A muito rodada Viatura Médica de Emergência e Reabilitação (VMER) das Caldas da Rainha deverá em breve ser substituída por uma nova. A notícia foi dada pela representante do INEM, Paula Neto, na sessão de abertura do 3º Congresso da VMER, que decorreu nas Caldas nos dias 13 e 14 de Abril.
Durante dois dias houve palestras, mesas redondas e cursos práticos que são, em alguns casos, a única oportunidade dos profissionais terem acesso as formações fora das grandes cidades.
Embora não se tenha comprometido com datas, Paula Neto disse que o processo para a nova viatura “está bem encaminhado e que provavelmente será mais cedo do que inicialmente estaria previsto”. De recordar que a VMER das Caldas da Rainha e a de Torres Vedras, ambas afectas ao CHO, foram as duas únicas no país que não receberam viaturas novas no ano passado. Isto aconteceu porque, de acordo com o novo modelo de aquisição e gestão da frota, passam a ser as unidades de saúde a adquirir directamente as viaturas e o CHO, por ainda não ser EPE (Entidade Pública Empresarial), não o pôde fazer. A viatura será, então, fornecida directamente pelo INEM, que “também tem os seus procedimentos concursais, que são demorados”, explicou a responsável.
O optimismo dos profissionais que trabalham com a viatura médica de emergência e reabilitação relativamente a esta notícia é moderado, pois há algum tempo que aguardam o novo carro. O coordenador da VMER das Caldas da Rainha, Joaquim Urbano, fala da quilometragem elevada que os carros possuem e as frequentes avarias de que são alvo e que condicionam uma resposta adequada às situações de emergência a que são chamados a intervir.
“Os veículos que temos recebido têm todos mais de 250 a 300 mil quilómetros”, conta, dando nota que os técnicos do INEM tentam ao máximo preservar os carros, mas que estes sofrem muito desgaste.
Joaquim Urbano contou que a história da VMER é feita de “alegrias quando partilhamos o nascimento de uma nova vida, da tristeza do luto junto dos familiares, do insucesso no caso de uma reanimação mal sucedida, das preocupações a caminho do local da ocorrência, mas no final de tudo, de sentirmos a satisfação do dever cumprido”.
Na sessão de abertura do congresso esteve também presente Ricardo Matos, do Sindicato dos Enfermeiros, que começou por destacar a coragem da organização ao abordar a “Controvérsia no Pré-Hospitalar” num momento “extremamente difícil” no sector da saúde. O responsável denunciou o orçamento “reduzido e limitado” com que trabalham e defendeu que é preciso inverter o paradigma, apostando mais na promoção da saúde e prevenção da doença. Nesse campo, realçou o trabalho “extraordinário” que tem sido feito pelo INEM, destacando a equipa pluridisciplinar que o compõe.
“Perturba-me verificar que no nosso país ao longo dos últimos 30 anos tem faltado uma estratégia global para a saúde. Gere-se o país a quatro anos e a pensar nas eleições e isso tem-nos atrasado e conduzido à realidade que vivemos hoje”, concluiu.
Também Nuno Santa Clara, presidente da sub-região do Oeste da Ordem dos Médicos, defendeu que é preciso dar mais destaque à área do pré-hospitalar, sobretudo no caso das Caldas, cuja VMER tem uma taxa de “inoperacionalidade praticamente nula e uma qualidade de trabalho notável”.
O presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, lembrou que a VMER caldense já apresenta 16 anos de trabalho e destacou que são estes profissionais que fazem do SNS “todos os dias cada vez um serviço melhor, mais próximo das pessoas”.
Desfibrilhadores nos pavilhões desportivos
Os pavilhões da Mata e Rainha D. Leonor e o Complexo Desportivo são os três primeiros locais nas Caldas a serem equipados com um dispositivo de Desfibrilhação Automática Externa (DAE). A colocação destes dispositivos que podem salvar vidas resulta de uma parceria da Câmara com a Salvar-Associação Cívica do Oeste (formada por elementos da Viatura Médica de Emergência e Reanimação das Caldas da Rainha), que vai dar formação a 18 funcionários autárquicos.
De acordo com Nuno Pedro, enfermeiro coordenador da VMER das Caldas da Rainha, está também a ser estudada a possibilidade de serem colocados mais dois desfibrilhadores na cidade, um na Rua das Montras e outro junto à Câmara, “disponíveis para utilização de quem esteja devidamente habilitado”. A ideia passa por poder formar alguns lojistas, polícias ou pessoal da junta de freguesia, que depois possam usar o DAE em caso de necessidade.
Com a implementação desta iniciativa as Caldas passa a ser uma das primeiras cidades em Portugal com desfibrilhadores na rua, explicou Nuno Pedro. De acordo com este responsável, a possibilidade de operar dispositivos de DAE era restrita a médicos até 2010, mas a alteração da legislação permite, desde então, iniciar programas de formação “para poderem ser utilizados fora do âmbito hospitalar ou da VMER”.
A equipa da VMER das Caldas da Rainha, que já desde 2003 ministrava cursos de Suporte Básico de Vida em escolas e em instituições que os solicitassem, constituiu-se então como associação e passou a fazer a formação em suporte básico de vida com DAE, sendo, na região Oeste, a primeira entidade credenciada para o fazer.
O objectivo é que o maior número possível de pessoas possam ter formação em DAE pois, em caso de emergência, se o aparelho for usado entre os primeiros três a cinco minutos a probabilidade de recuperar o doente varia entre os 50 e os 80%. O desfibrilhador só pode ser utilizado em pessoas que não têm sinais de vida pois trata-se da aplicação de uma corrente eléctrica num doente, fazendo com que o sangue volte a circular.
[caption id="attachment_115418" align="alignnone" width="850"] O aparelho, quando usado entre os primeiros três a cinco minutos, permite uma taxa de recuperação entre os 50 e os 80%. – Fátima Ferreira[/caption]