Foi inaugurada a biblioteca do Bairro Azul

A caldense, que actualmente vive e trabalha no Reino Unido, decidiu oferecer centenas de obras que podem agora ser usufruídas por quem habita naquela zona da cidade. A biblioteca de bairro está a crescer e neste momento já tem 1500 livros.

“Foi neste bairro que aprendi a ler e a escrever e foi aqui que também escrevi o meu primeiro livro”. Palavras de Carolina Rito, 38 anos, investigadora e curadora que viveu a sua infância e juventude com a família, no Bairro Azul. Foi por isso “com todo o gosto” que a caldense decidiu doar os livros que a acompanharam entre 1999 e 2011, ano que partiu para o Reino Unido. “É bom saber que as obras – que mapeavam os meus interesses naquela altura – podem agora ter uma nova vida com outras pessoas”, referiu a doadora, acrescentando que os exemplares, disponíveis na sede da Associação de Moradores do Bairro Azul, poderão ser levados para casa e devolvidos após a leitura.
As obras são de várias áreas desde ficção, arte contemporânea, arte moderna, artes plásticas história de arte e curadoria. A biblioteca tem agora uma secção de ficção nacional e estrangeira, assim como de poesia portuguesa. Juntam-se também clássicos da literatura ocidental referentes ao século XX e século XXI.
Carolina Rito também disponibilizou catálogos de exposições nacionais e internacionais, assim como vários livros de artes. “É um pouco de mim que fica no bairro. Seria óptimo saber que estão a ser utilizados por quem tem interesse nestas áreas”, disse a investigadora que pretende continuar a contribuir para a biblioteca do Bairro Azul.

Livros em cinco línguas

Maria João Branco, a actual presidente desta associação, não podia estar mais satisfeita com esta doação. “Depois da oferta da Carolina, pedimos e temos vindo a receber mais livros”, disse a responsável, acrescentando que a biblioteca do Bairro Azul possui livros em cinco línguas: russo, alemão, português, francês e inglês. Ao todo, a biblioteca já possui 1500 livros, metade dos quais de Carolina Rito.
A associação de Moradores do Bairro Azul foi criada em 2016 e neste momento promove um programa de actividades que anima o bairro duas a três vezes por semana. Foram tidas iniciativas relacionadas com o Magusto e com o artesanato, com jogos de tabuleiro e de artes manuais, “que têm sido um sucesso. Chegamos a ter 23 pessoas a trabalhar connosco”, disse a presidente. Segundo Maria João Branco tem sido dada a prioridade aos associados mas “deixamos toda a gente participar”, rematou.
Carolina Rito foi chefe de programa público e pesquisa da Nottingham Contemporary e pesquisadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Trabalhou na Gulbenkian, na Culturgest, na Capital Europeia da Cultura em Guimarães e leccionou na ESAD e nas Belas Artes do Porto.
Foi pesquisadora no departamento de Culturas Visuais da Goldsmiths University of London e dirigiu também o grupo de trabalho de Pesquisa Colaborativa do Fórum.
Actualmente é professora catedrática na Coventry University onde vai passar a leccionar e coordenar doutoramentos e investigações internacionais. A caldense é ainda editora chefe de um jornal on-line sobre arte contemporânea.
“Agora de regresso à Academia mas já com um fundo híbrido – unir a prática e a teoria de uma forma mais inovadora”, disse a curadora acrescentando que o novo cargo é raro ser atribuído a uma investigadora “mulher e imigrante”.