Ceramistas Criam peças exclusivas para habitações

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Painéis decorativos e peças são encomendadas a ceramistas e passam a valorizar as casas

Vários ceramistas da região têm executado obras para o exterior e interior de habitações particulares. Isabel Claro, ceramista mais conhecida por Bolota, conta que esta é uma área que está em crescimento. “É preciso chegar ao que as pessoas gostam e por isso tem que haver entrega da nossa parte para que os clientes se sintam bem com o que estão comprar”, explicou a autora, que se formou no primeiro curso de olaria do Cencal. Bolota valoriza a colaboração dos clientes nas fases de criação da peça, que sai do atelier diretamente para as suas casas. Para a autora são verdadeiros desafios que aliam “o que a pessoa pede com a nossa expressão artística própria”.

A caldense já fez vários painéis de exterior e “é preciso que quem mora naquele contexto se identifique com a peça”. Bolota também cria peças utilitárias como, por exemplo, lavatórios, feitos em grés de forma a assegurar a durabilidade e que “podem transformar por completo uma casa de banho”.
Os últimos clientes que lhe pediram uma destas peças utilitárias, quiseram também um novo painel para a cozinha da habitação. Também foi contactada para realizar uma peça especial, uma queijeira que teve em conta o escorrer da água do queijo fresco e que causou furor no Instagram da autora, com os seus seguidores a tentar adivinhar para que servia aquele exemplar cerâmico.
“Fazemos peças encomendadas pelas pessoas e estas que acabam por inspirar novas obras”, disse a autora. Um dos maiores painéis que já executou tinha nove metros de comprimento e tinha por tema as pedras da calçada, com diferentes formas e tamanhos. “Esse trabalho que ladeia atualmente uma piscina, originou outros”, disse a ceramista que desenvolve intervenções em parceria com arquitetos e com arquitetos de interiores.
A artista está agora a trabalhar em painéis cerâmicos brancos onde se salientam as diferentes texturas.

ANA E BETÂNIA TAMBÉM NAS HABITAÇÕES. A dupla de ceramistas Ana e Betânia – que têm o seu atelier de trabalho no Bairro da Ponte – também se dedicam aos trabalhos de autor na decoração interior e exterior das habitações.
“Até ao momento, as nossas peças estão expostas e incluídas em coleções individuais, pelo que pertencem a espaços habitacionais privados, fazendo parte da sua decoração e ambiente interior ou exterior”, disseram as artistas plásticas que se formaram nas Belas Artes de Lisboa e que escolheram vir trabalhar para as Caldas.
A dupla aprecia trabalhar para a decoração de habitações, pois “desta forma sentimos que a nossa arte tem um lugar definido e isso, apesar de poder parecer uma condicionante, é algo muito importante”.
As autoras têm produzido grandes painéis ou peças tridimensionais onde a expressão artística da dupla está bem vincada. Nas suas peças há marcas de erotismo e também de feminismo. Nas suas obras, que incluem uma vertente irónica, marcam igualmente presença alguns animais como, por exemplo, os gatos.
Para Ana e Betânia, “a arte precisa de um lugar, interior ou exterior, físico ou emocional, e o estarmos a trabalhar para um determinado espaço preenche essa necessidade”. É por isso que vão continuar abertas a este tipo de projetos, feitos por encomenda.
Ana Papoila e Betânia – que têm marcado presença na Bienal de Aveiro – estão com vários projetos em mãos e sentem que a atividade cerâmica está a evoluir em diversas áreas. Neste momento a dupla começou a trabalhar com uma galeria de arte contemporânea fora de Portugal, em Madrid. “Além de uma exposição para novembro, vamos marcar presença nas feiras de arte contemporânea em Basel (Suíça) e em Madrid”, contaram as autoras que estão a apostar forte no mercado internacional da arte contemporânea.
Outro objetivo das duas autoras “é o de construir uma parceria na cerâmica utilitária industrial, “de forma a adaptar a nossa linguagem a um contexto mais acessível ao público em geral”.

Artistas fazem peças únicas utilitárias e decorativas. Eis algumas propostas

 

 

 

 

ENXUTO NAS CASAS E NA RESTAURAÇÃO. Carlos Enxuto faz, há vários, anos peças utilitárias e decorativas para as habitações. Tanto cria lavatórios e respetivas estruturas, assim como os murais onde as primeiras encaixam.
Também faz peças de iluminação ou seja, cria as estruturas cerâmica para a iluminação de tecto e que, muitas vezes, são complementadas com outras, de mesa, que combinam com as primeiras. São já vários os murais que realizou. O primeiro tinha sete por três metros (em 2000) e destinou-se a ladear uma piscina interior, ao passo que o último, criado em 2019, mede quatro por três metros. “Também se destinou a decorar a zona de piscina, mas desta vez de exterior”, contou o autor que em ambos trabalhou o tema dos Oceanos e os clientes “deram-me liberdade total para os desenvolver”, disse o ceramista Carlos Enxuto que tanto trabalha em grês como em porcelana. “É sempre um desafio interessante criar uma obra com liberdade artística mas que também depende da encomenda”, disse o artista que assinalou 30 anos de carreira em 2019, acrescentando que as obras destinadas às casas implicam “um trabalho mais individual, mais privado e que também pretende valorizar o próprio espaço habitacional”. Este ceramista, desde 2011, que passou a criar peças para a restauração. Trabalha em parceria com proprietários e chefs de cozinha e faz em cerâmica peças de mesa e de apoio. Para alguns espaço fez apenas algumas peças enquanto que para outros desenvolveu todo o set, desde a jarra da mesa à chávena e à colher de café. “Cada peça conta a sua história e geralmente o chefe de cozinha acompanha a execução das peças. Há serviços com 60 peças diferentes”, contou o autor que continua a trabalhar em parceria com restaurantes de Lisboa, do Porto e de Madrid.