Excesso de pombos e gaivotas agrava-se na cidade mas município não instalou pombal contraceptivo

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Câmara das Caldas ainda não instalou pombal contraceptivo | I.V.

O excesso de pombos e de gaivotas na cidade das Caldas não é um problema novo, mas tem vindo a agravar-se. Ainda assim, o pombal contraceptivo, que é uma proposta feita em 2017 pelo PS, ainda não foi instalado nem se conhecem quaisquer outras medidas do município para resolver o problema, para além da alteração do código de posturas que passou a proibir alimentar aquelas aves.
Gazeta das Caldas questionou a Câmara das Caldas sobre este assunto, mas não obteve resposta em tempo útil.

 

Os pombais contraceptivos são uma das soluções mais defendidas para controlar a sobrepopulação de pombos, não só por serem eficazes, mas também por serem a opção mais ética, à luz do bem-estar dos animais. Este tipo de controlo já é muito utilizado na Alemanha, França e Holanda, e nesses países tem trazido resultados satisfatórios.
Nos pombais contraceptivos, as aves são atraídas através da disponibilização de comida e de água, fazendo os seus ninhos nestes locais e não em parapeitos, aparelhos de ar condicionado ou qualquer outra saliência em edifícios. Depois tem que existir uma equipa que recolha os ovos e os substitua por imitações, por exemplo, em gesso. E é essa equipa que é responsável por deixar a ração e fazer os trabalhos de manutenção destes pombais.
Nas Caldas já em 2017 foi aprovada uma proposta de criação de um pombal contraceptivo, mas até agora o projecto ainda não avançou. Até à data, a autarquia alterou o código de posturas municipal, proibindo a alimentação destas aves.
Entre as medidas previstas, além da instalação do pombal contraceptivo e da sensibilização da sociedade, está a desactivação dos repuxos nas horas de maior actividade das aves e a colocação de espigões nos edifícios mais afectados.
As áreas mais problemáticas da cidade estão identificadas: na zona dos prédios do Viola, na rotunda do Hotel Cristal, nos prédios devolutos da Rua do Funchal, na Praceta José Filipe Neto Rebelo, na Rua Dr. Carlos Manuel Saudade e Silva e no Bairro da Ponte junto ao edifício dos Pimpões.
No Parque D. Carlos I vive também uma grande comunidade de pombos, que é alimentada pela União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório, que investe cerca de mil euros por ano para evitar que os animais dali saiam, invadindo outras zonas da cidade.
Cada par de pombos pode gerar 13 ou 14 crias por ano (já considerando a mortalidade infantil), pelo que se num pombal contraceptivo viverem 50 pares de pombos, mais de 600 ovos são retirados durante um ano, permitindo um controlo eficaz da população.
Bebiana Cunha, Comissária Política Nacional do PAN (Pessoas Animais Natureza), esclarece num artigo no Jornal Económico, que os pombais têm custos residuais. “Dependendo da sua dimensão, um pombal com uma dimensão de 7,50 m3 pode custar 750 euros”, sendo que a esse valor se soma o das eventuais câmaras de vigilância e os custos dos funcionários. “Seguindo a tabela de preços de uma empresa especializada num programa de controlo dos ovos e que se dedica à manutenção dos pombais, o custo da substituição de ovos é de oito euros por cada 100 pombos no primeiro ano, diminuindo 50% por ano”, esclarece Bebiana Cunha, acrescentando que alimentar uma centena de pombos não custará mais de 25 euros por mês.
Gazeta das Caldas questionou a Câmara acerca deste problema, querendo também saber em que ponto está a questão do pombal contraceptivo nas Caldas, mas a autarquia não respondeu.

Propagação de doenças é a maior preocupação

O excesso de pombos traz várias problemas, sendo os mais graves relacionados com a saúde. As fezes secas podem provocar alergias de pele, problemas respiratórios sérios e até afectar o sistema nervoso central. Além das questões de saúde, o excesso de população de pombos causa grandes transtornos devido à elevada quantidade de fezes. Os pombos têm um aparelho digestivo curto, pelo que defecam de forma constante. As fezes são ácido-corrosivas, o que provoca danos em equipamentos, veículos, ou produtos armazenados. Muitos caldenses queixam-se de não poder estender roupa na rua e de terem algerozes entupidos. Com o excesso de pombos corre-se ainda o risco de haver uma maior atracção de outras pragas, como ratos e baratas.
Já com o aumento da população das gaivotas, acresce ainda o problema do barulho (tanto durante o dia como à noite).

Idosos mais vulneráveis

“O impacto na saúde é relativo”, faz notar Jorge Nunes, delegado de saúde pública do Oeste, salientando que existem alguns riscos de gravidade junto das populações mais vulneráveis, nomeadamente, os idosos, os fumadores e quem tenha doenças respiratórias.
O médico referiu que “este é um problema complexo que não é só das Caldas da Rainha” e revelou que tem notado menos pombos junto ao local onde trabalha desde que foi alterado o código de posturas municipal.
Jorge Nunes mostrou também disponibilidade para trabalhar numa solução conjunta para este problema com o envolvimento das autoridades municipais.
Gazeta das Caldas contactou a veterinária municipal, Daniela Calado, para obter mais esclarecimentos sobre esta “praga” de pombos, mas esta respondeu que não estava autorizada a prestar declarações.