Volte atrás
Anuncie
Assine
Login
Fã das figuras de Bordalo volta a reinterpretá-las para assinalar o 99º aniversário do jornal. Sugere também criação de um Laboratório de Formas
Xohan Viqueira tem uma forte ligação às Caldas e à região desde 1984. É fã confesso de Bordalo Pinheiro e costuma inspirar-se nas suas personagens, sobretudo nas figuras de movimento, para realizar intervenções e obras de arte. Agora para assinalar o 99º aniversário surgem de novo duas das principais figuras: a Ama das Caldas e o Zé Povinho. Xohan acrescentou uma terceira figura que toca o acordeão pois considera que é um instrumento tradicional de Portugal.
Também não podia faltar menção à Revolução dos Cravos, nas mãos de Zé Povinho, símbolo do povo português e que “foi inventado aqui nas Caldas, pelo Bordalo”, afirmou o artista plástico. Xohan tem vários amigos nesta região e continua a coordenar ações formação no Cencal. No exterior e no jardim interior daquele espaço estão esculturas suas, de grandes dimensões, que assinalam momentos importantes da entidade como a ”Madona do Cencal” feita quando o centro assinalou os seus 25 anos. Xohan Viqueira é também autor de outras grandes esculturas bordalianas que decoram o jardim interior do Cencal e vários espaços exteriores do CEERDL.
Xohan Viqueira possui um extenso currículo, marcando presença em workshops e eventos internacionais que acontecem em vários países do mundo.
Também pertence, desde 2019, à Academia Internacional de Cerâmica e foi um dos autores que participou numa exposição durante o decorrer do evento e que teve lugar na Associação Jasmins, no centro das Caldas. Expôs em conjunto com outros autores como Ana Sobral, Carlos Neto e Ana Lousada.
O ceramista foi docente na Escola Superior de Cerâmica de Manises durante 30 anos e foi também responsável por várias ações de intercâmbio que levaram vários ceramistas desta região a estagiar em Espanha.
Xohan Viqueira é presença regular em exposições e workshops na China, Coreia do Sul, Taiwan e no Japão. Levou, por exemplo, a sua predileção por figuras de Bordalo e criou novas peças que estão num dos museus de Taipé, em Taiwan.
De momento, o autor mantém forte ligação ao Japão e volta com frequência para realizar exposições numa galeria de Tóquio onde vários colecionadores aguardam as suas novidades.
“Faço arte pois é a minha forma de sobreviver, de me sentir vivo…”, disse o artista à Gazeta das Caldas acrescentando que cada peça que um autor faz “deve contar histórias sobre si”. E conta que é nas suas muitas viagens que busca inspiração para as suas criações. Para 2026 está a preparar uma grande exposição que será apresentada no Museu de Barcelos e que será dedicada à coleção de cerâmica do próprio artista, reunida durante vários anos. “Há negociações para que esta mostra seja apresentada no Museu do Azulejo em Lisboa e também em Faenza”, contou o autor. Conhecedor da realidade caldense, o artista defende a criação de um novo espaço, um Laboratório de Formas, tal como existe na Galiza e que é uma sociedade sem fins lucrativos e que está ligada à fábrica de Sargadelos. O laboratório foi fundado por intelectuais argentinos nos anos 60 do século passado. “É o momento propício para se criar um espaço desse tipo, que pudesse receber autores e ter apoio da indústria cerâmica local e da ESAD.CR.
Esse futuro centro poderia ainda congregar espaços como o Centro de Artes e outras experiências que surgem nas freguesias como em Cortém (Vidais) “e que poderia ser um centro que aglutine ideias, partilhas e possa organizar reuniões e debates”.
Este futuro Laboratório teria ainda que contemplar espaço para os artistas poderem investigar e expor o seu trabalho artístico.
O artista – convidado a celebrar o 99º aniversário com a Gazeta das Caldas – tem uma obra de Bordalo Pinheiro que muito aprecia e que pode ser vista no Museu de Cerâmica, nas Caldas da Rainha. É a designada Jarra dr. Feijão, uma peça que Bordalo ofereceu a este seu amigo médico que o curou de uma doença grave.
Para assinalar o 95º aniversário da Gazeta, este artista fez também uma série de gravuras, numeradas e assinadas, e mais uma vez foram destacadas e reinventadas as figuras de movimento criadas por Rafael Bordalo Pinheiro. ■
