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Criar uma receita especial de cerveja para a época natalícia é uma tradição antiga dos povos do Norte da Europa. Mas provavelmente o seu início nada teve a ver com o Natal.
Os vikings faziam-no a 21 de Dezembro numa festa dedicada ao deus Odin. Todas as famílias tinham de fazer a sua cerveja. Houve mesmo uma lei na Noruega (de 920) que obrigava a produção de cerveja e com os melhores ingredientes. Caso contrário, a fazenda poderia ser confiscada.
Hoje as cervejas de Natal ainda fazem tradição, por exemplo na Dinamarca e na Noruega (com a julebryg), ou na Alemanha (a weihnachtsbier). Outro nome pelo qual são conhecidas as cervejas de Natal é winter warmers (aquecedores para o inverno), pelo alto volume de álcool e gosto encorpado.
Na Dinamarca todos os anos se celebra o J-dag, o dia de lançamento da cerveja natalícia. É sempre à primeira sexta-feira de Novembro às 20h59.
Crê-se que a associação da cerveja ao Natal terá vindo pela mão dos frades e monges. Certo é que a tradição chegou agora às Caldas pela cerveja Bordallo, que criou a sua receita natalícia: com 9,5% de volume de álcool, que são o resultado dos muitos cereais adicionados.
“Esta é uma época de exageros e nós quisemos fazer uma cerveja exagerada no sabor e no álcool”, explicou à Gazeta das Caldas, Pedro Azevedo, um dos criadores da cerveja caldense. “Enquadra-se no que se quer de uma Christmas Ale, encorpada, mais escura e com menos gás”, esclareceu.
Malte, especiarias, lúpulos e levedura são os ingredientes utilizados. “Não são cervejas para estar na esplanada a beber duas ou três seguidas, são mais como o vinho, para acompanhar uma refeição”, acrescentou.
Para esta edição especial contaram com a ajuda de Teresa Olhero, que pensou numa adaptação da obra “O Burro e a Albarda”, de Bordallo Pinheiro, em que na albarda do burro vão os vários impostos, os combustíveis e a banca.
“Nesta fase que o país atravessa, a crítica social e política de Bordallo Pinheiro é actual”, fez notar.
