou a dedicar-se à música clássica com 10 anos e é igualmente há 10 que se dedica à música electrónica. Esteve 20 anos na Suíça e há seis anos que regressou a Portugal, morando em Alvorninha.
O DJ KoKab gostou muito de actuar nas Caldas. “Foi um bom espectáculo apesar de estar gente de todas as idades e não sei se todos gostaram de igual modo. Para mim foi muito positivo”, disse o convidado que está a trabalhar em parceria com a Red Bull.
Seguiu-se o DJ e cantor, João Carlos (JC) que já conhece a cidade pois no ano passado foi o artista do Carnaval caldense.
Este convidado – que vive há 10 anos nas Caldas – é o animador do karaoke do Bowling e conta que a música faz parte da sua vida. Possui um estúdio na cidade e conta lançar no próximo ano o seu primeiro álbum.
“Força Portugal”, o tema que dedica à selecção portuguesa, foi dado a conhecer nesta actuação, em primeira mão, numa grande estreia. “Houve uma altura em que fiquei mesmo sem palavras. Foi uma sensação óptima ter visto tanta gente, apesar destes tempos de crises. Foi uma grande noite!”.
Rebeca celebra 15 anos de carreira na sua cidade
“Vai ser um espectáculo muito diferente, estarei em palco com a minha banda para uma actuação mais completa”, disse a cantora, momentos antes de entrar em palco e tocar para as gentes da sua terra. Habituada a palcos de todo o mundo, não consegue explicar porque está um nadinha nervosa antes de actuar. “Penso que é o facto de actuar na minha cidade que me emociona ainda para mais quando se comemora 15 anos de carreira”, diz à Gazeta das Caldas enquanto ultima pormenores antes de entrada em palco.
No dia anterior tinha actuado no Luxemburgo e antes na Suíça. Isto para além de ter horários apertados e presenças regulares nos programas de televisão em Portugal. “Voltei a Viver”, o último disco desta artista, chegou a disco de ouro com 10 mil unidades vendidas. Rebeca vai ainda lançar, até ao final do ano, um livro “com uma escrita simples, acessível a todos, sobre a minha vida”.
Em palco, além dos seus músicos e bailarinas, entraram as crianças que são alunas da cantora e da sua irmã, que aprendem respectivamente música e dança.
As expectativas dos fãs não foram defraudadas pois Rebeca interpretou temas como “Voltei a Viver” que reflecte sobre o facto da cantora ter ultrapassado o cancro, “Kuduro” e “Porta-te bem Rapaz”, este último em dueto com JC e com a passagem do videoclip filmado na Praça da Fruta no ecrã gigante. Em Janeiro Rebeca entra em estúdio e tem previsto o lançamento do seu novo trabalho para Março de 2013.
Depois da actuação, e já perto da uma da manhã, foi a vez do aguardado fogo de artificio. Vários bombeiros estiveram no local e pediram às pessoas para se afastarem do edifício dos Paços do Concelho e foi de nariz no ar que milhares assistiram durante longos minutos ao lançamento de fogo de artificio colorido e a fazer várias formas no céu, próximo da Igreja de N. Sra da Conceição.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt