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“Onde anda o Zé?”. Esta é a pergunta que alguns caldenses fazem acerca do sem-abrigo mais conhecido da cidade.
“O Zé está bem e há um ano que o temos connosco”, disse Maria Sofia Santos, uma das suas irmãs, que o acolheu na sua casa, na Torre (Salir de Matos). Foi aliás a própria família que contactou a Gazeta das Caldas para dar a conhecer aos caldenses o paradeiro do Zé.
José Alfredo Garcia Santos – o Zé – tem 68 anos e fisicamente está bem de saúde na companhia dos seus familiares, depois de muitos anos a dormir na rua porque recusava a ajuda da irmã.
Quando ficava doente era sempre Maria Sofia que era contactada e que o vinha buscar para a Torre. O problema é que assim que se recompunha das maleitas, o Zé punha-se a caminho até chegar às Caldas. Houve ainda quem tentasse colocá-lo numa instituição em Alcobaça, mas ele “também não se aguentou lá”, contou a irmã.
O Zé sofre de perturbações mentais após ter sofrido de meningite aos três anos. “A vida não nos foi fácil, tivemos uma infância muito difícil”, contou Maria Sofia, explicando que o Zé acabou por ficar pelas Caldas ao cuidado de uma senhora que vendia na Praça e a quem ajudava na venda. O irmão, João, foi para a Casa Pia e as irmãs, Maria Sofia e Belmira, ficaram ao cuidado de uns tios.
Agora Maria Sofia conta que o Zé tem tudo o que precisa e continuará a tomar conta do irmão enquanto puder. “Ele é como uma criança”, disse.
Em Junho de 2009 o sem abrigo mais conhecido das Caldas foi participante passivo de uma intervenção de uma aluna da ESAD que lhe criou uma casa na paragem do autocarro na Praça da Fruta onde habitualmente ele dormia. Conhecendo a sua história, a estudante resolveu criar-lhe um lar e trouxe-lhe um colchão, mantas, simulou estantes de livros e janelas com cortinas e criou uma agradável sala de estar com mesa e cadeiras. O Zé gostou, claro. Mas ao fim do dia a casa foi desfeita. Salvou-se um vídeo desta experiência que, curiosamente, chegou a fazer muito sucesso no Youtube.
