Está a circular uma petição em Alcobaça e na Nazaré em defesa do Hospital Bernardino Lopes de Oliveira (Alcobaça) e dos cuidados de saúde dos dois concelhos, na sequência da reorganização hospitalar que está a ser estudada pela tutela. Este texto saiu de uma reunião que, no passado dia 1 de Março, juntou no Cine-Teatro de Alcobaça cerca de 180 pessoas e na qual foi criada a uma Comissão de Utentes do Hospital de Alcobaça, composta por Isabel Granada e João Araújo (enfermeiros), Ana Valverde (médica), Maria Rosa Domingues e Manuela Pombo (respectivamente, presidentes das juntas de Freguesia de Maiorga e Alcobaça) e António José Nabais.
O encontro foi proposto pela deputada da CDU, e agora também membro da comissão, Isabel Granada, na última sessão da Assembleia Municipal de Alcobaça, realizada a 24 de Fevereiro. Um plenário onde todos os partidos se colocaram ao lado do executivo camarário na defesa de que os munícipes de Alcobaça passem a ser encaminhados para o Hospital de Leira, com excepção das freguesias de Alfeizerão, Benedita e S. Martinho do Porto (que continuariam a seguir para as Caldas da Rainha).
Tal como noticiado na última edição, a proposta foi já apresentada à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), que a terá acolhido com receptividade. Caso a tutela decida a favor do pedido da autarquia, a unidade de Alcobaça sairá do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON), no qual foi integrada há três anos. Também os nazarenos devem passar a ser encaminhados para Leiria, tal como tinham pedido em Novembro a Câmara e a Assembleia Municipal.
A petição agora lançada reclama que o Hospital de Alcobaça se mantenha em “actividade plena” e que os cuidados primários da região sejam envolvidos “na definição e implementação de medidas que possibilitem a rentabilização dos recursos instalados e que simultaneamente aumentem a qualidade do serviço prestado aos utentes”. Aponta-se ainda a curta distância entre os dois concelhos em relação ao Hospital de Leiria como justificação para que este se torne o hospital especializado de referência para os utentes da unidade alcobacense (20 minutos, em contraponto com os cerca de 60 minutos que se demora a chegar a Lisboa).
Depois dos autarcas, a população vem agora manifestar-se quanto à reorganização dos serviços hospitalares da região que está a ser estudada pela tutela. Na missiva é lançado o alerta de que, caso passem pelo encerramento total ou parcial do Hospital Bernardino Lopes de Oliveira, “as medidas que pretendem implementar terão um impacto dramático na saúde da população dos concelhos de Alcobaça e da Nazaré”.
Entre as possíveis consequências está o aumento do risco de vida em doentes com AVC, enfartes de miocárdio e doentes politraumatizados. Aponta-se ainda aumento das despesas de deslocação, em consultas, em exames, em visitas e na obtenção de medicamentos de uso exclusivo hospitalar e a “diminuição de apoio a familiares internados” por parte das populações.
Relativamente ao anunciado Centro Hospitalar do Oeste, que deverá reunir todos os hospitais da região, salienta-se a “continuação da inexistência de uma Unidade de Cuidados Intensivos Coronários” e a “continuação da inexistência de internamento para a maioria das especialidades”.
Na petição exige-se ainda que a comissão recentemente criada seja recebida pelo Conselho de Administração do CHON, pela ARSLVT, administração do Hospital de Leiria e Administração Regional do Centro.
O texto pode ser assinado em todas as farmácias e juntas de Freguesia dos concelhos de Alcobaça e Nazaré, nos Bombeiros Voluntários de Alcobaça e no Hospital Bernardino Lopes de Oliveira.
O trabalho da comissão, que deverá reunir esta sexta-feira, dia 9 de Março, e os desenvolvimentos desta luta podem ser acompanhados no Facebook e através do site utenteshospitalalcobaca. wordpress.com. Plataformas onde se apela à participação de todos os utentes do Hospital Bernardino Lopes de Oliveira nesta luta pela qualidade dos serviços de saúde nos dois concelhos.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt