Monólogo de Gil Vicente em ante-estreia no Museu Malhoa

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Notícias das Caldas
A actriz Eunice Correia deambulou pela Sala Malhoa representando a fome e a sede numa Lisboa infectada pela peste negra | D.R.
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O monólogo “Pranto da Maria Parda”, de Gil Vicente, foi apresentado em ante-estreia no Museu Malhoa a 24 de Março.
Quem lhe deu vida foi a actriz Eunice Correia, numa encenação de José Ramalho. A peça foi assistida por 40 pessoas e decorreu no âmbito da programação Ares de Arte no Parque, antecipando a comemoração do Dia Mundial do Teatro (27 de Março).
Nesta interpretação, Maria Parda surgiu com o seu vestido largo e pesado e deambulou no espaço cénico na Sala Malhoa à procura das figuras que representam seis taberneiros a quem pede vinho para acalmar a sua secura.

Estes últimos são representados por esculturas (marionetas) que simbolizam a decadência dos valores humanos como a sovinice, o semitismo, a falta de generosidade e de solidariedade perante esta mulher beberrona, que vagueia pelas ruas de Lisboa.
Maria Parda, sempre em busca de vinho, representa também a fome do povo e a miséria que se instalou em Lisboa nos finais de 1521, após a morte de D. Manuel I. E é num espaço cénico vazio, despojado, obscuro, reflexo da fome, da sede e de abandono, que Parda sente na sua Lisboa pós-peste negra, “na triste era de vinte e dous…”.
Segundo o encenador José Ramalho, este é um espectáculo “simbolicamente ritualista de rito de passagem da vida para a morte, de cerimonial e com desfecho sacrificial”.
A actriz Eunice Correia foi a Rainha do Carnaval caldense de 2016 e também deu vida à personagem Saloia quando foi apresentada a Rota Bordaliana.
O monólogo dirige-se ao público jovem e adulto e pode ser representado tanto em sala, como na rua.

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