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O busto de Raul Proença foi deslocalizado para a frente da casa onde nasceu e viveu o escritor. Esta mudança agrada aos moradores, que consideram que naquele local a escultura “ganhou dignidade”.
Esta foi uma das alterações resultantes da intervenção que está a ser feita no Largo João de Deus desde meados de Setembro de 2011 e que se encontra na sua recta final, quase seis meses depois do início.
Emanuel Brás, morador no Largo João de Deus, considera que esta alteração da escultura traz um “efeito surpresa” a quem ali chega. Uma opinião que é partilhada pelo vizinho, Fernando Sousa, que lembra que foram os próprios moradores a sugerir esta alteração.
“Onde estava anteriormente [no meio do Largo] era um mamarracho, aqui ganhou outra dignidade”, referiu o morador, acrescentando que assim está próximo da casa onde nasceu em 1884 o escritor e criador do “Guia de Portugal”. O edifício está devidamente assinalado com uma placa de homenagem da Gazeta das Caldas, colocada em 10 de Maio de 1964, aquando da celebração do seu 80º aniversário. Também foi por iniciativa do nosso jornal que no primeiro centenário do nascimento, conjuntamente com a Câmara Municipal e outra entidades, foi realizada uma homenagem que culminou com a colocação do monumento.
As obras de recuperação largo João de Deus estão quase concluídas, mas ainda há algumas situações que faltam terminar, nomeadamente em relação ao estacionamento e às tampas a colocar na via pedonal, que ainda não estão revestidas a pedra de passeio.
“Acho que o largo ganhou muito, ficou mais luminoso”, conta Emanuel Brás, destacando que esta intervenção permitiu também melhorias ao nível do subsolo, como a separação das águas pluviais das águas do saneamento, que ainda não existia naquela zona.
Por resolver está ainda a situação da escada da Ermida do Espírito Santo, cuja reconstrução “não seguiu os critérios iniciais”, denuncia o morador.
Diálogo com a autarquia e críticas ao CHON
Embora considere que “não houve problemas de maior” com a intervenção, Emanuel Brás destaca que, em alguns casos, devia ter havido mais atenção para com os moradores, nomeadamente em casos de casas com bebés em que faltaram durante a obra as rampas de acesso.
Fernando Sousa também faz um balanço positivo desta intervenção, desde logo porque gerou uma “dinâmica exemplar”, com a participação dos moradores do largo. De acordo com o morador o projecto inicial continha “atrocidades”, mas quando tiveram conhecimento delas, na sua apresentação pública, conseguiram fazer as alterações necessárias. “Juntaram-se os habitantes, criaram-se consensos e as pretensões foram ouvidas do outro lado [da Câmara]”, disse à Gazeta das Caldas.
Fernando Sousa acrescentou ainda que, em relação às tampas dos esgotos há o compromisso para que estas fiquem empedradas, à excepção das que estão nas vias de circulação, assim como da reformulação da escadaria do templo religioso, que num primeiro projecto tinha prevista a criação de um muro, que “alterava radicalmente a leitura, mesmo em termos simbólicos, de acesso à igreja”.
Também as três amoreiras e o ácer que existem no largo, inicialmente eram para ser retiradas e estavam previstos menos lugares para estacionamento.
A empreitada de valorização do centro histórico e envolvente dos hospitais é feita no âmbito do projecto Provere – Programa de Valorização das Estâncias Termais da Região Centro, após aprovação de uma candidatura apresentada pela Câmara das Caldas em parceria com o Centro Hospitalar. A obra, num montante superior a 500 mil euros, é comparticipada por fundos comunitários a 75%, cabendo o restante à autarquia.
Fernando Sousa destaca ainda que os moradores do largo querem agora dialogar com a administração do Centro Hospitalar para que comece a ser feita a preservação da ermida do Espírito Santo e do património que possui naquela zona. “Há um legado histórico que temos que preservar”, afirma o morador, que deixa algumas criticas à actual administração, nomeadamente a de se preocupar unicamente com o hospital distrital, deixando deteriorar-se os outros serviços, nomeadamente do Termal.
“O Hospital Termal é a essência das Caldas e qualquer uma das administrações anteriores preocupava-se com as Caldas e em que houvesse uma melhor comunicação com a cidade”, concluiu.
O vereador Hugo Oliveira confirmou à Gazeta das Caldas que a escadaria da ermida será corrigida e que a intervenção no Largo João de Deus estará terminada nas próximas semanas. Ao mesmo tempo irão começar as do Largo do Termal, integradas na mesma empreitada.
Hugo Oliveira reconhece que deu uma atenção especial à intervenção no largo João de Deus por se tratar de uma “zona histórica e, por isso, mais sensível”. Também destacou a envolvência dos moradores, com quem conversou mais de uma dezena de vezes, salientando que “qualquer projecto quando é participado é melhor”.
As obras no largo João de Deus
Tiveram início no dia 13 de Setembro, as obras de regeneração urbana e revitalização do centro histórico das Caldas da Rainha, inseridas no âmbito do projecto PROVERE – Programa de Valorização das Estâncias Termais da Região Centro – Valorização do Centro Histórico/Envolvente dos Hospitais.
Quatro meses passados, a primeira intervenção, no largo João de Deus e ruas adjacentes, está a terminar, deixando já antever o que esse espaço considerado por muitos um ex-libris das Caldas da Rainha, ficou a ganhar!
Duas destas fotos ilustram bem o estado de desleixo e de caos ao nível de estacionamento a que o largo foi deixado durante muitos anos. O desprezo a que esta zona histórica foi votada ao longo dos tempos levou a uma degradação na singularidade urbanística e arquitectónica que a caracteriza, bem como no papel de relevante centralidade que no passado teve na vivência e dinamismo da estância termal.
Que se lhe dê agora o devido mérito, pois é o berço desta cidade.
S. G.
