Arquitetura e cidade em destaque nos Silos

0
936
Os irmãos Élsio e Jéssica Silva são os promotores desta iniciativa

A arquitetura está em destaque numa exposição, num ateliê aberto e numa conversa nos Silos. Serão apresentados projetos pensados para territórios urbanos das Caldas e também de Peniche

Os irmãos, por vezes, têm dificuldade em partilhar, mas este não é o caso de Élsio e Jéssica Lucas Silva, dois arquitetos que decidiram abrir as portas do ateliê que possuem nos Silos, com projetos relacionados com a arquitetura e as cidades. A iniciativa tem lugar amanhã e sábado.

Os irmãos Lucas Silva terão o ateliê aberto e vão expor os seus projetos

Os caldenses formaram-se na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, mas entenderam que estava na hora de abrir ao público o ateliê e dar a conhecer os seus projetos. Além de portas abertas, vão ter uma exposição na galeria Sala Farinha, nos Silos, onde vão estar os projetos e os trabalhos finais de mestrado de ambos sobre as Caldas e sobre Peniche.
Estará, também, exposto um projeto fotográfico nomeado de “Consciência do vazio”, onde é explorada a ausência de edificado em diversas paisagens do país em sítios como Serra de Sintra, Ilha do Baleal, Lagoa de Albufeira, Estuário do Sado, Porto Covo e Ilha do Pessegueiro.
Este trabalho foi realizado no ano passado, quando os autores fizeram uma viagem de bicicleta entre as Caldas e Albufeira. “Só podíamos comer coisas compradas no caminho, só podíamos acampar”, recorda Élsio Lucas Silva.
A iniciativa terminará no sábado, pelas 18h00, com uma conversa sobre o tema “Indústrias Criativas e o Lugar”, que será transmitida via streaming e conta com arquitetos, designers e autarcas, assim como representantes de várias associações como da Horta à Porta, dos Silos ou da ADOC (Associação de Design, Ofícios e Cultura). A conversa incidirá sobre a influência que as indústrias culturais e criativas têm sobre os território e nas vivências de quem o habita.

Intervenções na região
Na exposição vão estar presentes elementos dos mestrados de Élsio e Jéssica, de 30 e 28 anos, respetivamente.
O trabalho do arquiteto centrou-se no tema “Centro para a Criatividade das Caldas da Rainha – Ambientes de trabalho para as Indústrias Criativas”, em contexto de reabilitação de arquitetura industrial e prevê a reutilização de uma estrutura fabril com um programa dedicado ao desenvolvimento laboral das indústrias criativas.
No início deste trabalho estabeleceram-se um conjunto de questões e objetivos às quais pretenderam procurar resposta. Na sua análise, o arquiteto considera que a cidade apresenta dois grandes eixos no seu desenho urbano: a linha do comboio e a Rua de Vitorino Fróis. O primeiro funciona como eixo de divisão, ao contrário do segundo que, sendo um dos pontos principais de atravessamento da linha do comboio, “é um dos pontos principais de ligação à cidade e é uma via notória da grande presença de equipamentos no decorrer desta rua”, frisa Élsio Silva.
Em sua opinião, a separação física que a linha do comboio e do edificado fabril dos Silos “criam problemas ao nível do desenho urbano e nas vivências da cidade”. No entanto, assim como ajudam na separação entre as duas margens da cidade, “poderão inverter esse facto, pela sua posição privilegiada”.
No seu projeto, o caldense pensou a criação de um equipamento público com a presença de espaço exterior de qualidade, onde se poderiam desenrolar atividades. Propõe, para tal, a criação de elementos que façam a ligação entre os dois lados da linha do comboio. Deste modo, sugere a construção de uma ponte pedonal e uma passagem subterrânea que passa por debaixo da linha do comboio e, desta forma, “vence-se a barreira que é a linha férrea”.
Já o projeto académico de Jéssica Silva designado “O Regresso de Peniche ao Mar”, desenvolve-se segundo a leitura do território da cidade de Peniche e propõe-se a intervir na zona dos Remédios, onde há um pequeno santuário. A arquiteta queria intervir na Praça que fica próxima do mar, na zona que fica na proximidade da Escola Superior de Turismo e de Tecnologia do Mar que pertence ao IPL. Propôs-se a reabilitar essa zona e no seu projeto propõe a construção de uma torre de contemplação e até de um centro interpretativo.
A autora teria em conta os valores identitários daquele território e gostaria de dar um novo desenho à zona sem esquecer os valores identitários daquela região, nem o simbolismo de um lugar como os Remédios. A partir do que já existe, compôs um projeto dedicado ao como aquele território “pode ser vivido nos novos tempos”, explicou a autora. Tal como o irmão, Jéssica vai apresentar a maqueta do projeto académico na exposição que estará patente na galeria dos Silos.