José Carlos Gonçalves tem projeto e equipa reunida, também deverá ir a eleições. Há ainda um terceiro movimento a tentar reunir apoios
O Caldas SC tem para esta sexta-feira agendada nova assembleia eleitoral e, à segunda, o ato será mesmo realizado. Oficializada estava, ao fecho desta edição, uma lista encabeçada por Rodrigo Amaro, mas o candidato à presidência do clube não deverá ir a votos sozinho. Há uma segunda candidatura, de José Carlos Gonçalves, com tudo definido para ir também a eleições, embora não estivesse ainda oficializada. E existe ainda um terceiro movimento, que tem Carlos Santos e Filipe Silvestre à frente, a tentar ir também a eleições.
Rodrigo Amaro é um antigo atleta da formação do Caldas, chegou a integrar uma Comissão Administrativa do clube e já tinha assumido, no passado a vontade de um dia presidir ao clube. Não estava nos planos candidatar-se nesta altura, mas a decisão de avançar surgiu porque, “há uma semana atrás, percebi que, se não avançasse, o Caldas podia cair num vazio diretivo”.
Caso seja eleito, a primeira mensagem que Rodrigo Amaro quer passar aos sócios, mas também para dentro do clube, é “de estabilidade”.
Ao início da semana a lista não estava completamente fechada, mas alguns nomes já eram conhecidos, como o de Jaime Feijão para o Conselho Fiscal, Telmo Bernardino para o futebol sénior e Fernando Timóteo para o juvenil. Rodrigo Amaro diz que o seu elenco terá um misto de juventude e experiência, com “ex-atletas, sócios que acompanham vivamente o clube, antigos dirigentes e seccionistas”. A equipa terá também elementos femininos. “Há muitos anos que o Caldas não tem mulheres na direção e é bastante importante, porque têm uma sensibilidade e uma perspetiva diferente”, realça.
Quanto às principais ideias para o seu mandato, e começando pela equipa de futebol, Rodrigo Amaro mantém estabilidade como palavra-chave. O candidato já manifestou a José Vala a vontade de o manter ao comando da equipa principal. “Conto com ele e com os atletas que estão na equipa que ele quiser”, disse, acrescentando que o técnico também terá palavra nos reforços.
Quanto à constituição de uma SAD, Rodrigo Amaro defende que “não é altura. Não há conhecimento das propostas, nem dados, é algo que deve ser muito bem estudado”, adianta, acrescentando que os sócios têm que ser ouvidos em todo o processo.
Rodrigo Amaro defende que o clube tem capacidade para se autossustentar, pelo que prefere, nesta altura, proceder a esse ajuste, quer ao nível da receita, quer da despesa. “Há muita margem para explorar e trabalhar”, acredita.
Um dos pontos importantes do programa é a criação de grupos de trabalho em diversas áreas, para melhorar a atividade do clube, aumentando, assim, a participação dos sócios. “Há pessoas que podem não querer assumir um compromisso de estar numa direção, mas querem ajudar no dia-a-dia em tarefas como no bar Quinta da Boneca, ou na angariação de parceiros e patrocinadores”, aponta. Rodrigo Amaro quer também melhorar a comunicação, “que tem trabalhado bem, mas pode melhorar, temos que trabalhar mais a relação com os sócios”.
Na formação, Rodrigo Amaro quer reforçar a equipa de coordenação, atualmente atribuída a apenas uma pessoa. São também necessários mais espaços de treino. “O intuito é reunir com a Câmara para encontrar uma solução”, disse o candidato, acrescentando que o protocolo com o Gaeirense será para manter. Rodrigo Amaro quer também ouvir os treinadores da formação para perceber o que pode ser melhorado. Um dos pontos são as mensalidades, que são díspares de escalão para escalão. “Fui recebendo contributos e percebi que essa é uma questão sensível, por isso vamos avaliar uma mudança”, disse.
O que o candidato define como estratégico é aumentar o número de sócios, atualmente cerca de 2700. “É preciso duplicar ou triplicar este número”, concluiu.
Além do movimento Caldas Agora, também o movimento Pelas Caldas, Pelo Caldas, está a envidar esforços para se apresentar a eleições, com José Carlos Gonçalves como candidato a presidente.
O movimento tem a lista e projeto definidos, mas faz depender a apresentação a eleições dos documentos financeiros solicitados à direção cessante, o que até ao início da semana ainda não tinha sucedido.
José Carlos Gonçalves acompanha o clube desde 1984, “foi aí que nasceu a minha paixão pelo Caldas. Já há dois mandatos atrás houve pessoas que se juntaram a mim, no sentido de, conhecendo as ideias que tenho para o Caldas, nos apresentarmos a eleições”, conta. Nessa altura a candidatura não se concretizou, mas surge agora, quando o clube precisa.
José Carlos Gonçalves quer manter o Caldas com o ADN de um clube formador e isso começa em melhorar as condições de treino, mantendo a ideia de fazer crescer a Quinta da Boneca com mais dois campos, um de futebol de 11 e um de 7.
“Temos pessoas muito boas na nossa equipa, cada um na sua área, tanto a nível desportivo, como financeiro e na inovação. Queremos que os sócios sintam que fazem parte, não é só o pagar as cotas e ir ao Campo da Mata, eu quero que as pessoas interajam com o Caldas e vice-versa”, refere.
Para o futebol, manter na Liga 3 é o objetivo, mas terá que haver ajustes orçamentais. “Sabemos todos que o Caldas está a viver acima das possibilidades”, afirma. O candidato acredita que é possível reduzir a folha salarial sem afetar a qualidade da equipa. “É possível ir buscar talento mais barato, incluindo à 2ª Liga”, complementados com jogadores da formação, “que é preciso valorizar”, aponta.
José Carlos Gonçalves defende também que é altura de uma mudança de ciclo no comando técnico, pelo que, se ganhar, José Vala não continuará, “independentemente de ter feito um excelente trabalho”, disse. A sucessão está “70% assegurada e vai trazer exigência e paixão”, garante.
O que o candidato do movimento Pelas Caldas, Pelo Caldas também não quer nesta fase é criar uma SAD que abra o clube a investidores. “Por mais que queiramos fazer a SAD com 51%, iremos estar sempre na mão de outras pessoas”, aponta.
Há ainda um terceiro movimento a trabalhar para ir a eleições, liderado por Carlos Santos e Filipe Silvestre. No entanto, até ao fecho da edição, esse movimento não tinha ainda conseguido reunir o número de elementos necessário para se apresentar, mas mantinha contactos para tentar consegui-lo. ■