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Quem quiser conhecer melhor os ceramistas que trabalharam nas Caldas pode agora fazer um roteiro a pé pela cidade e ficar a saber mais sobre a arte
São 10h00 de sábado, 12 de fevereiro, e o grupo de estrangeiros que vivem na região é pontual, pelo que já aguarda o início do percurso com ponto de encontro marcado junto à Escola Secundária Raul Proença. A proposta é um passeio a pé pela cidade, de duas horas e meia, destinado a dar conhecer quem foram os ceramistas caldenses antecessores e também os que se seguiram a Rafael Bordalo Pinheiro.
A guia é Inês Carvalho, que se preocupa pela preservação da identidade da cidade e que, no âmbito do mestrado em Turismo, desenhou este roteiro com base na toponímia. A caldense é também responsável por um estudo aprofundado sobre os Bordados das Caldas.
A primeira paragem da Rota foi junto à placa toponímica da Rua Maria dos Cacos. Em Inglês, a guia deu a conhecer ao grupo quem foi a primeira ceramista mulher “que não só fazia como comercializava cerâmica por feiras de todo o país” e que deu nome à artéria.
Foi na oficina de Maria dos Cacos que trabalhou Manuel Cipriano Gomes (1829-1905), natural de Mafra que ficou conhecido como Manuel Mafra e que também dá nome a uma rua, que tem ligação à Fonte Luminosa e onde é feita nova paragem. Inês Carvalho dá a conhecer o percurso deste autor que foi fornecedor da Casa Real e que faleceu no mesmo ano de Bordalo Pinheiro, 1905. Era um exímio ceramista, apesar de não ter alcançado o devido reconhecimento.
Depois do Bairro dos Arneiros, foi palmilhado o Bairro da Ponte, onde são várias as artérias com nomes de ceramistas. Ao todo, são falados neste roteiro 12 autores que têm o seu nome inscrito na história da cerâmica local. A guia mostra onde se localizaram algumas das oficinas dos autores, contando as estórias e percursos de Avelino Soares Belo, Adelino de Oliveira, Francisco Gomes de Avelar, Francisco José de Sousa, entre outros.
“Presto ainda homenagem às famílias Belo e Elias”, disse a guia, referindo que Francisco Elias e Avelino Belo, “foram os grandes executores da Jarra Beethoven de Bordalo Pinheiro”.
Estrangeiros querem mais rotas
Para os irlandeses Eamonn e Antoinnette Witter, que vivem na Praia d’El-Rei há três anos esta visita foi “fantástica!”. Além de a recomendarem, já estão “à espera das próximas propostas!”, disse o casal que destacou a informalidade e o facto de se poder colocar questões.
Por seu lado, o casal escocês Tony e Diane Price, que também vivem na Praia d’El-Rei há dois anos, considerou a visita pelas Caldas como “excelente” e deixaram a sugestão de se criarem mais roteiros do género pois permite-lhes conhecer melhor a região.
Rota que calcorreia as ruas vai incluir visita a museu, loja e até a execução de uma peça
A ideia de Inês Carvalho de criar uma rota dedicadas aos ceramistas foi apadrinhada pelo projeto Teresa vai de Férias, liderado por Teresa Leal e que neste momento se encontra no Caldas Empreende.
Aquela empresária está a trabalhar com a guia nesta rota e ambas têm ideias para a desenvolver, juntando mais ofertas para os visitantes.
“Esta é uma rota muito sustentável, feita a pé, pelas duas freguesias urbanas, e que passa por antigos bairros operários, prédios abandonados e algumas zonas menos conhecidas”, explicam Inês Carvalho e Teresa Leal, acrescentando que a maioria dos turistas não conhece esta lado da cidade, onde laboraram várias das oficinas de cerâmica que fizeram das Caldas um importante centro desta área.
“Esta rota não só faz sentido para quem nos visita como também para os locais e para as escolas”, disseram as responsáveis que estão ainda a pensar em desdobrar esta rota em três: a primeira, a Walking Tour que é feita a pé e com base na toponímia e que inicia nos Bairro dos Arneiros e termina no Museu de Cerâmica.
Segue-se a Visiting Tour que incluirá ida à loja da Fábrica Bordalo Pinheiro e ao Museu e, por último, uma rota que ocupa o dia inteiro e que inclui fazer a rota pedonal de manhã, almoço e depois, para rematar, fazer uma peça de cerâmica à tarde com o apoio da artista Mariana Sampaio.
