Escultores elogiam organização do Simppetra 2012

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Nando Alvarez (Espanha), 37 anos, tentou várias vezes integrar o Simppetra, mas só a quinta tentativa conseguiu

 

Há seis novas esculturas, que se vão juntar ao espólio da Câmara Municipal, que estão a ser finalizadas até ao final de Julho nos jardins do Centro de Artes. Gazeta das Caldas foi conhecer os seis autores da edição de 2012 do Simppetra, que são unânimes em considerar que o simpósio caldense está entre os melhores da Europa e do mundo.

À quinta foi  de vez. O galego Nando Alavarez há muito que concorria ao Simppetra e desta vez conseguiu ver o seu projecto seleccionado. Está a trabalhar um pedaço de mármore, transformando-o numa onda. A sua obra pretende “representar o movimento e a energia da água”, disse à Gazeta das Caldas. De qualquer modo, a peça dará liberdade interpretativa a quem a vê.
Este escultor, de 38 anos, veio de uma localidade galega que fica junto a Vila Nova de Cerveira. Este é o seu 45º simpósio e por isso já possui obras em 20 países, pelos quatro continentes. “Só me falta a Oceânia”, disse.
Entre os escultores residentes, já conhecia alguns com quem já esteve em anteriores workshops por todo o mundo. Este simpósio é para Nando Alavarez “dos melhores da Europa e só não consegue competir com alguns dos que se realizam na China que são apoiados pelo governo e que agora oferecem as melhores condições”.
Conta que o grupo de trabalho “é muito bom” e que “aqui estou entre amigos”. E quanto ao tratamento de que são alvo, diz que não poderia ser melhor pois “estamos todos a aumentar de peso!”.
“Metáfora da Primavera” é como se designará a obra do letão Pauls Jaunzems, que está a ultimar a composição de duas peças, em granito, onde está a trabalhar “o florescer e o início da criação”, temas relacionados com a época primaveril. O escultor, de 60 anos, já esteve em 25 simpósios e diz que o Simppetra é “dos melhores do mundo”. E porquê? “Porque o que determina um bom simpósio é uma boa organização, boas condições técnicas, o encontro com outros escultores e aqui encontramos tudo isso. É realmente um simpósio de topo”. Este artista tem ainda um outro interesse: a música. Pauls Jaunzems é um percussionista profissional e diz que concilia bem as duas artes. Do que mais gostou nas Caldas foi do clima pois na Letónia, “mesmo agora está sempre frio, enquanto que aqui está sempre agradável”.

Thierry Ferreira (Portugal), 42 anos, está a fazer uma escultura que tem por tema A Casa

O escultor Thierry Ferreira, 42 anos, veio de Alcobaça e está a esculpir uma peça em granito que tem como tema A Casa. Este é o seu sétimo simpósio e o seu trabalho, diz, “reflecte também sobre a construção da obra pelo homem em confronto com a natureza”.
Considera que o simpósio é top em termos de organização e salientou que neste eventos “falamos a mesma linguagem”. Destacou igualmente as boas condições técnicas disponibilizadas pois “não nos falta nada e isso é muito importante para quem tem que fazer uma escultura em tão pouco tempo”.
Este ano Thierry Ferreira ainda vai participar num simpósio no Brasil e  outro na Argentina.

Uma escultora entre os seleccionados

Francesca Bernardini (Itália), 38 anos, é a única mulher escultora entre o grupo deste ano. Está a dar corpo a uma peça em calcário “sobre a metamorfose interior que cada um deve fazer para se diferenciar tendo em conta que vivemos numa sociedade que tenta igualar-nos e estereotipar-nos”, disse. A autora considera que o mais importante “é o interior de cada um de nós, o exterior não interessa nada”. Se pudesse escolher, gostaria que a sua peça ficasse exposta num jardim público.

O escultor Pauls Jaunzems (Letónia), 60 anos, é também músico profissional

Segundo a escultora, que já esteve em 12 workshops internacionais, neste simpósio “as condições de trabalho são muito boas e estou muito satisfeita de ter sido aceite”. Razões que a levam a afirmar que o Simpósio Internacional de Escultura em Pedra das Caldas da Rainha “é o melhor na Europa”.
Além do seu trabalho individual de escultura, esta artista trabalha no domínio das artes com crianças e adolescentes portadores de deficiência.
O brasileiro Francisco Maia Pinto, de 46 anos, há muito que tinha vontade de vir a Portugal. E consegui-o graças a uma parceria que as Caldas possui com a cidade de Coronel Xavier Chaves, onde esteve um escultor caldense a participar num evento congénere. Este autor, que veio de Belo Horizonte, está a realizar uma imagem da Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal.
“Está tudo muito bem organizado”, disse este artista, que acha as Caldas uma cidade “muito tranquila”. Mas como chegou a 11 de Julho, ainda não teve muito tempo para visitas. Até agora este autor ainda só tinha participado em workshops no Brasil e diz que gosta muito desta realização caldense.
A trabalhar um bloco de mármore está o iraniano Majid Haghighi. “Estou a trabalhar a forma de um símbolo do Irão que normalmente colocamos em locais sagrados como as igrejas”, disse o escultor, de 30 anos, que está a

