Visitas às Berlengas limitadas a 550 pessoas

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Em 2018 houve 82 mil pessoas a visitar as Berlengas, tendo-se registado 19 dias em que o número de pessoas foi superior a 1000

O Ministério do Ambiente decretou a 22 de Maio que o número de pessoas que podem visitar as Berlengas está limitado a 550 em simultâneo.
Henrique Queiroga e João Serôdio, biólogos da Universidade de Aveiro que realizaram o estudo que serviu de base à medida, referem em comunicado que “este valor representa um progresso moderado relativamente à visitação descontrolada verificada nas últimas duas décadas”.
O estudo recomendava que o valor se fixasse num máximo de 500 visitantes diários, mas referia que esse número estava “condicionado à requalificação do sistema de tratamento de águas residuais para uma capacidade de 500 equivalentes populacionais”.
A dupla faz notar que com a rotatividade de visitantes, este número “pode provavelmente corresponder a mais de 700 pessoas a visitar a Ilha da Berlenga diariamente, número a que se deve adicionar o pessoal de apoio ao turismo, residentes temporários e representantes das autoridades”. Os biólogos acreditam que desta forma, corre-se o risco de a ilha ter mais de 900 pessoas e alertam que esse “número está claramente acima da capacidade do actual sistema de tratamento de águas residuais, que nunca foi requalificado para o valor de 500 equivalentes-populacionais”.
Em 2018 o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas registou 19 dias com mais de 1000 visitantes durante a época alta e um total de 82 mil visitantes durante todo o ano. Isto tem causado uma perturbação da avifauna nidificante, o pisoteamento da flora e tem aumentado o risco de disseminação da flora exótica por transporte de sementes, pólen e fragmentos vegetativos agarrados ao calçado e roupa.
Além disso, tem aumentado o lixo atirado sem cuidado e a pressão sobre os sistemas de abastecimento de água doce e de recolha do lixo, assim como a poluição orgânica na praia e nas águas circundantes. Outra consequência, alertam os biólogos, é a destruição e vandalização dos equipamentos de acolhimento aos visitantes.
Do ponto de vista do modo de aquisição de bilhetes para as viagens, não muda nada. Se o leitor quiser ir às Berlengas, deve contactar os operadores turísticos que fazem a travessia e saber da disponibilidade. Depois da fixação do limite, os operadores já admitiram aumentar o preço dos bilhetes para fazer face à limitação das viagens.