O obidense Filipe Daniel (na fotografia num dos terrenos que anteriormente estava ao abandono) e o alcobacense Sérgio Trindade criaram a nova marca

O obidense Filipe Daniel e o alcobacense Sérgio Trindade juntaram-se para criar uma ginja que, em vez de entrar na discussão acerca de qual a melhor (se a de Alcobaça, se a de Óbidos…), conseguisse unir o melhor destes dois mundos. Foi assim que, em Fevereiro de 2017, iniciaram o projeco da Alcóbidos. Ainda numa fase embrionária, o investimento incluiu a plantação de mais de cinco hectares nos dois concelhos. Neste momento, além da ginja, a dupla de amigos também já produz gin, bebida que está a ganhar expressão

“Entre mosteiros e castelos o sabor da tradição mantém-se”, realçam os produtores da Alcóbidos, uma ginja que, em vez de entrar na discussão acerca de qual a melhor – se a de Alcobaça ou a de Óbidos… -, iria aproveitar o facto de existirem duas ginjas famosas na região e unir o melhor de cada uma num novo licor.
Foi em 2017 que nasceu a marca Alcóbidos, mas a ideia já vinha de 2014 e partiu de uma amizade entre o obidense Filipe Daniel e o alcobacense Sérgio Trindade, que investiram na plantação de pomares próprios, para poderem posteriormente mostrar todo o processo produtivo.
Filipe Daniel trabalha numa multinacional de agroquímicos e tem a sua actividade fruticultora, mas também faz parte da assembleia municipal e da intermunicipal e é presidente da associação de regantes. Já Sérgio Trindade, do Casal da Costa (Alcobaça), é o responsável em Portugal de uma multinacional de agroquímicos.
Já têm 5,5 hectares plantados nos dois concelhos, mas querem continuar a expandir. “Há um aspecto importante, é que estamos a aproveitar terrenos que estavam ao abandono, com grandes cargas de combustível”, explicou Filipe Daniel à Gazeta das Caldas.
De um desses terrenos, onde agora se podem ver dezenas de ginjeiras, saíram milhares de quilos de argila em camiões para fazer o aterro da barragem do Arnóia e depois o terreno ficou abandonado.
Conscientes de que num país como Portugal, “para ser competitivo só apostando na qualidade, porque em termos de escala não é possível”, investiram num produto premium influenciado pelas características únicas do território.
“Os nossos avós já faziam receitas caseiras de ginja e desafiámos um amigo, que é enólogo e já recebeu alguns prémios” para desenvolver uma receita.
O resultado é uma ginja com elas, com “uma base tradicional, mas já com um toque de modernidade”.
Ponto assente para a dupla é que “quando se terminar a ginja dos pomares”, não vão comprar. “O nosso licor é exclusivamente feito com ginja dos nossos pomares e de IGP”, notam os emprendedores, que, por isso, não traçam um objectivo de produção.
Para fazer um produto premium há certos cuidados a ter, como aguardar pelo momento certo para colher a ginja, ainda que isso implique colher menos quantidade e demorar mais tempo na colheita. Depois de colhida, a ginja é logo lavada e introduzida no álcool. “O ideal é nem refrigerar”, explicam.
Esta ginja tem a particularidade de estagiar três anos em barricas de carvalho francês.
Mas um produto premium começa na própria embalagem pelo que tentaram “transmitir requinte na garrafa”. A tampa leva uma peça de cerâmica com uma pintura que torna cada uma única, colada numa rolha de cortiça. “A faiança é característica do Oeste e o formato contrário à forma da garrafa permite criar um efeito de espelho”.
Em termos de design, onde predomina o roxo, o produto já foi premiado. “Ainda não tínhamos o produto à venda e já tínhamos ganho uma medalha de prata de design nos Muse Awards, na Áustria”, salientam.
Nesta fase ainda têm uma unidade fabril de base, mas “muito rapidamente” querem “dar o salto para uma unidade com maior capacidade de resposta”. A aposta numa nova unidade produtiva possibilitará também as visitas para os interessados conhecerem o processo.
Os canais de distribuição estão listados no site, onde, a curto prazo, passará a ser possível comprar online. A dupla está também a trabalhar na internacionalização, inicialmente para o mercado da saudade e depois o mercado do Oriente (China e Macau), “que tem aptidão para bebidas doces” e o mercado do Brasil que “também tem muita apetência para este tipo de produtos”.