Empreender socialmente e também na área da saúde

Everton Lopes e João Paulo Cunha ajudam quem precisa de forma diferente. O primeiro com bens e o segundo oferecendo consultas de oftalmologia

Há mais de 20 anos que Everton Lopes trabalha com ajuda humanitária por todo o mundo. Está ligado a projetos no Brasil, no Médio Oriente e em África que apoiam a população. Trabalha com refugiados e com comunidades carenciadas. “Morei na Áustria onde trabalhei com refugiados do Afeganistão e a ideia de vir para Portugal é a de ter a nossa sede aqui que dê suporte a estes projetos”, disse à Gazeta das Caldas.
Por outro lado, também pretendem contribuir para a sociedade local “não só com os refugiados, imigrantes mas também idosos que já vimos que precisam de apoio”, acrescentou Everton Lopes, responsável pela Garagem Solidária, que tem sede no Bairro Azul, desde finais de 2023.
“Recebemos vários tipos de donativos e, com eles, conseguimos ajudar famílias que nós próprios identificamos”, disse o empreendedor. A outra parte das doações, muitas vezes, de bens – é vendida a preços muito acessíveis. Praticamente todos os dias há imigrantes que chegam às Caldas e que vão à Garagem Solidária. “Parte dos donativos são canalizados para projetos locais enquanto que outra vai para os projetos internacionais”, especificou o responsável.
Em paralelo foi criado um Espaço Solidário – onde antes estava uma loja de roupa, também no Bairro Azul – que funcionou na época de Natal e que agora dá lugar a um espaço de formação, apoiando associações que queiram fazer iniciativas e ainda desenvolver ações de empreendedorismo social, promovendo atividades de costura, artesanato, fotografia, dando assim oportunidade a quem queira lançar produtos. “Estamos a ouvir as pessoas da comunidade”, disse Everton Lopes que, neste momento, já tem mais de 25 voluntários.
O projeto quer desenvolver mais ideias, tais como apoiar jovens e de ir a casa de idosos para realizar pequenas manutenções. “Já fazemos isso mas agora queremos fazê-lo de forma regular”, disse o coordenador que não pretende concorrer com outras associações que também auxiliam.
“Prestamos socorro imediato de forma pontual a famílias que chegam sem suporte algum”, afirmou Everton Lopes, que tem notado vontade de várias pessoas em tornarem-se voluntárias nestes projetos. “Entre os imigrantes há muita gente que também quer ajudar, doando duas horas do seu tempo para auxiliar no que for preciso. É uma forma de integração”, disse.
O lema destas atividades, desenvolvidas pelo Instituto E. Lopes – agora com sede no Prontos, nas Caldas – é ter a solidariedade como estilo de vida.
“Deixei a minha carreira em Gestão em multinacionais em 2002 para me dedicar o empreendedorismo social”, disse o coordenador, explicando que a vida “só faz sentido se for vivida alcançando o outro, ajudando o próximo”.
Hoje o projeto da Garagem Solidária está consolidado e é autossuficiente. “Já somos uma referência para muita gente que quer fazer doações”, referiu o mentor, que é também psicólogo e teólogo. “Muitos dos clientes tornaram-se voluntários”, comentando que por lá se vende tudo desde móveis a roupa e até há quem faça doações e leve outras coisas da Garagem para renovar as suas casas.
“Ao todo. no último ano. ajudamos cerca de 200 pessoas por mês”, rematou o empreendedor que, além dos filhos, também trouxe os seus pais para as Caldas da Rainha.

Consultas e óculos para quem precisa
João Paulo Cunha é médico Oftalmologista e tem consultório nas Caldas e em Lisboa. Há cinco anos, desde que saiu do Hospital dos Capuchos, deixando o setor público, achou que “tinha vontade, disponibilidade e tempo para oferecer os meus préstimos a populações necessitadas”. Como tal, e apoiado por uma marca do setor, que integra o projeto OneSight, já foram a várias escolas da zona Sintra-Cascais e também à Prisão do Linhó. “Em breve e, em parceria, com a Ordem do Trevo, também vamos fazer ações aqui nas Caldas”, disse o médico.
Há uma carrinha de rastreio de Oftalmologia e a inscrição é feita com o apoio de assistentes sociais – que asseguram o escalão da Segurança Social dos participantes na iniciativa. “Fazemos um rastreio, se for preciso segue-se uma consulta, fazemos a correção do erro refrativo”, contou. Após a avaliação médica, a marca do setor oferece as armações e as lentes graduadas às pessoas necessitadas. Numa tarde, o Oftalmologista oferece as 20 consultas , “pois percebo que estou a ajudar e tenho muito gosto em dar continuidade a uma tradição familiar”, referiu João Paulo Cunha, filho e neto de médicos.
“Sempre que podemos ajudamos o próximo”, rematou o médico que também gere nas Caldas da Rainha, o projeto da Galeria Art4Family”. ■