O Hospital Veterinário Nobrevet abriu há 10 anos. Veio colmatar no concelho a falta de um serviço 24 horas por dia, todo o ano, de assistência veterinária. Joana Nobre acreditou nessa altura que seria uma boa aposta e vê com agrado a evolução que a sua clínica teve até hoje. A médica veterinária considera que os donos têm cada vez mais afecto e cuidado com os seus animais de estimação.

Joana Nobre formou-se como médica veterinária e começou a carreira a trabalhar em clínicas em Lisboa e na Lourinhã, mas estava decidida em ter a sua própria clínica na sua cidade, as Caldas da Rainha.
“Senti na altura que as Caldas estava bem servida em termos de clínicas, mas havia falta de um serviço 24 horas. As pessoas não tinham onde se dirigir fora de horas, ou aos fins-de-semana”, contou à Gazeta das Caldas.
Assim fez e em Dezembro de 2008 abria o Hospital Veterinário Nobrevet. A cidade passava a ter uma clínica onde as pessoas se podiam dirigir a qualquer hora em caso de urgência com os seus animais de estimação.
A Nobrevet começou com uma equipa de três elementos. Desde essa altura sofreu uma grande evolução, a todos os níveis.
“Fizemos uma aposta forte na área da medicina e nas de cirurgia de tecidos moles e de ortopedia”, diz Joana Nobre. A clínica dispõe de banco de sangue, com unidades de sangue sempre disponíveis para dar resposta às urgências e à cirurgia. Houve também uma aposta no serviço ao domicílio, para dar acesso aos serviços veterinários às pessoas que não se podem deslocar.
Outra área que a Nobrevet tem desenvolvido é a dos animais exóticos, com pessoal especializado e em constante actualização para acompanhar uma área que está sempre a evoluir.
Os três colaboradores iniciais passaram a 14, com nove médicos e cinco enfermeiros e auxiliares. Joana Nobre destaca que o aumento da equipa é algo que a toca de forma especial, porque possibilitou a pessoas do concelho encontrar aqui o seu emprego, e também já trouxe pessoas de foram, como de Lisboa, ou Torres Vedras.

MODERNIZAÇÃO É FUNDAMENTAL

A Nobrevet sofreu também uma grande evolução em termos tecnológicos. “Procuramos acompanhar os avanços da medicina, e nestes últimos 10 anos eles foram enormes”, realça Joana Nobre, tanto em termos de equipamentos, como em meios de diagnóstico.
Esse acompanhamento envolve investimentos significativos, mas que são tão necessários como a formação dos meios humanos para que a capacidade de resposta seja a melhor possível.
Neste ano de 2018 chegaram à Nobrevet dois novos equipamentos importantes: uma nova máquina de anestesia com ventilador automático e uma nova máquina de análises bioquímicas, com mais parâmetros de análise em relação à que veio substituir. A primeira vem melhorar a segurança do procedimento de anestesia. A segunda vem tornar as análises mais precisas e aumentar também a rapidez dos resultados, que são obtidos em apenas 10 minutos, “o que faz toda a diferença”, sublinha.

HÁ MAIS PREVENÇÃO

Joana Nobre nota muitas diferenças também no cuidado que os donos têm com os seus animais de estimação. “As pessoas preocupam-se cada vez mais com os seus animais de estimação, eles fazem parte da família e quando animal não está bem a família também não está”, observa. Por isso, as pessoas procuram mais o médico veterinário para actuar em prevenção, quer através da realização de check up, quer através da vacinação e das desparasitações.
Além dos benefícios óbvios para a saúde dos animais, também os há para os donos, que não ficam expostos a possíveis transmissões de doenças e poupam na conta dos tratamentos. “Uma vacina custa 20 euros, o tratamento da doença pode custar 100 ou 200 euros”, nota. E também para os profissionais da saúde se torna mais fácil prevenir do que tratar.
O estreitar dos laços entre os donos e os seus animais é algo que apraz registar a Joana Nobre, mas por vezes torna a sua actividade mais difícil. “É complicado lidar com as emoções, esta é uma profissão exigente por isso. Há uma carga emotiva muito grande e nem sempre é fácil lidar com expectativas dos donos”, afirma Joana Nobre, acrescentando que é fundamental ter tempo para conversar com as pessoas e perceber as emoções inerentes até à fase que está a passar.
Além dos cuidados de saúde, Joana Nobre acredita que as recentes alterações legais e a exposição das redes sociais têm contribuído para desacelerar os maus tratos a animais. “Antes não havia repercussões para os maus tratos e as pessoas pensavam que estavam acima de tudo. A legislação ainda tem falhas, há um caminho a percorrer, mas se as pessoas não o fizerem por compaixão ou por bondade, pelo menos que não façam por medo de represálias”, concluiu.
Ao longo destes 10 anos o Hospital Veterinário Nobrevet já tem muitas recordações. Joana Nobre diz que se torna interessante acompanhar o mesmo animal ao longo de todo o seu percurso de vida e as suas várias fases. Isso é algo que tem acontecido, até porque alguns dos pacientes a acompanharam das experiências que tinha tido anteriormente. Entre as histórias engraçadas, a médica veterinária destaca que já aconteceu por diversas vezes cães que se perderam irem ter à Nobrevet. Mas os casos que mais marca deixam em Joana Nobre são os de maus tratos. “Eles são seres inocentes e indefesos, não têm vaidades, rancores ou ódios, e mesmo mal tratados aceitam sempre a ajuda e dão algo em troca, por isso poder ajudá-los é muito marcante”, concluiu.