A Rainha Velha

Não se pense que o tema Rainha D. Leonor de Lencastre, não se mantem atual; devido à sua forte personalidade e aos seus feitos benfazejos ainda hoje é uma figura que desperta o interesse de muitos estudiosos da nossa história.
É o caso de Isabel dos Guimarães Sá, professora da Universidade do Minho, que em 2016, deu à estampa uma obra intitulada “Leonor de Lencastre de Princesa a Rainha Velha”.
Folheando o livro, a páginas 204, deparamos com um capítulo dedicado ao Hospital das Caldas, que trazemos até vós:
“Os primeiros anos do reinado do irmão foram fundamentais para os projectos da rainha, e é deles que falamos em seguida. Comecemos pelo mais antigo, que vinha desde os anos 80 do século anterior: o hospital das Caldas. Situado nas terras de D. Leonor, continuava tranquilamente a crescer, e com ele a nova vila a que dera origem.
[…] nos anos 90, o principal esforço de D. Leonor concentrou-se em torno da obtenção das indispensáveis bulas que podiam atrair fiéis ao hospital e aumentar o prestígio junto deles. Alexandre VI, o papa Bórgia e mago da chancelaria papal […], concedeu vários privilégios ao hospital, uma vez que a rainha ordenou num prazo relativamente curto que fossem traduzidas e postas a circular. Não sabemos, no entanto, se estas bulas lhe custaram algum dinheiro, embora tenha sido, com toda a certeza e como vinha sendo hábito, o cardeal D. Jorge da Costa a agenciar a sua concessão junto do papa.
A mais antiga é de setembro de 1496 e concedia sete anos de perdão aos penitentes que visitassem, devidamente confessados, a Capela de Nossa Senhora do Pópulo nas festas da epifania (6 de janeiro), Anunciação (25 de março) e Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto). Ao que tudo indica, já existia a capela que mais tarde viria a dar origem à igreja da mesma invocação, em que podemos discernir mais uma afinidade com o cardeal Alpedrinha. D. Jorge da Costa, que se faria sepultar na Igreja de Santa Maria do Pópulo, em Roma.”
E sabendo tudo isto rumamos mais uma vez até à nossa encantadora igreja, onde os jogos de sombras e o silêncio nos fazem sentir em paz.