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AD foi a mais votada na grande maioria dos municípios da região e do distrito. Chega venceu em Peniche, Nazaré, Alenquer, Sobral Mt. Agraço e Marinha Grande e PS apenas em Castanheira de Pera
A coligação da Aliança Democrática, que unia o PSD e o CDS, foi novamente a força política mais votada, tanto a nível nacional, como no círculo eleitoral de Leiria. A região Oeste e, em particular, os concelhos das Caldas e de Óbidos, deram vitória à AD.
Com cerca de 37%, a coligação registou um aumento de cerca de 2% (perto de 2000 votos) face ao ano passado e venceu na grande maioria dos municípios do distrito. O Chega, também neste distrito, ultrapassou o PS e foi a segunda força mais votada, com 23%, face aos 19% dos socialistas. Neste caso houve uma inversão entre os dois face a 2024. O Chega teve um aumento de mais de 7000 votos para os 61 mil neste círculo, por oposição com o PS, que perdeu mais de 11 mil votos.
No Oeste, o Chega foi o mais votado em Peniche, na Nazaré, em Alenquer e no Sobral de Monte Agraço. A nível do distrito nota ainda para a vitória do partido de André Ventura na Marinha Grande. Já o PS foi o mais votado apenas em Castanheira de Pera.
Com este resultado a coligação conseguiu manter os mesmos cinco deputados, em dez eleitos por Leiria. Serão eles Margarida Balseiro Lopes, que era ministra no governo anterior, o caldense Hugo Oliveira, que também já era deputado, Sofia Carreira, João Antunes dos Santos e Ricardo Carvalho.
O Chega conseguiu “roubar” um deputado ao PS, que tinha três em 2024 e ficou agora com dois (Eurico Brilhante Dias e Catarina Louro). No Chega, Cristina Vieira, médica de 61 anos que reside em Óbidos, junta-se a Gabriel Mithá Ribeiro e a Luís Paulo Fernandes no parlamento. Cristina Vieira já tinha anunciado a sua candidatura à Câmara de Óbidos nas autárquicas, assim como Luís Paulo Fernandes à de Leiria.
O PS, com dois eleitos no distrito, volta aos mínimos atingidos nestes 50 anos de democracia neste círculo e a um mínimo de representação desde 1987.
Caldas deu vitória à AD
34,7% foi o resultado da coligação da AD no concelho das Caldas, onde foi a força mais votada, tendo registado perto de 1% a mais do que em 2024, embora tenha praticamente mantido o número de votos.
A AD, que nas Caldas registou um resultado de 2,5 pontos percentuais acima do nacional, venceu em todas as freguesias e uniões de freguesias do município.
Neste concelho, o Chega foi a segunda força mais votada, com 23%, ultrapassando o PS, que se ficou pelos 20%. Se o Chega aumentou cerca de mil votos, o PS perdeu mais de 1100.
Seguiu-se a IL, o Livre, o BE, a CDU e a ADN, sendo que as restantes candidaturas ficaram todas abaixo de 1% da votação neste município. Se, por um lado, IL, Livre e ADN subiram as votações, o BE e a CDU perderam votos.
Votaram mais de 28 mil dos cerca de 45 mil inscritos, uma taxa de abstenção de mais de 36%.
Os nulos foram 1% e em branco registaram-se 1,7% dos votos.
Em Óbidos, a coligação PSD-CDS obteve 33% dos votos no concelho (ainda acima da votação nacional), subindo a votação em relação às eleições de 2024, quando obteve perto de 32,3%, tendo até “perdido” votos.
O Chega foi, agora, a segunda força mais votada, com 24,6% dos votos (um aumento de cerca de 300 votos), ultrapassando o PS, que em 2024 obteve 26,4% e agora ficou-se pelos 21,8% (obtendo a preferência de menos quase 400 eleitores).
A IL manteve-se em quarto lugar, seguido agora do Livre (ambos com aumentos). A CDU perdeu votos, bem como o BE.
Neste concelho votaram 65% dos cidadãos inscritos.
