“Um bom empreendedor não deve tentar resistir às mudanças, mas sim encará-las como oportunidades”

Pelo terceiro ano consecutivo, a Biblioteca Municipal das Caldas juntou-se às comemorações do Dia Internacional da Mulher com a dinamização de uma palestra cem por cento no feminino. Depois de já ter convidado mulheres ligadas às artes e ao associativismo, este ano o convite da Biblioteca dirigiu-se a três empresárias caldenses. Hélia Silva, Teresa Henriques e Isa Nobre foram as oradoras que, no passado dia 10 de Março, estiveram à conversa sobre o tema do empreendedorismo.

O que fazem juntas uma florista, uma cake designer e uma fabricante de empadas e bolachas? Até que se poderiam cruzar na organização de um evento, mas no passado sábado o encontro deu-se foi na Biblioteca Municipal. Tema de conversa? O empreendedorismo.
“Sobreviver no comércio tradicional não é fácil hoje em dia”. Quem o diz é Hélia Silva, proprietária da Hélia Arte Floral desde 1995. A empresária, que também é fundadora da Cooperativa de Arte Floral e que se tem dedicado – além das flores – à organização de eventos (casamentos, baptizados e outras festas), é da opinião que um dos segredos para o sucesso é a flexibilidade à mudança. “De nada adianta dizermos que antigamente é que era, que antigamente é que tínhamos a loja cheia de clientes. Temos que aceitar que a realidade mudou”, afirmou a florista, realçando que hoje as pessoas compram mais por telefone e pela Internet do que presencialmente. “Actualmente preciso muito mais de ter uma funcionária na loja para responder aos e-mails e gerir as redes sociais do que para atender clientes”, acrescentou Hélia Silva.
Numa altura em que os negócios não vivem sem as redes sociais, Isa Nobre chamou a atenção para a importância do vídeo como um dos formatos mais eficazes para a divulgação das marcas. “Mais do que as imagens, os vídeos permitem-nos mostrar aos clientes que somos reais e estabelecer relações mais fortes com as pessoas”, disse a proprietária da Gramas com Sabor, marca de empadas e bolachas que conta com uma banca própria na Praça da Fruta.
E se actualmente o negócio está em franco crescimento, nos primeiros meses Isa Nobre e o marido vendiam pouco. Faltava-lhes o conhecimento para saber como chegar aos clientes, adquiriram-no com uma formação em Marketing Digital. “Em oito meses as vendas começaram a aumentar significativamente e melhorámos em muito a comunicação com os nossos clientes”, revelou a empresária, acrescentando que um bom empreendedor será sempre alguém com “sede de fazer coisas novas e que encara os obstáculos como novos desafios e não necessariamente como problemas”.
Quando a crise bateu à porta, o desemprego levou muitos portugueses a arregaçarem as mangas e lançarem-se nos seus próprios projectos. A cake designer Teresa Henriques é um exemplo deste tipo de empreendedorismo. “Há 18 anos vi-me desempregada e a única coisa que sabia fazer era o pastel de nata. Decidi abrir a minha pastelaria, os dois primeiros anos correram bem mas o terceiro nem por isso”, contou a caldense, que então decidiu fazer as malas e durante seis meses fazer formação em cake design em Inglaterra. Isto numa altura em que pouco ou nada se falava de decoração de bolos em Portugal. Quando regressou, decidiu arriscar e criar a sua escola (Academia Professional de Cake Design) que actualmente dá cursos certificados pelo Estado. Entre prémios e livros publicados, Teresa Henriques tem conciliado a sua carreira de cake designer – “nunca deixei as minhas clientes, continuo a pôr a mão na massa” – com a a área da formação.
Presente na palestra, Maria Conceição Pereira, vereadora da Câmara, lembrou que há uns anos as mulheres tinham que fazer muito mais que os homens para que o seu trabalho fosse igualmente valorizado. “E depois havia áreas como o ensino ou a enfermagem em que se falava muito no feminino, enquanto as áreas tecnológicas eram entregues aos homens. Hoje, felizmente, as possibilidades são as mesmas e isso deve-se à coragem e tenacidade de muitas mulheres que lutaram pelos seus direitos”, frisou. Contudo, relembrou a autarca, ainda existem desigualdades entre os géneros em Portugal, principalmente ao nível dos salários e à ocupação de lugares cimeiros nas empresas e na política.
Além desta iniciativa, o programa de celebração do Dia Internacional da Mulher nas Caldas – promovido pelo Gabinete de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica (GAVVD) do município – incluiu também um concerto da Orquestra Ligeira Monte Olivett no Museu Leopoldo de Almeida e animação na Rua Miguel Bombarda, com a actuação do Grupo de Bombos da ETEO e distribuição de flores.

Exposição de fotografia na Biblioteca Municipal

A exposição “Projecto Um – Padrões e Transparências”, da autoria do fotógrafo Carlos Barroso, encontra-se patente na Biblioteca Municipal das Caldas desde o passado dia 10 de Março, depois de já ter passado pelo Museu José Malhoa e pelo Parque D. Carlos I. As fotografias desta exposição põem não só em evidência a figura feminina como locais da região que são desconhecidos pela maioria da população (Lagoa de Óbidos, Gruta do Pêgo, Almofala, Salir de Matos, Secla, Pavilhões do Parque, Serra do Bouro e Paul de Tornada são alguns exemplos). “Estas imagens são também uma memória porque há locais que de aqui a algum tempo não estarão exactamente como foram retratados nestas fotografias, como o moinho das Boisias em Alvorninha que já está a ser recuperado”, frisou Maria Conceição Pereira, vereadora da Câmara das Caldas.
Ao todo estiveram envolvidas neste projecto nove modelos femininas (Ana Cruz, Maria Caldeira, Sara Inês, Mara Pereira, Daniela Cortêz, Daniela Crismaru, Melina Santos, Vera Nogueira e Cláudia Morais).  Foi elaborado um catálogo, que está à venda na biblioteca e cujo valor reverterá a favor do Centro de Acolhimento Temporário da Santa Casa da Misericórdia das Caldas. Quem não quiser comprar o catálogo pode ajudar de outra forma, doando bens que fazem falta à instituição, como roupa, material escolar e brinquedos.
Carlos Barroso é fotógrafo desde 1989, tendo formação no Ar.Co, Cenjor e no Instituto Politécnico de Tomar. Fotojornalista desde 1991, já passou por vários órgãos de comunicação social, entre eles a Gazeta das Caldas. Actualmente é o fotógrafo oficial da Câmara das Caldas.