A Maldição das Bruxas de Ferrel

Description

Foi nessa altura que uma das mulheres, de seu nome Marquitas Ribeiro, meia idade arrebitada, de garrancho na mão, se intrometeu, serigaita, e atirou, com coragem de que muitos a não julgariam capaz:
– Olhe lá, senhor encarregado, diga lá para Lisboa que nós somos mais de duas mil pessoas, somos todo o povo da aldeia de Ferrel. E mais: diga ao seu patrão que, se ele for casmurro e teimar em continuar com os trabalhos, a gente volta cá outra vez ao Moinho Velho e dessa vez, acredite, levamos as máquinas todas de roldão.
– Levam as máquinas? – perguntou, verdadeiramente espantado, o encarregado das obras, tentado em acreditar que toda aquela gente havia enlouquecido.
– Claro! Todas! Todas – gritou Isabel, entusiasmada, quando menos se esperava.
– Levamos todas as máquinas! Nos tractores, nas camionetas, nas furgonetas, nas carroças… Vão todas, nem que seja de burro!
– Nem que seja de burro – gritaram, arrebatados, os que estavam mais próximos.
– Todas, amigo, todas! – insistiu Jerónimo de Oliveira, que ficara de algum modo surpreso, mas feliz, com o rompante da mulher. – A construção da central nuclear é que não vai mais poder continuar.