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Vinte modelos, de todas as idades, desfilaram no Largo do Termal e mostraram como o bordado local é versátil e pode ser aplicado na roupa atual
O Largo Rainha D. Leonor (ou da Copa), acolheu no passado sábado à noite, 21 de junho, uma passagem de modelos muito especial. Pelo palco montado no largo do Hospital Termal desfilaram 20 modelos que mostraram o bordado das Caldas. “Era um sonho que vinha da direção anterior e que foi possível agora concretizar”, disse Ana Pereira, a presidente da Associação dos Bordados das Caldas.
“Apostámos numa mostra de peças de roupa onde está presente a diversidade da aplicação dos Bordados das Caldas”, ou seja “damos a conhecer não só aplicações mais tradicionais como outras em peças de roupa mais contemporâneas”. Assim foi possível observar pela passerelle instalada e iluminada junto ao Balneário não só vestidos tradicionais. Desfilaram também saias e blusas bordadas assim como outras peças como tops, echarpes ou até….algo mais inesperado como um casaco de ganga que ganhou uma nova vida, decorado com os pontos típicos do bordalo local.
“Cada bordadeira apresentou a sua proposta de roupa e também desfilaram”, contou Ana Pereira, referindo que a passagem de modelos teve dois vestidos de noiva bordados, um mais tradicional e outro mais contemporâneo. Também desfilaram alguns homens que deram a conhecer fatos do rancho, um colete e uma gravata que ganharam novo élan, através do bordado local.
A cada apresentação o público aplaudiu nesta festa onde o bordado local foi rei. O desfile que contou com uma surpresa final: no fim das bordadeiras das Caldas apresentaram o que poderia ser um fato digno da Rainha, todo ornamentado com Bordado das Caldas, incluindo o próprio manto. “Foram precisas seis bordadeiras para executar aquele fato”, salientou Ana Pereira, que também se dedica ao bordado e que teve o marido e netas a participar no evento. “Além das bordadeiras também desfilaram alguns dos seus familiares”, contou a bordadeira, feliz, por este ter sido um evento de caráter familiar.
A ideia de conseguir realizar um desfile é antiga e tentou-se há alguns meses após ter sido dada formação pelo CEARTE de Aplicação do Bordado das Caldas no vestuário e que decorreu em julho de 2023.
Diz a lenda da terra que foi D. Leonor e suas aias que criaram este bordado, cor de ouro e que usa três tonalidades de castanho – que vão desde castanho-dourado ao tom do mel – em propostas que se mantêm até aos dias de hoje. O Bordado das Caldas inclui elementos como passarinhos, carinhas, o pelicano, o camaroeiro, a coroa corações e flores.
Somam-se vários tipos de volutas e de arabescos, aranhas e arquinhos, feitos nos tons de castanho que as regras do bordado permitem.
Habitualmente o Bordado das Caldas é feito em linho e dá origem a naperons, quadros, sacos de pão, quadros, caixas de joias, toalhas e almofadas. De qualquer modo, também já inspirou coleções de joias, de malas e até de sapatilhas.
Neste momento há duas dezenas de bordadeiras mas Ana Pereira quer contribuir para que este número possa aumentar. “Entrou mais gente para a associação que está a gostar de bordar e a ajudar nas tarefas da própria entidade, o que é algo muito positivo”.
Bordado local chega às escolas
Uma das ideias da nova presidente é a de levar os bordados das Caldas as escolas, algo que vai acontecer no próximo ano letivo. Designado “Bordá-los” este programa vai chegar não só à ESAD.CR como também à Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. Esta última tem pergaminhos no que diz respeito ao ensino deste bordado pois o seu ensino foi muito desenvolvido no curso da Formação Feminina naquela escola quando esta teve o estatuto de Comercial e Industrial.
Ana Pereira fez questão de agradecer à autarquia caldense – cujos responsáveis marcaram presença no desfile – pelo apoio prestado a esta realização.
“Só a associação não teríamos conseguido fazer o evento com esta dimensão”, contou a responsável que continua apostada em levar o bordado das Caldas o mais longe possível.
“Estamos a contactar as associações locais e vamos às juntas de freguesia para ensinar a bordar”. Após a FIA “vamos começar por ensinar a bordar em Santa Catarina”, rematou a presidente.
