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Quem atravessar os portões do Espaço Ó, à entrada da vila de Óbidos, descobre numa antiga adega a livraria Artes & Letras e ao lado um atelier e tipografia antiga, onde velhas máquinas se aliam à criatividade dos proprietários, o casal Luís Gomes e Inês Caria.
A livraria Artes & Letras faz 30 anos. Nasceu em Lisboa e recentemente mudou-se para Óbidos, instalando-se numa adega centenária à entrada da vila. Esta vinda da capital para a província resulta da participação dos seus proprietários, o livreiro Luís Gomes e a ilustradora Inês Caria, estarem ligados ao Folio e à Vila Literária e querem mudar-se para Óbidos. “Lisboa já tinha esgotado o meu interesse e tive um desafio por parte do presidente da Câmara [Humberto Marques] e da então vereadora da Cultura [Celeste Afonso] que aceitámos”, explicou o livreiro, que acabou por comprar casa em S. Gregório (Caldas da Rainha) e agora divide-se entre os dois concelhos.
A Artes & Letras é uma livraria antiquária, com um acervo de obras antigas e de colecção. Dispostos pelo espaço encontram-se cerca de 10 mil livros, uma pequena parte do espólio na ordem dos 100 mil volumes que o livreiro possui.
Luís Gomes não destaca um livro entre os muitos expostos porque todos eles foram escolhidos para ali estar. “O critério é que não tenho aqui livros que não tivesse em casa”, conta, acrescentando que se trata de uma livraria genérica e que ele próprio se auto intitula “especialista em assuntos gerais”.
Também os valores são bastante díspares, com livros a custar desde os 50 cêntimos até milhares de euros. Mas a função da livraria não se cinge à venda de livros. “É também um espaço para conversar, estar ou vir cumprimentar o livreiro”, conta, sobre o modo de vida que quer instalar em Óbidos e que já era visível na inauguração, com a casa cheia de amigos.
Expostos estão ainda objectos de arte primitiva que fazem parte da colecção particular do livreiro e que este partilha com os visitantes.
Tendo em conta a história do espaço, criaram um bar de vinhos regionais. Será também feita uma esplanada num pequeno jardim existente no local para conversas de fim de dia ou para beber um copo de vinho acompanhado por uma selecção de tapas.
Na sala ao lado existe um atelier que tem por base uma colecção de máquinas de impressão e tipos em chumbo, materiais antigos que o tornam, também, um verdadeiro museu vivo. “Sempre colecionei materiais de tipografia e quando conheci a Inês, que é ilustradora, resolvi pôr as coisas a funcionar”, conta o livreiro, especificando que fazem pequenos livros e posters, tudo através de processos manuais.
Luís Gomes tem acompanhado a estratégia Óbidos Vila Literária, que considera que “faz todo o sentido” naquela vila turística e destaca o trabalho “excelente” realizado pela Câmara em conjunto com a Ler Devagar.
