Não tardar em dar à humanidade uma notícia tão proveitosa

E prossegue “ordenarei a história delas desde o seu princípio, […] falarei da demolição, e reedificação do edifício que ali serve de Hospital, e que tem dentro a nascente destas Águas; e depois de incultar por meio de repetidas análises, os princípios minerais, que lhes dão a virtude direi quais elas sejam, e como fé podem deduzir de uma panaceia assim constituída, e verificada tanto pelas experiências prática que tenho feito, como pelas que os outros me têm comunicado, explicarei por fim como se deve usar delas, e acudir a emendar os abusos, com que elas se aplicam em banhos, e emborcações, mostrando quanto mais útil é o usar delas na bebida, e como se deve pôr em prática este remédio assim tomado”.
São estas as informações recolhidas pela leitura do livro que hoje suscita o nosso interesse. Exemplar de pequenas dimensões [10×14,5 cms], encadernado a pele, de lombada com dourados e veios, onde se pode ler o título “Caldas” em letra maiúscula. O livro começa com uma dedicatória do autor ao Marquês de Anjeja, agradecendo o seu interesse e apoio à publicação do seu livro, seguindo-se, até à página 256, a caracterização, o estudo e as propriedades curativas destas águas. Segue-se depois a “Relação da epidemia, que pelos fins do ano de 1775, e de todo o ano de 1776, se padeceu no sítio do Seixal”, que se estende até à página 289. As páginas finais do livro são uma relação dos livros impressos à custa de Francisco Roland, impressor livreiro em Lisboa, localizado na esquina da Rua do Norte. E não se pense que são um ou dois livros; constam desta lista 18 títulos. Esta informação é completada com 4 páginas contendo a indicação dos diferentes títulos – “livros de sortimento” – que este livreiro tem à disposição do seu público.
Este livro é um dos primeiros a terem sido impressos sobre as águas das Caldas da Rainha. Em livro, arrisco mesmo a dizer que poderá ser o mais antigo, de entre a bibliografia conhecida. Para terminar falta-nos só transmitir as informações constantes da sua folha de rosto. Nela se pode ler: “Tratado Físico Químico Médico das Águas das Caldas da Rainha – No qual se incorporou a relação da epidemia que pelos fins do ano de 1775, e de todo o de 1776 se padeceu no sitio do Seixal – dedicado ao Illmº. e Exmº Senhor Marques de Anjeja, do Concelho de sua Majestade, e Presidente do Real Erário, etc., etc., etc., – por João Nunes Gago, Medico da Misericórdia, e que substitui o Hospital de S. José de Lisboa. Lisboa – Na tipografia Rollandiana , MDCCLXXIX – Com licença da Real Mesa Censória”.
Damos por terminada a missão; Está feita uma muito rápida leitura deste discreto livro que constitui uma preciosidade da bibliografia caldense.

Isabel Castanheira