António – Handmade Story é a nova marca de malas com a assinatura de duas irmãs caldenses

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Ana e Sara Mateus, Irmãs
Ana e Sara Mateus são irmãs, ambas designers, e em Setembro do ano passado lançaram a sua própria marca de malas - Maria Beatriz Raposo

Ana e Sara Mateus são irmãs. E são caldenses. Em Setembro do ano passado resolveram lançar a António – Handmade Story, uma nova marca de malas que se apresenta como ética e sustentável através de uma colecção intemporal que promete atravessar gerações sem passar de moda.
Este projecto – que tem sido motivo de notícia em vários órgãos nacionais nos últimos meses – é também uma homenagem ao pai António Mateus, que há 36 anos fundou na Ribafria (Benedita) uma empresa de marroquinaria.

António Mateus tem hoje 76 anos e deixou a sua empresa (com o mesmo nome) há cerca de 10. Primeiro foi a filha Ana quem assumiu a gestão, depois a equipa ficou completa com a entrada de Sara, há seis anos. Mais de 95% da facturação da empresa resulta do fabrico de malas e carteiras para outras marcas, maioritariamente estrangeiras. A António Mateus faz desde o desenho do projecto (modelação) à peça final.
“Crescemos aqui porque desde miúdas, enquanto os nossos amigos iam para a praia nas férias de Verão, nós ficávamos a trabalhar. Fazíamos cintos e o meu pai pagava-nos à unidade”, lembra Ana Mateus, de 47 anos.
A ideia de criarem uma linha própria de malas não é de agora, embora a marca só tenha ainda oito meses de vida. “Há anos que tínhamos este sonho, o bichinho esteve sempre cá, até porque sabíamos que ambas tínhamos as competências necessárias para avançar”, afirma Ana Mateus, que fez formação em Design de Moda, no Porto, na mesma altura que estilistas como Nuno Baltazar e Katty Xiomara. Já a irmã Sara, 39 anos, licenciou-se em Design Gráfico na Escola Superior de Artes e Design das Caldas.
Não foi difícil chegar a consensos no processo de desenvolvimento da marca. Já antes as duas irmãs tinham trabalhado juntas noutros projectos e sabiam que tinham uma boa comunicação, os mesmos gostos e o mesmo estilo de vida. A única questão que se levantou antes do lançamento da António – Handmade Story foi conceberem uma marca diferente de todas as outras que já existiam no país. “Não queríamos criar uma marca só para ser mais uma… por isso pensámos muito em como podíamos atribuir-lhe valor”, explica Sara Mateus, responsável neste projecto por toda a comunicação. Ana desenha o produto.

MARCA MAIS AMIGA DO AMBIENTE

Uma colecção intemporal. Ética e sustentável. Foi assim que as irmãs idealizaram a António – Handmade Story que adopta o nome do pai numa homenagem ao seu trabalho. Aliás, muitos dos modelos foram mesmo inspirados numa linha que António Mateus desenvolveu no passado com peles naturais que não eram tratadas com químicos. Também as malas e carteiras da nova marca têm um tratamento 100% vegetal, feito apenas à base de água e plantas. Mais: a colecção inclui peças com pele ao natural, precisamente com o objectivo de reforçar a passagem do tempo, uma vez que nesta cor (de origem) a pele escurece quando é exposta ao sol.
“Queremos promover o slow fashion por oposição ao fast fashion, ou seja, incentivar os nossos clientes a comprarem artigos que duram uma vida e atravessam gerações, que são mais amigos do ambiente, em vez daquelas peças que se esgotam numa estação, não só porque passam de moda mas também pela sua fraca qualidade”, dizem as designers à Gazeta das Caldas. Já o “ético” aplica-se ao conceito da marca porque uma das políticas da empresa é valorizar o trabalho que é feito pela equipa de 15 artesãs que integra a fábrica. “Queremos as nossas funcionárias felizes, ainda mais numa altura em que é tão difícil encontrar mão-de-obra especializada no sector da marroquinaria”, explicam.
Outro detalhe que acrescenta valor à António – Handmade Story é que cada mala é feita à mão num processo artesanal em que as máquinas servem apenas de auxílio ao trabalho. Prova disso é que até a designação de cada modelo (as irmãs quiseram chamar a cada peça o nome de um familiar) é escrita à mão no interior das malas e carteiras. A peça mais complexa leva cinco horas até estar concluída e a mais simples fica pronta em duas horas.
Além da coleção timeless edition – que é intemporal e na qual as designers pensam incluir novos artigos com o passar do tempo – existe ainda a special edition. Esta última coleção é uma edição especial que Ana e Sara pensam lançar todos os anos e que teve a sua primeira versão com salpicos de tinta: “aos mesmos modelos da coleção intemporal aplicámos três variantes de cor precisamente para reforçar a ideia que cada modelo é único, uma vez que os salpicos são feitos no momento, por isso o resultado nunca é igual”.
DESIGN MINIMALISTA

A colecção da António – Handmade Story inclui 10 malas e sete carteiras, entre os 70 e os 820 euros, e distingue-se pelo seu design nórdico com traços minimalistas. Estes acessórios foram pensados para serem usados em qualquer ocasião – no dia-a-dia urbano ou numa festa – e são adaptados a diferentes estilos – do mais irreverente ao clássico. “São peças que não comprometem um look, que fazem a diferença sem chocar o olhar”, afirma Ana Mateus, salientando que quase todas as malas podem ser utilizadas de várias maneiras (ao tiracolo, à cintura ou na mão, por exemplo). Há ainda um modelo unissexo e dois masculinos, mas que facilmente se adaptam a um look feminino.
Actualmente, as peças da António estão à venda no Porto e em Lisboa (na loja The Fetting Room) e em diversas plataformas online (em Portugal e na Suiça, em breve também na Finlândia e na Bélgica). Podem ser adquiridas no próprio site da marca www.antonio-handmadestory.com/.
Em menos de um ano, a António – Handmade Story já foi motivo de notícia nas revistas Vogue, Time Out, Attitude, Damn Magazine, Portuguese Soul, no Jornal T e no programa What’s Up – Olhar a Moda da RTP2. Prepara-se em breve para ser falada no Público e no Imagens de Marca (SIC Notícias). “Parece que a marca já tem vida própria e o mais curioso é que não temos nenhum departamento de comunicação que faz a sua divulgação, são os jornalistas que têm vindo à nossa procura, o que também nos dá confiança no nosso trabalho”, referem as caldenses, que pretendem vender as suas peças principalmente nos países nórdicos, onde acreditam que existe maior consciencialização pelos produtos sustentáveis.