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Quase três anos depois de ter sido eleito o número 2 da lista do PSD para a Câmara da Nazaré, António Salvador renunciou aos pelouros de Ordenamento do Território Planeamento e Urbanismo, Desenvolvimento Económico e Trânsito que lhe tinham sido atribuídos pelo presidente da Câmara, Jorge Barroso. A decisão foi anunciada na reunião de executivo da passada segunda-feira, dia 17 de Setembro, e justificada pelo facto do social-democrata não se rever “em algumas das opções e soluções de fundo que têm sido postas em prática neste mandato”. Soluções que António Salvador acredita que “podem ter um impacto negativo na economia das pessoas e das famílias, sobretudo tendo em conta a actual situação do país”.
A ruptura com Jorge Barroso, “despoletada pela decisão de concessionar a gestão dos serviços de água e saneamento”, deixa o presidente da Câmara sem maioria no executivo, tal como tinha acontecido em 2007, quando o autarca demitiu o vice-presidente da altura, Reinaldo Silva, retirando-lhe os pelouros atribuídos e o cargo de vereador a tempo inteiro. E nessa altura foi precisamente António Salvador quem passou a apoiá-lo.
Agora é este que renuncia ao regime de tempo inteiro, “prescindindo de receber qualquer ordenado ou vencimento”. Ainda assim, António Salvador garante que vai cumprir “integralmente” o seu mandato de vereador eleito pelos nazarenos.“Não poder cumprir o que defendi junto da população, por razões alheias á minha vontade” e “não ser esta a estratégia e o caminho político que defendi junto da população”, foram outras razões apontadas para uma decisão que diz ter sido ponderada e que, espera, em nada afectará a relação “cordial e adequada” que tem mantido com o presidente da autarquia.
À Gazeta das Caldas o presidente da Câmara, Jorge Barroso, diz que a decisão de António Salvador “é uma atitude legítima e frontal de quem tomou a posição que considerou ser a mais correcta, o que respeito. Foi bom ter trabalhado com o vereador António Salvador. Espero poder continuar a trabalhar com ele”.
De volta à Câmara das Caldas
No dia seguinte à renúncia ao cargo de vereador a tempo inteiro, António Salvador regressou às suas funções como arquitecto na Câmara das Caldas da Rainha. Mas a ligação à cidade termal não se fica por aqui.
Em 2010 o Grupo Oeste Capital, presidido pelo autarca e que já detinha o Região da Nazaré, comprou o Jornal das Caldas. Além disso, em Janeiro deste ano, António Salvador passou a ser militante do PSD caldense, pedindo transferência da secção concelhia da Nazaré para a das Caldas.
À Gazeta das Caldas o social-democrata explica que a razão desta mudança teve como objectivo “contribuir para a serenidade do partido” na Nazaré, onde as eleições para os órgãos concelhios estavam a ser constantemente adiadas. “Fi-lo no sentido de resolver aquilo que eu senti que era um problema por parte dos militantes, de acalmar algum nervosismo. Diziam-me que havia algum receio por parte de algumas pessoas que eu me candidatasse à secção”, explica. Receio esse que acredita ficar a dever-se ao “sucesso nas iniciativas em que estive envolvido”, como as eleições autárquicas de 2009, onde o PSD alcançou “o melhor resultado de sempre”, e os resultados alcançados pela lista de Fernando Costa para a Comissão Política Distrital do PSD de Leiria, da qual é membro efectivo. O nazareno é ainda o presidente do Secretariado Distrital dos TSD/PSD.
António Salvador garante que “não há ruptura com o PSD da Nazaré, mas sim uma tentativa de não criar problemas”. Ainda assim, quando o questionamos se tenciona voltar a ser militante do PSD na sua terra natal, a resposta é rápida: “não creio que isso vá acontecer”.
A ser verdade, e caso os estatutos do partido se mantenham, António Salvador não poderá ter cargos nas estruturas concelhias nazarenas do partido, só podendo agora fazê-lo nas Caldas da Rainha.
Joana Fialho
jfialhogazetadascaldas.pt