“Deixem o Luís trabalhar”
No distrito, a AD manteve os cinco deputados mas aumentou o número de votantes. “O eleitorado percebeu que em 11 meses foi feito mais do que em oito anos pelo PS, e reforçaram a posição da AD no governo para que possa fazer mais”, afirma o presidente da distrital PSD e reeleito deputado, Hugo Oliveira “Estamos tranquilos e focados naquilo que há-de ser a governação”, acrescenta Hugo Oliveira, especificando que na Assembleia, com os mesmos deputados eleitos pelo distrito, será um trabalho de continuidade. Também nas Caldas a AD aumentou o número de votos. “Enquanto deputado eleito pelas Caldas fico contente que haja esse reconhecimento do trabalho que tenho feito, aumenta é a responsabilidade nomeadamente em matérias tão importantes como o Novo Hospital ou a segurança”, que coloca no topo das prioridades.
Relativamente à subida do Chega, que passou a ser a segunda força mais votada, Hugo Oliveira entende que “representa o cansaço que as pessoas têm do sistema político” e acredita que, em alguns casos, “nem tão atentas quanto isso, ao que é dito”. Hugo Oliveira lembrou o hino da campanha da AD, cuja letra dizia: “Deixem o Luís trabalhar”, para pedir que “está na hora de o fazerem, deixando para trás os ataques sem sentido”.
“Duas forças à direita”
Gabriel Mithá Ribeiro, cabeça de lista do Chega por Leiria, diz que este distrito “é um barómetro do que aconteceu a nível nacional”.
O deputado “estava à espera que o Chega aumentasse a votação porque os fenómenos que fazem crescer o Chega desde 2019 não se tinham alterado”, ainda assim, admite que “surpreendente na noite das eleições foi o facto de o Chega já nesta fase ficar igual ou ultrapassar o PS a nível nacional”.
Ao nível do distrito diz que “foi um grande resultado. Ultrapassarmos o PS era algo que podia acontecer, mas foi um grande resultado”, afirmou, realçando as vitórias em três municípios, assim como o peso da campanha na região. “Há aqui uma mudança na sensibilidade política a nível nacional que se refletiu a nível do distrito”, explica.
Mithá Ribeiro frisou que “a nossa prioridade é a questão da Saúde, seja por causa da falta de médicos de família em todo o distrito, seja urgências fechadas ou a construção do novo hospital”. Mas Leiria, aponta, “está a sofrer com questões relacionadas com a imigração e com a segurança” e estes são aspetos em que o percurso e a orientação política do partido ajudam a um grande impacto no distrito, defende. “Não é por acaso que já em 2022, em 2024 e agora em 2025 o Chega no distrito fica acima da média nacional”, resume.
O cabeça de lista do Chega faz ainda uma análise: é que este é um distrito que “tem uma forte presença do PSD, tem uma tendência natural para a direita, o que é bom em certos aspetos, mas torna o desafio do Chega maior, porque são duas forças à direita”. Mithá Ribeiro considera que “é esse campo político que vai tender a marcar o rumo do distrito, PSD e Chega. Não acredito que o crescimento do Chega tenha estagnado, estamos a crescer desde 2019, há mais de meia década e suponho que vai continuar”, concluiu.
PS passa a terceira força
A derrota do PS, que em Leiria perdeu um deputado e passou para terceira força política mais votada, teve uma reação rápida por parte da federação distrital, que considera que o resultado não deve ser encarado apenas como um episódio local. “Trata-se de um reflexo claro de uma tendência nacional — e europeia — que desafia a esquerda democrática e exige respostas urgentes”, referiu em nota de imprensa. Considera que o “recuo da esquerda democrática em Portugal exige uma reflexão séria e rápida” e deixa o reconhecimento ao empenho dos candidatos do PS por Leiria, que “desenvolveram uma campanha de proximidade, com propostas claras e sentido de responsabilidade” e reconhece que “muitos dos eleitores tradicionalmente socialistas optaram por não votar, e os cidadãos mais descontentes com a situação do país não reconheceram no PS uma alternativa clara e mobilizadora”. Uma “fratura”, que a federação distrital entende que deve ser lida com seriedade: “não se trata apenas de perda de votos, mas da dificuldade de captar a confiança de quem exige mudança”.
A mesma federação considera que este resultado é, “acima de tudo, um sinal. E pode — se bem interpretado — ser o ponto de partida para uma nova atitude política: mais atenta aos territórios esquecidos e mais fiel à missão de proteger as pessoas”, concretiza.
