Alunos do agrupamento de escolas de Óbidos mostram que “têm é garganta!”

Projeto de leitura expressiva, que junta jovens dos 14 aos 20 anos, resultou num concerto comentado e criação de CD, apresentado a 14 de outubro, em Óbidos

Vários alunos do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos subiram ao palco ao auditório da Casa da Música, na passada quinta-feira, para declamar poesia, acompanhados, ao piano ou acordeão, por jovens da Academia de Música de Óbidos. Os poemas, de José Luís Tavares, Antero de Quental, Levi Condinho e Rita Taborda Duarte, entre outros, foram escolhidos do catálogo da Editora Abysmo e musicados com composições originais. O espetáculo agora apresentado resulta do projeto “Tens é Garganta! – Só se pode ser poema no outono”, que consistiu num conjunto de oficinas de leitura expressiva realizadas pela biblioteca escolar da escola Josefa de Óbidos, em conjunto com a Academia de Música de Óbidos, no âmbito da disciplina de improvisação, dirigida por Ricardo Barriga, e o músico e poeta José Anjos.
Integrado num projeto mais abrangente e com uma duração de três anos, Ler Óbidos (que faz parte do Plano Nacional de Leitura), o “Tens é Garganta!” nasceu da ideia de gravar algum repertório clássico com os alunos da Academia de Música de Óbidos para depois usar como banda sonora para cinema ou para algumas sessões de leitura. No entanto, foi crescendo, culminando na criação também de um CD, onde as leituras dos alunos “casam” com as composições musicais criadas propositadamente para os poemas.

O projeto culminou na criação de um CD onde as leituras dos alunos “casam” com composições originais

No espetáculo de apresentação do projeto, João Paulo Cotrim, responsável pela editora Abysmo, destacou que os poemas “ganharam vida” na voz dos alunos. “Acreditamos que a literatura é isto, palavras vivas, com respirações diferentes, a passarem da nossa leitura na cabeça para voz. E poder ver isto num contexto escolar, conjugando um conjunto de saberes e práticas concretas à volta das artes, é para isto que uma editora serve”, resumiu.
Henrique Fialho, que fez a seleção dos poemas, falou da preocupação em escolher textos que se adequassem às vozes dos jovens e que pudessem ser compreendidos por eles. “Para se dizer bem o poema é preciso compreender e conhecer o poema e o que eles fizeram é extraordinário”, disse o também autor, acrescentando que “é muito bom saber que há leitores para o futuro”.
Luís Germano, coordenador das bibliotecas escolares e coordenador do projeto Ler Óbidos, destacou a grande “coragem e sensibilidade” dos jovens que fizeram as leituras, sobretudo tendo em conta que, por causa da pandemia fizeram todo o trabalho online, só se tendo encontrado duas vezes, uma delas para o espetáculo. O responsável realça ainda que deste projeto fica a experiência e a relação criada com os parceiros.
Os CD estão à venda no Folio durante o festival e depois contatando o agrupamento. ■

Oficinas de leitura e de escrita, podcast e tertúlias no decorrer do Folio

O Agrupamento de Escolas de Óbidos participa este ano de forma mais ativa no Folio. Durante o festival decorrem várias oficinas que advêm do projeto Ler Óbidos, como é o caso da oficina de leitura em voz alta “Tens é garganta! – O poema dito é uma porta escancarada” com o poeta e músico José Anjos, e outra sobre escrita poética, com Manuel A. Domingos. Está ainda prevista, durante esta semana, uma oficina de podcast: “A tua voz chega a Plutão”, com Teresa Silva, da Escrever Escrever, e uma outra sobre “Escrever Letras de Canções”, com Tiago Torres da Silva, da Escrever Escrever.
Foi também feita uma apresentação do espetáculo ETC… com S.A.Marionetas – Teatro & Bonecos logo no primeiro dia de festival.
Diversos autores participaram em atividades na escola. Entre elas decorreu a tertúlia, na noite de segunda-feira, com a participação do professor universitário, João Couvaneiro, e o secretário de Estado da Educação, João Costa, e a moderação do diretor do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos, José Santos.
“Todas estas atividades resultam dessa maior proximidade e compreensão de que podemos fazer alguma coisa relevante juntos e enquanto parceiros”, explicou Luís Germano, coordenador das bibliotecas escolares do agrupamento, sobre a participação nesta edição do festival, que está a decorrer até domingo em Óbidos. ■