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O perfil de Ferreira da Silva já pode agora ser apreciado junto ao Jardim d’Água. A peça de arte urbana de Filipa Morgado será inaugurada em breve. A homenagem une a artista e a Gazeta das Caldas
Na passada quarta-feira, 14 de outubro, a equipa de pintores da Câmara das Caldas da Rainha deixou a parede pronta e pintada de branco para que Filipa Morgado pudesse dar início à sua pintura mural dedicada a Ferreira da Silva, iniciativa que integra as comemorações do 95.º aniversário da Gazeta das Caldas.
Para executar o trabalho, foi necessário instalar uma plataforma elevatória que permitiu à autora executar a pintura de 5 metros de altura por 3,5 metros de largura.
Até à manhã da passada segunda-feira, Filipa Morgado dedicou-se de corpo e alma à intervenção. De manhã à noite pintou a proposta, tendo contado com ajuda uma amiga que foi sua assistente durante uns dias, a também arquiteta Inês de Castro. A arquiteta usou a técnica do stencil e, depois, preencheu toda a área da pintura de arte urbana a pincel.
A obra, a preto e branco, foi centrada na parede do edifício administrativo do hospital e “pode ser vista de qualquer ângulo do Jardim d’Água”. No início, Filipa Morgado achou que a escala do trabalho era pequena para aquela grande área mas, no final do trabalho, viu que o mural “tinha a contenção necessária para pertencer àquele lugar”. O perfil de Ferreira da Silva surge preenchido com vários elementos – alguns dos quais que marcam presença habitual nas obras de Ferreira da Silva como alguns elementos vegetais e ainda os pássaros.
“Creio que consegui homenagear o artista de uma forma honesta.
É importante conhecer o nome, a obra e também o rosto dos artistas ”
Filipa Morgado
Ao longo das jornadas de trabalho foi possível à artista constatar que há muita gente a usufruir do Jardim d’Água. O espaço acolhe reuniões de amigos, grupos de músicos, e há até quem faça piqueniques. Muitas passam no local enquanto fazem as suas caminhadas.
Do cimo da plataforma, a caldense também viu várias pessoas usam o local para andar de bicicleta e de skate, percorrendo o piso que foi pensado para acolher um lago. Como a área não tem água “as pessoas apropriam-se da forma que entendem”, acrescentou a autora, acrescentando que, além da preservação e da manutenção, também deveria ter uma explicação sobre o que é aquele espaço. E falta sinalética adequada.
Naquela área não há por exemplo um caixote do lixo, o que faz com que muita gente deixe garrafas e detritos na intervenção de arte pública.
Finalizada a intervenção, Filipa Morgado comentou que sentiu que fez “a homenagem “possível e honesta” ao artista e que possivelmente este “estará mesmo a olhar para aquele lugar que ele próprio criou”. A autora ficou agradavelmente “surpreendida” com a seu próprio trabalho.
Ao longo dos dias de pintura, várias dezenas de curiosos perguntaram o que era a pintura e “todos concordaram com a necessidade de chamar a atenção para a necessidade de preservação daquele lugar”, contou a arquiteta. Entre os curiosos houve quem tivesse agradecido o facto da artista ter desenhado o rosto de Ferreira da Silva.
“É importante que as novas gerações também possam conhecer o rosto dos artistas”, comentou a autora. A maioria dos transeuntes ficou satisfeita de se tratar de um mural referente às Caldas, mesmo sendo uma peça de arte urbana e por isso possuir um carácter efémero. A pintura mural – que ao longo dos anos vai estar sujeita aos efeitos climatéricos – foi feita pela arquiteta caldense em parceria com a Gazeta das Caldas, semanário que está a assinalar o seu 95º aniversário.
Em breve esta peça de arte urbana será inaugurada, numa cerimónia com todas as medidas de segurança, devido à pandemia. O desenho de Filipa Morgado originou uma serigrafia pode ser adquirida na loja da Gazeta das Caldas, estando já disponível para pré-reserva.
