Abaixo-assinado pede reintegração de São Martinho no concelho das Caldas da Rainha

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São Martinho do Porto pertenceu às Caldas da Rainha entre 1895 e 1898, regressando depois a Alcobaça

O Movimento “São Martinho para Caldas” está de volta à luta pela reintegração da freguesia no concelho das Caldas da Rainha. No final do ano de 2011 foi lançado um abaixo-assinado onde se apontam as razões que, na opinião dos subscritores, sustentam a mudança.
São Martinho do Porto foi sede de concelho até Outubro de 1855, mas acabaria por ser anexada ao concelho de Alcobaça na sequência da profunda reforma administrativa ocorrida nesse ano, que levou à extinção de muitos dos mais de 800 concelhos que então existiam. Entre 1895 e 1898 a freguesia passou para o concelho das Caldas, tal como aconteceu com Alfeizerão e Famalicão. Esta última acabou por ser integrada no concelho da Nazaré, sendo que as duas primeiras vilas voltaram para o concelho de Alcobaça.

Agora que se discute uma nova reforma administrativa, os responsáveis pelo movimento entendem que “não se pode deixar escapar a oportunidade” de fazer vingar uma vontade que não é nova, mas que esteve adormecida durante muitos anos. Nos últimos dois anos voltaram a ouvir-se reivindicações nesse sentido, sobretudo através da Internet. A distribuição de comunicados à população foi outra iniciativa do movimento.
O documento que agora está a circular na vila admite que “nas actuais circunstâncias, a restauração do município se tornou impossível”, mas salienta que “a actual divisão administrativa não corresponde aos legítimos direitos, interesses e vivências da população local, designadamente no que respeita às necessidades reais do seu dia-a-dia”.
A missiva aponta que os habitantes de São Martinho “fazem toda a sua vida em íntima ligação com Caldas da Rainha”, onde muitos trabalham, estudam, procuram cuidados de saúde e momentos de lazer.
“A mudança de concelho é uma aspiração de várias gerações de são martinhenses por todas as razões, agravadas ano após ano, desde a destruição do património natural e construído, à estagnação e retrocesso, que levaram à perda da importância local e regional que historicamente representámos”, acusa a missiva.
A proximidade a Salir do Porto (que pertence às Caldas da Rainha) também não é esquecida. “A separação administrativa das duas freguesias tem prejudicado gravemente o desenvolvimento e a resolução dos problemas comuns, como o desassoreamento e a despoluição [da baía], em particular, e o progresso sustentado e sustentável das duas localidades”.
Mas há uma razão que assume importância acrescida para que os signatários manifestem, de novo, a sua vontade. “A permanência no concelho de Alcobaça poderá implicar, segundo a actual proposta de organização do território, a perda do estatuto de sede de freguesia e a sua agregação a Alfeizerão, a mudança para o concelho de Caldas da Rainha permitirá novas soluções para a manutenção de autonomia local”, defendem.

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Quatro mil assinaturas até Junho

De acordo com um dos responsáveis pelo movimento, António Costa, já foram recolhidas mais de 300 assinaturas. “É uma adesão que me deixa contente e que mostra que há cada vez mais interessados nesta causa”, disse à Gazeta das Caldas.
Os responsáveis pretendem obter a assinatura “da maioria dos eleitores” de São Martinho do Porto e precisam de um mínimo de quatro mil assinaturas para que o abaixo-assinado seja discutido na Assembleia da República. Uma meta que António Costa acredita que será alcançada até ao próximo mês de Junho, quando se prevê que seja concluído o processo de reorganização da administração local, tal como definido nas negociações da ajuda externa a Portugal.
“Não podia ser melhor altura. A imposição de mudança por parte da Troika é oportuna à nossa causa”, diz o responsável.
Além do abaixo-assinado, o movimento lançou também um ‘hino’ que pode ser ouvido na Internet. Uma tema original que recorda os tempos áureos da vila balnear, se reclama a preservação do passado e a construção de um futuro e cujo refrão diz “Meu São Martinho do Porto/Caminha rumo à mudança/ regressa às Caldas depressa/ Haja força, haja esperança”.

 

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