“A queda histórica da direita em Portugal significa que o povo não sofre de falta de memória”

O BE é a terceira força política no país e no concelho caldense. A votação obtida no distrito garantiu a eleição de Ricardo Vicente, o cabeça de lista deste partido por Leiria e que substituirá Heitor de Sousa no parlamento.
Nas Caldas o BE obteve 10,8% dos votos, um pouco menos que nas últimas legislativas (11,6%), mas o responsável local, Arnaldo Sarroeira, destaca a grande derrota da direita que atribui à memória viva dos portuguesas sobre os anos da troika.

Não havia muito movimento na Rua 31 de Janeiro, onde se situa a sede do BE, próximo da Praça da Touros, até porque esta artéria se encontra fechada ao trânsito. São 21h30 e os dirigentes Arnaldo Sarroeira e Francisco Matos são os únicos na sede, atentos ao computador de onde iam saindo os resultados finais. Perto das 22h00 chegam mais dois militantes, que se encontravam nas mesas de voto das freguesias urbanas.
Pouco tempos depois foram chegando notícias que dão conta que o BE é a terceira força política, não só no país como também nas Caldas, apesar de os bloquistas terem tido menos 353 votos do que nas legislativas de 2015. A descida ocorreu em todas as freguesias com excepção do Nadadouro onde se registou um aumento.
Arnaldo Sarroeira lamenta que o Bloco não tenha crescido no concelho e admitiu que houve uma tendência de ligeiro decréscimo “não só nesta região, como em todo o país”.
Nada que afecte a boa disposição dos bloquistas que sentem que cumpriram a sua missão ao conseguir eleger Ricardo Vicente por Leiria. O dirigente, de 35 anos, pertence ao BE desde 2008 e é também membro da Mesa Nacional do partido. Faz ainda parte da distrital e da concelhia caldense e, segundo Arnaldo Sarroeira, irá pugnar pelos problemas caldenses ou seja pela Lagoa, Linha do Oeste e questões ligadas à saúde. “Ele tem apetência e alguma competência e, por isso, podemos confiar que ele vai representar bem o concelho e o distrito”, disse. É a terceira vez que o BE elege um deputado por Leiria, após Heitor de Sousa ter sido eleitos duas vezes para a Assembleia.
“O PS sai claramente vitorioso destas eleições”, disse Arnaldo Sarroeira, enquanto que “se registou uma queda histórica da direita em Portugal”. Isto significa que o povo “não sofre de falta de memória” e que ainda se lembra do que passou com o “governo PSD-CDS nos tempos da Troika”.
Ainda é cedo para se saber qual a estratégia do BE quanto aos acordos com o PS, mas o dirigente considera que “se o resultado disser que é importante entrarmos numa solução governativa, assim faremos”.
Sobre o aparecimento de novos partidos, Arnaldo Sarroeira comentou que este é revelador “do próprio descontentamento da população e do desgaste do sistema político”.
O dirigente criticou a opção de passar as mesas de voto de 800 para 1500 pessoas, o que provocou longas filas, por diversas vezes durante o dia, tendo sido uma medida que não melhorou a funcionalidade do processo eleitoral. “Houve muita gente que acabou por se ir embora”, rematou o bloquista.