João Vitor Dinis
médico
A inflamação do ouvido, conhecida como otite, é uma das infeções mais frequentes nas crianças e pode ser externa, da membrana do tímpano para fora, ou média quando acontece da membrana para dentro. Este último espaço, o ouvido médio, contem ar que se liga à faringe, atrás do nariz, por um canal, a trompa de Eustáquio, e é onde se encontra parte do mecanismo da audição. Nas crianças em crescimento, qualquer infeção pulmonar, da garganta e do nariz facilmente propaga-se pelo canal, que nelas é mais curto e horizontal, chega ao ouvido médio e provoca uma otite média.
No recém-nascido pode manifestar-se com irritabilidade ou dificuldade na alimentação. Já em crianças mais velhas, pode haver dor de ouvidos, febre, sensação de “ouvido cheio de água”, sensação de pulsar e diminuição na audição. Caso o tímpano perfure, a dor pode desaparecer, mas surge um corrimento através do canal auditivo externo.
As crianças deverão ser sempre observadas, de preferência pelo médico de família, e a utilização de antibiótico nem sempre é necessária porque muitas vezes a otite média resolve apenas com anti-inflamatório e com uma correta higiene nasal. No entanto, mesmo com antibiótico, se os sintomas não melhorarem em dois ou três dias, as crianças deverão ser novamente observadas. Quando esta doença não é tratada adequadamente, pode haver infeção das estruturas envolventes.
A audição é fundamental para um desenvolvimento adequado da linguagem, por isso, quando uma criança tem otites frequentes, isto é, mais de 3 episódios em 6 meses, ou mais de 4 episódios por ano, deverá procurar ao médico de família por uma referenciação à especialidade de otorrinolaringologia. Deve-se estudar se há alguma condição que leve a que a doença aconteça repetidamente e corrigi-la o mais breve possível. ■