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Autodidata vive nas Caldas há dois anos. O artista expõe no Turismo e prepara mostras para outros locais
O brasileiro Veloz (Lucas Veloso) é um autodidata que se dedica à arte urbana e que se encontra a expor quatro dezenas de trabalhos na galeria do Posto de Turismo das Caldas da Rainha.
Em “Obsessões e Intersecções” podem ser apreciadas obras onde surgem rostos e traços de animais, numa ligação entre o homem e a Natureza. Nalgumas das propostas, confunde-se a presa com o predador, enquanto que noutras misturam-se o gato, a onça e outros felinos.
O artista continua a trabalhar temáticas onde há metamorfoses entre humanos e vários animais.
“Todos temos esta dualidade ligada ao instinto animal”, disse o autor, que para se expressar, recorre a materiais que vão desde a caneta, ao pastel, ao óleo, à tinta acrílica ou ao spray em obras de várias escalas.
Estão presentes na exposição também auto-retratos e alguns sonhos futuros que o artista gostaria de realizar. Também de vários animais retratados com cores fortes e alguns com ar um pouco agressivo.
Lucas Veloso partilhou que gosta de experimentar diferentes superfícies. Além das telas trabalha também sobre madeira e, inclusivamente, pinta em plástico.
“Não faço estudos prévios, pinto diretamente na tela final”, contou o autor à Gazeta das Caldas, enquanto faz uma visita guiada pela exposição. Nela estão presentes diferentes séries, com trabalhos que impressionam pela grande escala.
Da mostra fazem parte algumas esculturas cerâmicas, as primeiras peças deste autor que parecem saltar das telas ao ganhar tridimensão no barro.
Presentes estão também máscaras de cerâmica, que representam macacos, numa nova experimentação e também uma nova vertente do seu trabalho artístico.
Das Caldas para o mundo
Lucas Veloso é natural de Santa Catarina (Florianópolis) veio morar para o Oeste há alguns anos, mas antes de se instalar nas Caldas da Rainha morou na Foz do Arelho.
Na cidade termal tem agora o seu ateliê, onde cria obras que vende sobretudo para o estrangeiro.
Além das Caldas, Lucas Veloso está, ainda, a participar numa mostra coletiva em Lisboa. Esta foi organizada por um jornal que trabalha com artistas emergentes.
Tratou-se de uma oportunidade de dar a conhecer o seu trabalho que também tem uma vertente política.
“Apresento um trabalho que é um carro da polícia em chamas”, disse Veloz, explicando que, além da corrupção, a brutalidade policial “é mais um grave problema” para o qual “é preciso chamar a atenção”, e que, na sua opinião, é preciso resolver no Brasil.
De resto, Veloz mostra-se contra o atual presidente, posição expressa numa das esculturas “Fora Bolsonaro!”, que representa um protesto contra o político, que surge na peça vestido como um palhaço.
Em breve, terá a oportunidade de apresentar o trabalho em Amesterdão, cidade onde também já viveu previamente, a par com Dublin e Califórnia.
“A ideia é que possa dar a conhecer o meu novo trabalho por lá”, referiu o artista, que está também a dar os primeiros passos no vídeo, fazendo sempre grande uso das redes sociais.
É, aliás, através do Instagram as suas últimas criações e que são expedidas para os seus clientes para diversos países da Europa, nomeadamente da Alemanha e Espanha.
O brasileiro, que divide o ateliê no centro das Caldas, vai estar sempre ligado à cidade, pois foi cá que nasceu a sua filha, Maria Flor.
Além das artes, Lucas Veloso tem alguma formação em cozinha mas, na atualidade, dedica-se a tempo inteiro à sua pintura de intervenção.
O artista brasileiro que, por agora quer viver durante uma temporada nesta região, acalenta ainda a vonatde de se poder estabelecer noutros países europeus.
Lucas Veloso gostava ainda de um dia viver e trabalhar nos EUA. “Viver outras culturas é sempre importante e tem influência nos nossos trabalhos”, rematou o autor, rendido aos encantos da cidade termal. ■
