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Foi com “salas sempre cheias” e muita gente nas ruas de Alcobaça que decorreu mais uma edição do Marionetas na Cidade. A companhia alcobacense S.A.Marionetas – Teatro & Bonecos deu mais uma vez provas de que estas andanças não são apenas para crianças e ao longo de seis dias animou a cidade de Alcobaça com espectáculos, tertúlias e muitos bonecos espalhados pelas montras do comércio tradicional.
A grande adesão de pessoas às várias propostas da 14ª edição do festival de marionetas levam José Gil, da S.A.Marionetas a afirmar que “é sinal de que, mesmo sem apoios, o público gosta do Marionetas na Cidade”. A falta de apoios da Direcção-Geral das Artes chegou mesmo a pôr em causa a realização do festival, que acabou por avançar graças à “muita boa vontade” de entidades e empresas locais e das companhias participantes.
Ainda que mais prolongado no tempo, o festival deste ano acabou por ter menos espectáculos que algumas edições anteriores. “Mesmo assim, as outras iniciativas tiveram uma afluência excelente”, garante José Gil, que estima que cerca de quatro mil pessoas tenham assistido às propostas da programação deste ano, muitos deles homens e mulheres feitos.
“Desde sempre que o teatro de marionetas não é um teatro de crianças, mas sim também para crianças” diz José Gil, acrescentando que “ao fim de 14 anos de festival já há pessoas que dizem que vão aos espectáculos mas que não levam os filhos porque sabem que aqueles espectáculos são para adultos. Isto é uma vitória muito grande”, congratula-se o bonecreiro alcobacense.
Aos adultos atraem mais os espectáculos marcados para a noite. Já as crianças são espectadores habituais das peças que durante o fim-de-semana percorrem o centro da cidade, tendo como palcos privilegiados a envolvente do Mosteiro de Alcobaça e a zona do Mercado Municipal. E com o tempo a ajudar, muitos eram os petizes que se sentavam no chão para assistir aos teatros de bonecos e darem umas valentes gargalhadas.
Também muito participado foi o workshop para pais e filhos que se realizou ao início da tarde de domingo na Praça 25 de Abril, onde cada criança pôde fazer o seu próprio “Olharapo”. Outra novidade deste ano foi o Mercadinho de Marionetas, onde se podiam comprar alguns produtos relacionados com o teatro de marionetas.
Em tempos de crise, e dado o silêncio da Direcção-Geral das Artes “que nem sequer deu resposta” aos pedidos da S.A.Marionetas, o futuro do festival é incerto. “Da nossa parte ficou prometido que para o ano se fazia outra vez, porque são 15 anos de festival e 15 anos de companhia e é uma data que queremos assinalar”, diz José Gil. E depois? “Depois não se sabe!”.
Alcobaça acolhe sede da UNIMA Portugal
Um dos pontos altos do 14º Marionetas na Cidade foi a inauguração, em Alcobaça, da sede da UNIMA-Portugal (União Internacional da Marioneta). Um espaço que vem cumprir um sonho antigo e que surge agora graças a um protocolo com o Município de Alcobaça.
Com 82 anos, a UNIMA, “a mais antiga associação de artistas de teatro do mundo”, é uma Organização Não Governamental com órgão consultivo na UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e está presente em cerca de sete dezenas de países. Chegou a Portugal na década de 80, juntando diversas pessoas ligadas ao teatro de marionetas. Acabaria por estar adormecida durante quase duas décadas, sendo reactivada há cerca de quatro anos com a eleição de uma nova direcção, presidida por José Gil.
Agora, quando se prepara para ser um Clube UNESCO no próximo ano, a UNIMA-Portugal vai ter um centro de documentação “que vai encher muito brevemente”, afiança o presidente da direcção. Um protocolo assinado com a Universidade de Évora, que tem uma licenciatura em Teatro, vai permitir que este espaço se torne “um centro de informação privilegiado” no que diz respeito ao teatro de marionetas no país.
Na inauguração da sede, realizada na tarde de sábado, dia 15, estiveram presentes o secretário-geral da UNIMA Internacional, Jacques Trudeau, um representante da UNESCO, o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio, e mais de meia centena de companhias que se dedicam à arte da marioneta, “o que representa mais de 90% da totalidade das companhias de teatro de marionetas do país”, diz José Gil.
