Paula Clemente defende parcerias entre artistas e unidades hoteleiras

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Artista, Paula Clemente
Paula Clemente na produção de suas peças de autor, executadas pela técnica da lastra - Natacha Narciso

Paula Clemente, a autora da peça Bem-Estar, despede-se esta semana. A terceira artista convidada para fazer parte da segunda coleccção da Gazeta das Caldas dedicada às termas locais, considera que as Caldas tem condições para ser reconhecida como cidade criativa (Arts e Crafts) em 2020. “A cidade está repleta de história que envolve sobretudo a cerâmica e hoje conta com tão bons ceramistas que se torna numa potencial candidata”, disse. Paula Clemente defende também que se deveriam estabelecer  parcerias entre os autores e as unidades hoteleiras – das Caldas e de Óbidos – que deveriam resultar em exposições e workshops para turistas e que poderiam ser “uma mais valia para ambos”.

Nome: Paula Rebelo Clemente
Idade: 51
Naturalidade: Caldas da Rainha

GAZETA CALDAS: Quando começou a dedicar-se à cerâmica?
PAULA CLEMENTE: Vindo de uma família de ceramistas, desde a infância sempre trabalhei o barro, começando com pequenas rosas até à modelação de figurinhas. Mais tarde frequentei o curso de Modelação Decorativa e Figura Humana no Cencal e me dediquei profissionalmente a esta área.

GC: Quais os materiais cerâmicos com que prefere trabalhar?
PC: Depende um pouco do tipo de trabalho que pretendo executar. Trabalho o barro vermelho, faiança branca e grés para a execução das peças. Quanto à decoração final, utilizo vidrados cerâmicos pela técnica de escorridos.

GC: Que opinião tem da Molda? Que benefícios traz aos ceramistas?
PC: Tenho muito pouco a dizer… No meu caso, trouxe-me benefícios iguais a zero.

GC: Acha que atualmente há uma retoma da cerâmica na região?
PC: Sim, sobretudo graças ao auge do turismo que se vive hoje em Portugal. No meu caso, é bem notório este fenómeno pois vendo os meus trabalhos para lojas em locais turísticos em Lisboa, Porto, Algarve, etc…

GC: O futuro da cerâmica passa pela indústria, pelo trabalho artístico ou pela conjugação de ambos?
PC: Todas as situações são igualmente válidas, há futuro para qualquer uma das hipóteses.

GC: Com que parcerias é que os ceramistas da região podem contar?
PC: Um dos nossos principais parceiros é a Gazeta das Caldas, por toda a divulgação e criação de projetos, como este, que nos dão visibilidade a nível regional. Como sugestão, penso que parcerias, como exposições e workshops, com unidades hoteleiras da região das Caldas da Rainha e Óbidos poderiam ser uma mais valia para ambos.

GC: Acredita que as Caldas tem condições para ser reconhecida como cidade criativa (Arts e Crafts) em 2020?
PC: Claro que sim! As Caldas da Rainha está repleta de história que envolve sobretudo a cerâmica e hoje conta com tão bons ceramistas que se torna num potencial candidato.

GC: Quais são os ceramistas que mais admira?
PC: Sem dúvida o mestre Ferreira da Silva, com quem tive o privilégio de conviver durante o meu curso no Cencal, por toda a sua criatividade e originalidade.
GC: Se não fosse a cerâmica, a que outra arte poderia dedicar-se?
PC: Dificilmente tomaria como rumo outra arte para além da cerâmica. Se tal não fosse de todo possível, porque não a cozinha?
GC: Que livro está a ler?
PC: O meu trabalho não me deixa muito disponível para leitura… No entanto, Saramago afirma-se como um autor que estimo muito, sendo “Memorial do Convento”, “O Homem Duplicado” e “Ensaio sobre a Lucidez” três das minhas obras favoritas.