Ministro visitou estufas de antúrios em Óbidos afetadas pela intempérie

Depois de conhecer os prejuízos, José Manuel Fernandes manifestou disponibilidade para encontrar formas de apoiar os produtores afetados

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, visitou, na tarde de 27 de março, a exploração que detém a marca Anthurium 4u, localizada na Quinta do Pedregal, no Sobral da Lagoa, e que é responsável por 80% da produção de antúrio na Península Ibérica. O governante chegava do concelho de Torres Vedras, onde visitou várias explorações agrícolas afetadas pela intempérie, e na Quinta do Pedregal, ficou a conhecer uma exploração que se dedica em exclusivo à produção de antúrios e os estragos que sofreram na última semana. O vento rebentou com o plástico das estufas e a chuva afetou a parte elétrica, destabilizando a temperatura. O plástico foi reposto quatro dias depois, mas as consequências serão visíveis nos próximos tempos, com as plantas a “ficarem amarelas e depois morrerem”, explicou Edite Branco, proprietárias da exploração, juntamente com o marido, Osvaldo Branco. O prejuízo foi, de acordo com o casal, na ordem dos 190 mil euros.

O ministro da Agricultura manifestou disponibilidade para encontrar formas de apoiar os produtores afetados. “Abrimos a possibilidade de apoiar as explorações que registem um prejuízo de 30% da área por parcela, para a reposição do potencial produtivo, além de um outro apoio para a perda de rendimento”, explicou José Manuel Fernandes. Para além disso, o governo está a trabalhar em conjunto com a União Europeia para conseguir ter seguros a preços “mais acessíveis e adequados” para os agricultores. As palavras do governante agradaram a Osvaldo Branco, que defende a existência de um instrumento financeiro para garantir a reposição do potencial produtivo e o acesso a algum tipo de apoio na forma de subsídio financeiro não reembolsável. “As linhas de crédito são muito complicadas de conseguir para estes casos”, complementa Edite Branco.

Responsáveis por 80% da produção ibérica
Osvaldo Branco é natural de Rio Maior e Edite nasceu no concelho de Alcobaça. Fixaram-se junto ao Sobral da Lagoa por causa do microclima ali existente. Começaram a produzir 12 mil roseiras e 5 mil antúrios, mas atualmente dedicam-se exclusivamente à produção de antúrios, na ordem dos 500 mil, o que faz deles responsáveis por 80% da produção ibérica desta planta.

A empresa familiar foi aumentando e deu origem a um grupo formado por três empresas dedicadas, exclusivamente, à produção e comercialização de antúrios, numa área de 39 mil metros quadrados. Ali está concentrada a maior oferta de diferentes variedades de toda a Europa, com 43 variedades, que são comercializadas no mercado português e em Espanha, França, Bélgica, Alemanha.

Toda a planta é produzida em hidroponia (substratos inertes), tendo sido os primeiros a fazê-lo em Portugal e com a cultura do antúrio. Foram também pioneiros em soluções de reciclagem da água, ou seja, “a água que sai da drenagem é esterilizada e reutilizada. Poupamos nos adubos, a água e a natureza”, explica Osvaldo Branco, acrescentando que esta é ainda a “única exploração em Portugal que tem sistema de iluminação artificial, com os projetores”.

Sendo o antúrio uma planta tropical, esta precisa de uma temperatura mais alta do que a atual, pelo que as estufas garantem temperaturas na ordem dos 18, 19º, podendo chegar aos 24, 25º no Verão. Quando a temperatura é demasiado alta, arrefecem as estufas através de painéis.
A obtenção de novas variedades de antúrios é um dos projetos em que estão a trabalhar, a par da aposta em culturas hortícolas, em variedades que são muito consumidas na Europa do Norte. Pretendem construir mais estufas também, aumentando para 50 mil metros quadrados a área coberta, toda ela com estufas devidamente equipadas com controlo climático, iluminação artificial, sistemas de arrefecimento e mantas térmicas.