Última crónica

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Gazeta das Caldas
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Estou para aqui às voltas, a pensar no que escrever.
Este é o último Elogio da Imperfeição e percebo uma vez mais, que encerrar qualquer coisa é mais complexo do que começar.
Lembro-me do telefonema do Zé Luiz a fazer o convite, faz agora dois anos. Uma crónica de três em três semanas, com cerca de três mil caracteres, sobre assuntos relacionados com as Caldas e a região.
Apanhou-me de surpresa. Hesitei. Entre a insegurança, a preguiça, o desafio e alguma dose de vaidade, acabei por aceitar… do tipo, deixa lá ver o que acontece… e logo o título saiu imperfeito
Aconteceu que escrever sobre as realidades locais e da cidade, não me saía natural nem confortável e naturalmente, fui-me afastando da temática proposta.
O Zé Luiz e o Cipriano deixaram ir, com gentileza e sem pressão.
Fico-lhes muito grata, pois este exercício de escrita obrigou a um olhar diferente sobre o que se tem para dizer aos outros. E eu percebi que o que me habita são histórias, muitas histórias… histórias de pessoas… narrativas construídas a partir das narrativas de outros. E eram essas histórias que se impunham na escrita, mais do que transmitir ideias e opiniões pessoais.

Juntar, colar, cruzar, misturar vivências, factos e pessoas, que nunca se cruzaram ou conheceram na chamada vida real, foi o lado mais rico da experiência… afinar a consciência dos denominadores comuns, do porquê de terem ficado gravadas na memória, da importância de atribuir um sentido ao que a vida é… perceber como a partir dum certo nível a pessoalidade e a humanidade se confundem e enraízam.
O divertimento foi o brincar com a pequena liberdade pública, de poder misturar o pessoal com o alheio, com artimanhas de exibição e camuflagem.
O mais difícil, o transformar estes processos num texto inteligível e gracioso.
Hoje o problema não vai ser o excesso de palavras, o ultrapassar o limite de caracteres imposto… hoje é o oposto… porque este final serve para agradecer e os agradecimentos gostam-se simples.
Obrigada, muito, à Gazeta das Caldas pela oportunidade.
Obrigada, muito, ao Zé Luiz de Almeida Silva e ao Carlos Cipriano pelo convite e pela tolerância gentil.
Muito obrigada aos que leram e aos que comentaram.
Foi um gosto ter estado por aqui.

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Paula Carvalho
paulatcarvalho@gmail.com

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