O iraniano Majid Haghighi está a fazer uma obra que representa um símbolo sagrado do seu país

trabalhar pela primeira vez em Portugal. Antes já participou em simpósios na Turquia e no Canadá e em Setembro vai estar a esculpir numa realização no seu país.
“Temos óptimas condições de trabalho e de organização e gosto das pessoas que trabalham cá connosco”, disse o escultor, que tem passeado a pé pela cidade, que caracteriza como “sossegada”.

Mais de 200 candidaturas para quatro vagas

O Simppetra está a ser mais concorrido que em anos anteriores. Segundo o director do Centro de Artes, José Antunes, “tivemos no total mais 200 candidaturas aos quatro lugares vagos, já que dois resultam de intercâmbios”, disse o responsável.
Este anos os trabalhos estão a ser realizados em granito, mármore e calcário e os trabalhos têm estado “a evoluir muito bem”, acrescentou.
Os escultores têm visitado a cidade e participado nalguns eventos culturais, entre eles os concertos do Musicaldas. Como a RTP e a TVI já realizaram reportagens sobre o Simppetra, tem havido centenas de pessoas a visitar o Centro de Artes para ver os escultores trabalhar ao vivo. “No início ainda tivemos visitas de algumas escolas”, disse José Antunes.

Francisco Maia Pinto (Brasil) está a esculpir a imagem de Nossa Sra. da Conceição

Em paralelo ao simpósio decorreu um workshop de escultura na primeira quinzena de Julho que foi coordenado pelo escultor caldense, Vítor Reis.
Para dar apoio ao Simppetra, estiveram dois alunos da Escola de Belas Artes do Porto.
Ontem, 26 de Julho, estava previsto um jantar de encerramento do simpósio que contou com a inauguração da exposição “No Feminino – Colecção do Atelier-Museu António Duarte”, integrada nas comemorações do centenário do nascimento daquele escultor. Serão também apresentadas as obras produzidas no workshop coordenado por Vítor Reis.

Natacha Narciso

nnarciso@gazetadascaldas.pt

Fernando Costa promete parque de esculturas para as Caldas se o Estado recuperar Pavilhões do Parque

Se o Ministério da Saúde recuperar os Pavilhões do Parque, então a Câmara das Caldas compromete-se a fazer um parque de esculturas na Mata e no Parque D. Carlos I, disse Fernando Costa à Gazeta das Caldas. Numa reportagem à TVI, exibida a 17 de Julho sobre o Simppetra 2012, o presidente da Câmara afirmou que “vamos fazer um parque de esculturas no Parque e na Mata e é para lá que vão muitas destas obras”. Questionado pela Gazeta das Caldas, o edil afirmou que afinal esta decisão só será tomada quando o Ministério da Saúde, “tiver uma estratégia para a recuperação dos Pavilhões do Parque”. Fernando Costa considera que “se o governo tem dinheiro para adquirir os terrenos do aeroporto de Lisboa, também há-de ter para recuperarmos os Pavilhões”.
O autarca diz que a forma de viabilizar a obra de recuperação dos Pavilhões será através de uma candidatura a fundos comunitários. E se o Estado conseguir forma de ajudar na recuperação dos Pavilhões, então a Câmara ficará com o património do Ministério da Saúde, o que inclui Parque e Mata. Para estes dois espaços “temos um  projecto futuro que é um grande parque de esculturas ao ar livre”. O edil prefere esta solução a uma outra, que implicaria a criação de raiz desse parque.

Uma futura rota para a escultura no concelho

João Antero e Antonino Mendes, escultores ligados ao Simppetra desde a sua criação, estão de acordo com a criação do futuro parque de escultura ao ar livre na mata e no parque. “È uma boa ideia desde colocar obras de escultura de qualidade nos dois espaços, sobretudo as que foram produzidas no simpósio”, disse Antonino Mendes.
Os dois escultores pensam ainda que após a constituição deste parque poderá começar a ser pensada a criação de uma rota que leve os visitantes a conhecer esculturas, não só na cidade, como nas várias freguesias caldense onde já existem algumas peças em espaços públicos.
Para João Antero, é importante que o simpósio continue pois vão escasseado as iniciativas sobre a escultura no país. “É preciso apoiar este género de eventos onde se dá a conhecer esta tecnologia e se promove o contacto entre os autores”, disse.

N.N.