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O lançamento da obra, a par da exposição “Gazeta das Caldas, a história que se faz todos os dias”, marcaram o arranque das comemorações do centenário deste semanário
A sala do primeiro andar do Museu Municipal de Óbidos lotou no domingo de manhã, para a apresentação do livro “100 perfis”, de Leonel Cardoso, uma edição numerada e limitada a 100 exemplares. Na apresentação da obra, o diretor da Gazeta das Caldas, José Luís de Almeida Silva, recordou que os perfis (compostos por uma caricatura e versos alusivos ao caricaturado) foram originalmente publicados na Gazeta das Caldas, nas décadas de 60 e 70 do século passado. “Tinha 12 anos quando os perfis começaram a ser publicados e uma das coisas interessantes é que alguns deles eram de vizinhos, pessoas amigas da família, professores da escola, jovens com os quais tinha algum contacto, ou pessoas populares nas Caldas, como era o caso do Mané, do Cabaço e do Henrique dos Jornais”, recordou. Uma seleção que mostrava que e Leonel Cardoso não pretendem apenas “retratar a elite da época da cidade, que se reunia na Zaira e no Casino, mas também outras pessoas que eram muito populares”, concretizou. José Luís de Almeida Silva viria a conhecê-lo mais tarde, recordando alguns momentos, como os Encontros Internacionais de Arte, que decorreram nas Caldas em 1977 e que foram “um momento chocante na cidade, mas que ele aderiu com a sua capacidade de observação de que era um acontecimento moderno”.
Para a filha do Leonel Cardoso, Zita Sotto Mayor, esta apresentação do livro foi “momento muito agradável”, lembrando o trabalho do seu pai e o seu “amor à Gazeta, às Caldas e a sua disponibilidade de tempo, ao serão”, altura em que se dedicava à prosa, poesia e artes plásticas. Leonel Cardoso (1898-1987) nasceu nas Caldas e profissionalmente foi funcionário superior das Alfândegas, embora nunca tenha deixado a sua veia criativa e artística.
Figuras de referência da sociedade civil
Paulo Caiado foi um dos caricaturados do livro (o mais novo), tal como o foi o seu avô materno e o pai. “Quando vejo estas caricaturas recordo-me de cada uma das pessoas que conheci”, recordou, partilhando algumas histórias dos caldenses cujos perfis foram publicados. “O livro contribuiu para fixar um conjunto de pessoas que vão ficando esquecidas”, realçou Paulo Caiado, reconhecendo que atualmente uma rubrica deste género não teria o mesmo impacto e recepção por parte das pessoas. “A sociedade mudou tanto que já nos faltam muito figuras de referência na sociedade civil caldense”, disse, lembrando que o caricaturista retratou todas as classes sociais. Também retratado, Vítor Sebastião, de 90 anos, lembrou a criação da galeria Tertúlia Artes e Letras, na década de 60, “que marcou as Caldas”, ao trazer, por exemplo, uma exposição de Picasso, e a apresentação de vários livros.
Presente na cerimónia, a vereadora da Cultura, Margarida Reis, deixou uma “palavra de reconhecimento” à Gazeta das Caldas por participar na celebração do “livro e da leitura” e o seu “orgulho” em participar na homenagem a Leonel Cardoso e celebração do centenário do semanário. Referindo-se ao Folio, que este ano integra mais de 600 iniciativas, Margarida Reis, realçou a proximidade que tem havido, nas últimas edições, à região e comunidade local. “Por isso faz todo o sentido esta homenagem e estamos sempre abertos a podermos ter connosco as pessoas que também connosco trabalham no dia a dia”, concretizou.
Também no primeiro andar do Museu Municipal encontra-se patente, durante o festival, a exposição “Gazeta das Caldas, a história que se faz todos os dias”, que reúne exemplares da longa história deste semanário, juntamente com livros, suplementos e revistas publicadas, e ainda projetos artísticos como a cerâmica de autor.
O livro “100 perfis”, de Leonel Cardoso, será também apresentado nas Caldas, a 9 de novembro, pelas 16h00, no espaço do café do CCC. ■
